7 ações para estruturar o Setembro Amarelo nas empresas
1 de setembro de 2023
Tempo de leitura: 12 minutosO Setembro Amarelo nas empresas é uma maneira de combater o suicídio atuando na identificação precoce de pessoas afetadas por transtornos mentais e ideação suicida. Essa é, inclusive, uma das 4 estratégias defendidas pela ONU no guia que produziu com o objetivo de reduzir as taxas de suicídio em um terço até 2030.
Essa missão é especialmente importante para os países americanos, tendo em vista que o problema está diminuindo na maior parte do mundo, menos neste continente. Aqui, os casos aumentaram 17% entre 2000 e 2019.
Neste texto, você vai entender qual o papel das corporações nesse quadro e como podem contribuir para mudá-lo.
Como surgiu o Setembro Amarelo?
No Brasil, a campanha Setembro Amarelo começou em 2014 por iniciativa da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e do Conselho Federal de Medicina (CFM) com apoio do Centro de Valorização da Vida (CVV). Desde então, diversos setores da sociedade atuam com o objetivo de dar visibilidade à causa.
A escolha do mês e da cor da campanha tem origem em acontecimentos ocorridos fora do Brasil. O Setembro Amarelo faz referência à história de Mike Emme, que cometeu suicídio aos 17 anos de idade no dia 10 de setembro de 1994, nos Estados Unidos.
O jovem tinha um carro amarelo e, no dia do seu velório, os pais e amigos distribuíram cartões com fitas amarelas como forma de alertar as pessoas sobre a importância de tratar transtornos mentais.
O objetivo da campanha Setembro Amarelo é conscientizar a população sobre o tema, pois a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que em mais de 90% dos casos existe prevenção.
Qual a importância de trazer o debate sobre o Setembro Amarelo para o ambiente corporativo?
Salvar vidas é o principal motivo de todos, incluindo as organizações, se engajarem na campanha Setembro Amarelo. Mas, com o aumento das doenças ocupacionais de origem psicoemocional nos últimos anos, a responsabilidade das empresas na prevenção e no combate aos transtornos mentais (um dos maiores fatores de risco para o suicídio) tem sido cada vez maior.
Com isso, o Setembro Amarelo nas empresas tem ganhado força com ações variadas realizadas pelos departamentos de RH de gestão da saúde corporativa.
Em 2017, a ABP e o CFM criaram as diretrizes para participação e divulgação do Setembro Amarelo. O documento contém informações importantes para pessoas físicas e empresas se engajarem na campanha de maneira eficiente.
No site oficial da campanha, também há diversas cartilhas e materiais de apoio para divulgação com informações seguras para pessoas que precisam de ajuda e para quem quer ajudar, seja pessoa física ou jurídica.
Depressão e ideação suicida
De acordo com a cartilha Suicídio – Informando para prevenir, 96,8% de todos os casos de suicídio estão relacionados a transtornos mentais, principalmente não diagnosticados ou tratados incorretamente.
Acredita-se que a maior parte dos casos de suicídio poderia ter sido evitada caso as vítimas tivessem acesso a tratamento psiquiátrico e informações de qualidade.
Dentre os transtornos mentais, a depressão é um dos mais prevalentes e leva muitas pessoas à ideação suicida e à tentativa de suicídio. Por isso é tão importante divulgar informações sobre as características dessa doença e as formas de tratamento disponíveis.
Nesse ponto, as empresas podem desempenhar um papel importante, pois o sofrimento psíquico causado pela depressão afeta diretamente o desempenho e o relacionamento dos colaboradores, sendo possível identificar precocemente alguns casos quando existe esse cuidado com a sua saúde mental na empresa.
Como abordar o Setembro Amarelo nas empresas?
Como já dissemos, um dos principais fatores de risco para o suicídio são os transtornos mentais. Atuar na prevenção, na diminuição do tabu e no suporte para o tratamento adequado são maneiras de realizar o Setembro Amarelo nas empresas.
Nesse sentido, um dos aspectos mais importantes está relacionado à comunicação. Os tabus e mitos que envolvem tanto o suicídio quanto os transtornos mentais apenas dificultam o acesso às soluções possíveis.
Portanto, é fundamental investir em uma comunicação objetiva, que traga informações seguras sobre sinais e sintomas, canais de suporte, práticas de segurança, formas de oferecer ajuda e muito mais.
Essa comunicação deve alcançar toda a empresa, mas é recomendável que lideranças, gestores de RH e de saúde corporativa estejam ainda mais preparados. É preciso estar pronto para lidar com o assunto diretamente, criando um protocolo de atuação para prevenir e também para encaminhar os casos que possam surgir na empresa.
São também as lideranças um dos principais agentes de construção de um clima organizacional saudável, promovendo ações efetivas de segurança psicológica para os colaboradores.
Isso inclui o respeito e a promoção à diversidade e inclusão, a abertura para o diálogo entre todas as pessoas, o incentivo e o apoio às práticas de autocuidado, a quebra de estigmas relacionados aos tratamentos psicológicos e o incentivo às relações baseadas no não julgamento e na cooperação.
Veja a seguir alguns aspectos para dedicar atenção quando o assunto é prevenção ao suicídio.
Como identificar fatores de risco nos colaboradores?
Identificar fatores de risco de maneira precoce é o que pode salvar vidas e, por isso, é um conhecimento que precisa ser difundido entre todos os colaboradores.
Todos podem desempenhar um papel importante nesse ponto, mas sabemos que a responsabilidade maior é de quem atua na gestão de pessoas, como os profissionais de RH e as lideranças de maneira geral. Portanto, é recomendável realizar treinamentos mais aprofundados para esse grupo.
Mas todos os colaboradores precisam ao menos conhecer os fatores de risco para o suicídio e saber identificá-los em seus colegas.
Histórico de saúde mental
Como já dissemos, praticamente todas as pessoas que cometeram suicídio apresentavam pelos menos um transtormo de saúde mental. Esse é considerado um dos principais fatores de risco.
O primeiro é a tentativa prévia. Segundo o informativo Fatores de risco e sinais de alerta, produzido pela ABP e pelo CFM, uma pessoa que já tentou cometer suicídio está de 5 a 6 vezes mais propensa a tentar novamente. Portanto deve-se atentar para o histórico psicoemocional de cada indivíduo.
Presença de “sinais” suicidas
Muitas pessoas que comentem suicídio apresentam antes ideação suicida. São comentários e falas que demonstram desespero, desesperança, desamparo.
O informativo da ABP e do CFM alerta para expressões que merecem atenção: “eu queria não ter nascido”, “eu preferia estar morto/a”, “caso não nos vejamos de novo…” .
Também podem ser considerados “sinais” suicidas comportamentos inusitados como despedidas incomuns, grande acúmulo de remédios, doações de posses importantes, realização de testamentos.
Variações de humor
Mudanças de humor significativas podem indicar a ocorrência de transtornos mentais.
De maneira geral, todo sofrimento psíquico deve receber atenção em algum nível. Mas muitas pessoas têm maior dificuldade em olhar para suas questões de saúde mental e relutam mais tempo em pedir ajuda.
Colaboradores mais próximos, líderes e gestores devem ficar atentos a mudanças de humor intensas e sem explicação de colegas, oferecer suporte e escuta ativa. Além de, sobretudo, oferecer ajuda psicológica.
Isolamento
Esse pode ser outro sinal importante de sofrimento psíquico.
Em ambientes saudáveis, mesmo pessoas menos comunicativas se sentem mais encorajadas a se engajar e participar. Portanto, se o ambiente é favorável à comunicação e mesmo assim alguém decide se isolar, é preciso ficar atento.
Recusa a se alimentar ou tomar remédios
A falta de autocuidado físico é outro possível indicativo de transtorno mental como depressão. Portanto, o relato desses sinais não deve ser ignorado por colegas, líderes e gestores de pessoas.
Queda no rendimento no trabalho
Os transtornos mentais costumam afetar diretamente o rendimento dos colaboradores. Portanto, podem ser sinais de alerta, erros recorrentes, descumprimento de prazos, queda na produtividade, entre outros.
Novamente, isso é mais facilmente percebido pelos líderes ou colegas próximos. Por isso a conscientização sobre o tema é tão importante. A ideia é que todos estejam atentos aos sinais deixados por quem está ao seu lado.
7 ações para o Setembro Amarelo nas empresas
A ideia do Setembro Amarelo nas empresas é conscientizar colaboradoras e instrumentalizar lideranças, gestores de saúde e profissionais de RH com práticas seguras sobre o assunto.
É fundamental avisar, através de eventos sobre o tema ou comunicação escrita, que todas as pessoas podem contar com o apoio de agentes externos como o CVV.
A central telefônica (188) funciona 24 horas e sem custo. Mas também é possível acessar o serviço pelo site www.cvv.org.br, chat ou e-mail.
Também é possível entrar em contato pessoalmente por meio de um dos 120 postos de atendimento do CVV espalhados pelo Brasil.
É importante também ressaltar que suicídio e tentativa de suicídio é uma emergência médica e, portante, é possível ligar para o SAMU (192).
Mas, ainda mais importante, é pensar numa forma mais robusta de trabalhar este tema. Ter uma empresa parceira que seja especialista em saúde mental e possa orientar os líderes de RH ou gestão organizacional da sua equipe pode ser fundamental para uma abordagem mais eficaz!
Agora veja algumas possibilidades de ações do Setembro Amarelo nas empresas:
1. Eventos para sensibilização e conscientização
Trazer informações, conhecimentos e apoio seguros deve ser o principal pilar das ações do Setembro Amarelo nas empresas.
A Vittude possui rodas de conversas, palestras e outras ações específicas para o mês de prevenção e combate ao suicídio realizadas de maneira online ou presencial.
2. Melhorar o clima organizacional
Já falamos do papel das lideranças na construção de um clima organizacional saudável, pois sabemos o quanto ambientes tóxicos podem afetar a saúde mental das pessoas. Como passamos a maior parte do tempo trabalhando, é fundamental que este seja um espaço de segurança.
Além de trazer informações, melhorar o clima organizacional é outra maneira importante de as empresas se engajarem no Setembro Amarelo.
3. Respeitar as jornadas de trabalho
Um ambiente de trabalho tóxico que prega uma cultura workaholic é, sem dúvida, fonte de adoecimento. Respeitar o horário dos funcionários, bem como o escopo de trabalho de sua função, é o mínimo que as empresas devem fazer para contribuir para a saúde mental deles.
4. Falar sobre saúde mental o ano todo
O Setembro Amarelo nas empresas é um grande momento para fortalecer uma cultura de valorização da vida e combate ao suicídio, bem como diculgar os principais fatores de risco.
Mas não adianta fazer uma bela campanha neste mês e esquecer do assunto no restante do ano.
Além disso, as ações preventivas recomendadas para a construção de ambientes de trabalho saudáveis são bem-vindas o ano inteiro, aliás, devem ser a norma nas instituições.
5. Oferecer apoio e suporte
Ter profissionais e lideranças capacitadas para oferecer apoio e suporte é imprescindível, tanto na prevenção quanto no encaminhamentos de questões de saúde mental ou até casos de suicídio ou tentativa.
O trabalho é para que não haja qualquer caso, mas se ocorrer, é preciso oferecer ou recomendar que busquem apoio psicológico à equipe da vítima, às lideranças diretas e aos familiares.
6. Informar sobre o que NÃO fazer
Há verdadeiros mitos sobre transtornos mentais e suicídio que precisam ser combatidos. Eles entram na lista do que NÃO fazer.
Veja alguns:
- Ignorar pessoas que falam que irão se matar por acreditar que “quem se mata não avisa”;
- Não falar sobre suicídio, por acreditar que tocar no assunto é uma forma de incentivá-lo;
- Achar que apenas pessoas deprimidas cometem suicídio;
- Acreditar que uma melhora após uma crise significa o fim do risco de suicídio por completo;
- Não diminuir os riscos de suicídio isolando ambientes e ferramentas perigosas por acreditar que “quem quer se matar, dá um jeito”.
Essas são algumas atitudes para NÃO tomar caso esteja diante ou conviva com pessoas com risco de cometer suicídio. Muitas delas podem agravar ainda mais o quadro e indiretamente colocar uma pessoa com a saúde mental fragilizada em risco de vida.
Para que isso não aconteça, é fundamental contar com psicólogos ou psiquiatras especialistas no tema.
7. Investir num programa de saúde mental
Quando falamos em prevenir suicídio, estamos falando de uma ação complexa, pois envolve a atuação em várias frentes. Às empresas, cabe desde a promoção de condições de trabalho seguras até a oferta de apoio especializado.
Como nessa questão o principal é a prevenção, criar um programa de saúde mental que atue nos pontos de maior vulnerabilidade da empresa é uma solução bastante estratégica.
A ideia é mapear setores, comportamentos e aspectos da natureza do trabalho que mais contribuem para a insegurança psicológica dos colaboradores e, em seguida, construir um programa de saúde mental que possa tratar essas questões.
A Vittude é a única organização especialista em saúde mental corporativa do mercado e, além de rodas de conversas, palestras e ações específicas para o Setembro Amarelos nas empresas, também atua na construção de programas de saúde mental.
Consulte um de nossos especialistas e construa o melhor conjunto de ações para a sua empresa!