Autismo no mercado de trabalho: como criar um ambiente inclusivo?

O dia 02/04 é conhecido como o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, uma data que nos lembra sobre a importância de parar e refletir sobre preconceito, inclusão e também sobre o autismo no mercado de trabalho. Afinal, por que pessoas com esse transtorno ainda sofrem intensa exclusão no âmbito profissional?

Uma pesquisa realizada nos EUA pela Autism Speaps, organização focada em promover soluções para pessoas com autismo, revelou que 85% dos indivíduos com espectro autista estão fora do mercado de trabalho. No Brasil, por sua vez, os dados ainda não são claros, pois até meados de 2018 o Censo do IBGE não incluía perguntas relacionadas ao autismo em questões sobre pessoas com deficiência.

Por mais que não tenhamos clareza sobre os dados no Brasil, com certeza ainda há muito a ser feito para a inclusão. Em uma sociedade em que tanto se fala sobre diversidade e aceitação, está mais do que na hora das empresas repensarem como estão lidando com a questão do autismo.

É sobre isso que você vai ler neste artigo: autismo no mercado de trabalho. Trouxemos informações essenciais sobre o assunto e sugestões de estratégias para tornar o ambiente corporativo mais inclusivo. Confira!

O que é o autismo?

Antes de nos aprofundarmos na questão do autismo no mercado de trabalho, é de extrema importância deixar claro o que é o autismo. Muita gente tem ideias equivocadas sobre o transtorno e a luta contra o preconceito começa com informações corretas, não é mesmo?

O autismo tem um nome técnico oficial, que é Transtorno de Espectro de Autismo (TEA). Trata-se de uma condição em que a pessoa pode apresentar, em vários níveis de intensidade, um déficit na comunicação social ou interação social (na linguagem verbal ou não verbal e na reciprocidade socioemocional), além de padrões restritos e repetitivos no comportamento (movimentos contínuos, interesse restrito e hipo ou hipersensibilidade a determinados estímulos sensoriais).

É comum o diagnóstico acontecer em crianças ou até mesmo bebês, mas há pessoas que passam a vida toda (ou boa parte dela) sem saber que são autistas devido a ausência de diagnóstico. Além disso, o transtorno é uma condição permanente, ou seja, não há cura.

Quais são as causas do autismo?

A ciência já consegue explicar as causas do autismo, sendo a principal a predisposição genética. Além disso, há outras evidências relacionadas a fatores ambientais que podem impactar o feto, como estresse, exposição a substâncias tóxicas, infecções, complicações durante a gravidez, entre outros.

Quais são os principais sintomas do autismo?

É interessante ressaltar que alguns sinais do transtorno podem surgir a partir de um ano e meio de idade ou antes, se for um quadro mais grave. Quanto antes o indivíduo for diagnosticado, melhor, pois assim já começam as intervenções que visam promover maior qualidade de vida para a pessoa.

Confira, em seguida, alguns dos principais sintomas são:

  • Não atender quando chamado pelo seu nome;
  • Não conseguir manter contato visual por mais de 2 segundos;
  • Isolamento ou desinteresse por outras crianças;
  • Fazer movimentos repetitivos sem razões aparentes;
  • Não falar ou não fazer gestos para mostrar alguma coisa;
  • Não compartilhar a sua atenção e interesses;
  • Ter interesse por um único assunto;
  • Hipersensibilidade;
  • Riso inapropriado;
  • Dificuldade para se concentrar em uma tarefa e terminá-la;
  • Ficar muito preso às rotinas a ponto de entrar em uma crise.

Qual é o tratamento para o autismo?

Como já vimos, o autismo é uma condição permanente, ou seja, não tem cura. Isso não significa que a pessoa não possa se tratar para melhorar e ter mais qualidade de vida e bem-estar.

Existem diversos tratamentos complementares, que incluem fonoaudiologia, nutrição, terapia ocupacional, psicologia e educação adequada e especializada. Tudo isso tem um impacto significativo na vida da pessoa que sofre com o transtorno.

Como incluir pessoas com autismo no mercado de trabalho e criar um ambiente inclusivo?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que existam por volta de 70 milhões de pessoas autistas no mundo todo. O Brasil, por sua vez, conta com por volta de 2 milhões de indivíduos com o Transtorno do Espectro Autista.

Nunca falamos tanto sobre inclusão no meio corporativo como agora, mas falar sobre o autismo no mercado de trabalho ainda pode ser um tabu. A falta de informação sobre o transtorno cria um preconceito que faz muitas pessoas acreditarem que um autista não potencial e qualidades.

Mesmo assim, alguns avanços têm sido feitos. No Brasil, por exemplo a Lei Berenice Piana incluiu o autismo dentro do rol de outras deficiências. Dessa forma, o autista garante a sua inclusão no mercado de trabalho dentro da participação mínima para portadores de qualquer deficiência.

A desinformação e despreparo das empresas para receber pessoas com esse transtorno ainda são os maiores inimigos do autismo no mercado de trabalho. Para mudar essa realidade, é preciso mudar a forma de pensar e agir dentro das organizações. Confira, em seguida, algumas ações que podem ser implementadas para tornar o dia a dia mais inclusivo.

Treinar adequadamente as lideranças

Uma equipe que conta com um profissional autista precisa estar preparada para recebê-lo. Para isso, é essencial treinar as lideranças para que entendam as peculiaridades do transtorno e as características específicas da pessoa.

Além disso, esses líderes devem preparar o time para receber o novo profissional e podem fazer isso compartilhando informações importantes sobre a condição de alguém quem tem o TEA. É essencial também incentivar o respeito e deixar claro que falas e atitudes preconceituosas não serão toleradas.

Por fim, o líder também deve estar atento em relação às singularidades do autismo da pessoa para, assim, entender quais tipos de atividades são mais adequadas para ela. Alguns exemplos de aptidões comuns entre indivíduos com TEA são:

  • Habilidades relacionadas a questões lógicas e matemáticas;
  • Disposição para atividades repetitivas e metódicas, que consistem na manutenção de uma rotina;
  • Atividades com regras e padrões bem definidos;
  • Ótima memória visual e de longo prazo.

Incluir o tema nos comitês de diversidade

Outras questões relacionadas à inclusão já são debatidas nas empresas, como questões de gênero e raça. Em muitas organizações existem até comitês de diversidade que analisam e propõem melhorias nos processos da empresa em prol da diversidade.

Então por que não incluir o autismo nesses comitês? É importantíssimo olhar o que a empresa tem feito (ou deixado de fazer) em relação à inclusão das pessoas com esse tipo de transtorno. A partir do momento em que o assunto começar a ser discutido naturalmente, novas ações focadas na inclusão irão surgir e tornar o ambiente ainda mais diverso.

Criar eventos educativos

Quando estamos falando sobre diversidade e aprender a “lidar com o diferente”, é muito importante conscientizar e informar as pessoas. Por isso, vale a pena considerar a realização de eventos educativos na sua empresa que visem colocar todos os colaboradores na mesma página em relação ao autismo no mercado de trabalho.

Uma maneira interessante de se fazer isso é convidando palestrantes autistas para contarem sobre suas experiências profissionais e sobre como é importante eliminar o tabu sobre o assunto.

Estruturar um RH com olhar para diversidade

O RH é responsável pela atração e retenção de talentos, não é mesmo? Bom, por isso é essencial que estes profissionais tenham um olhar voltado para a diversidade no recrutamento e isso inclui pessoas com deficiência.

Quando a área de recursos humanos deixa de ser puramente mecânica e burocrática, passa a entender melhor a realidade da empresa e como pode contribuir positivamente para o crescimento de todos naquele ambiente.

Se o RH tiver clareza sobre as áreas que podem se beneficiar de um profissional autista e fizer processos de recrutamento que visam atrair essas pessoas, então estará contribuindo para uma organização mais inclusiva e diversa.

Empresas do ramo de tecnologia, por exemplo, costumam contratar pessoas com autismo além da cota mínima, pois tais indivíduos têm características importantes e vantajosas para esse segmento. Algumas delas são as características lógicas, matemáticas e artísticas.

Oferecer a psicoterapia como benefício corporativo

A psicoterapia pode ser uma grande aliada para os profissionais autistas da sua empresa e para os demais colaboradores que precisam aprender a lidar com as diferenças.

Ao oferecer esse tipo de suporte aos funcionários, você está garantindo um acompanhamento profissional especializado que será capaz de ajudar todos naquele ambiente a lidarem melhor com as inseguranças, diferenças e preconceitos. Dessa forma, cria-se um ambiente mais saudável e inclusivo.

Nesse caso, conte com o Vittude Corporate para oferecer a psicoterapia aos colaboradores. Trata-se de um benefício corporativo que ajuda empresas a cuidarem de forma preventiva da saúde mental de seu time.

Por meio de um​ investimento fixo mensal, por colaborador, sua empresa oferece um subsídio parcial ou integral para sessões de psicoterapia com psicólogos da nossa base. Incrível, né?

Quais são os benefícios de ter autistas na sua empresa?

Todo ser humano tem as suas limitações. Pessoas que não são muito boas em exatas, por exemplo, provavelmente não se dariam tão bem na área financeira. Isso não significa que não seja possível ultrapassar tais limitações e que essas pessoas não sejam boas para trabalhar em outras áreas.

Os autistas, por sua vez, também têm as suas limitações. Por isso, é tão importante entender as características do transtorno e analisar em quais funções e áreas esses profissionais podem se beneficiar mais e contribuir positivamente para a empresa.

Enquanto muita gente detesta trabalhar com rotinas metódicas e repetitivas, quem tem TEA acaba tendo mais desenvoltura para esse tipo de trabalho. Também costumam ser pessoas com memória de longo prazo e visual, que são habilidades muito procuradas pelas empresas em determinados setores.

Além disso, profissionais autistas não seguem padrões comportamentais e, por isso, podem ter um pensamento “fora da caixa” em diversas situações. A contratação de um autista pode, portanto, ser interessante para promover a inovação.

SAP: um exemplo de empresa que está no caminho certo

A multinacional que desenvolve softwares, SAP, conta com um programa de contratação chamado “Autism at Work”, no qual além da contratação de autistas para determinadas áreas, são realizados eventos educativos para orientar os demais colaboradores. O programa visa que o quadro de funcionários da empresa com autistas seja de 1% entre um total de 77 mil colaboradores no mundo todo.

Diversidade é o presente e o futuro

A diversidade é um assunto muito em alta hoje em dia. Cada vez mais vemos discussões e ações em prol da inclusão no dia a dia de trabalho, o que é ótimo.

A mensagem que nós, da Vittude, queremos deixar aqui é que não se esqueçam de que a diversidade é muito ampla e o autismo não pode ser deixado de lado. Pessoas com TEA têm as suas limitações, como qualquer outro indivíduo, mas também têm as suas qualidades e um enorme desejo de viver e trabalhar.

Por isso, o autismo no mercado de trabalho precisa ser discutido e você pode contar com a Vittude para fazer parte dessa mudança na sua empresa. Vamos juntos?

Bruna Cosenza

Escritora, produtora de conteúdo freelancer e LinkedIn Top Voice 2019. Autora de "Sentimentos em comum" e "Lola & Benjamin", escreve para inspirar as pessoas a tornarem seus sonhos reais para que tenham uma vida mais significativa.

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