Comunicação Não Violenta: Entenda sua relevância no trabalho
22 de setembro de 2021
Tempo de leitura: 10 minutosUma empresa é composta por pessoas. E pessoas precisam se relacionar e se comunicar. Para isso, o ideal seria que a comunicação não violenta estivesse presente no dia a dia das organizações, pois ela visa a conciliação e o fortalecimento dos laços.
Na rotina de trabalho, é normal que os conflitos apareçam e os colaboradores precisam estar preparados para lidar com desavenças, opiniões divergentes e várias formas de ser e pensar. Existem diversas formas de encarar essas situações delicadas e é aí que entra a comunicação não violenta.
Neste artigo, você poderá aprender mais sobre este conceito se entender a sua importância para um ambiente de trabalho muito mais saudável e produtivo. Continue a leitura para conferir tudo!
O que é comunicação não violenta?
O termo comunicação não violenta, ou CNV, foi criado pelo psicólogo Marshall Rosenberg, nos anos 1960. Naquela época, o contexto ainda era de segregação racial nos Estados Unidos e ele atuava como orientador educacional em instituições de ensino que estavam eliminando essa divisão. Para melhorar a convivência e integração entre brancos e negros, era importante ter uma postura pacífica e, diante deste desafio, Rosenberg desenvolveu o método da CNV.
A comunicação não violenta é uma abordagem da comunicação relacionada à capacidade de ouvir o outro sem julgar, portanto, o foco é o desenvolvimento da empatia e da escuta ativa. Dessa forma, cada pessoa pode se colocar no lugar do outro e entender melhor as suas necessidades, dores e comportamentos.
De acordo com Rosenberg, a comunicação não violenta contribui para que a comunicação deixe de ser automática e repetitiva e passe a ser mais consciente e baseada nas percepções do momento. Assim, as interações sociais acontecem com mais respeito e atenção.
Quais são os componentes da comunicação não violenta?
Marshall Rosenberg aponta que para que a CNV aconteça, as pessoas devem focar em quatro componentes. Conheça um pouco mais sobre cada um deles:
Observação
Observar diz respeito a prestar atenção no que está acontecendo em uma determinada situação. O ponto aqui é focar na mensagem que está sendo recebida (falas ou ações) sem fazer julgamentos, apenas tentando compreender o que você gosta ou não gosta em relação ao que está acontecendo.
Sentimento
A partir da observação vem o entendimento sobre quais sentimentos aquela situação gera em você. Nesse momento, Rosenberg aponta que é importante nomear tais sentimentos, como raiva, medo, alegria etc. Além disso, a vulnerabilidade não deve ser evitada quando estamos falando sobre resolução de conflitos e comunicação.
Necessidades
Quando os sentimentos já foram compreendidos, a pessoa deve passar ao reconhecimento das necessidades que estão conectadas ao que se sente. Isso porque quando expressamos o que necessitamos, as chances de sermos atendidos são maiores.
Pedido
Por fim, chegamos ao pedido, ou seja, a uma solicitação. Aqui, estamos nos referindo a deixar claro o que você deseja da outra pessoa. Para isso, é interessante utilizar uma linguagem positiva e evitar ambiguidades.
Ações que alimentam uma comunicação violenta
Segundo Rosenberg, existem algumas ações que não contribuem para a comunicação não violenta. Entre elas, podemos citar as seguintes:
- fazer comparações que inferiorizem ou julguem os outros ou a nós mesmos;
- generalizar uma situação a partir de algo específico ou pontual;
- comunicar desejos e vontades como se fossem uma exigência e ressaltando punições caso não sejam atendidos;
- realizar julgamentos moralizantes que afirmam que quem pensa diferente de nós é equivocado ou uma pessoa má;
- terceirizar responsabilidades e sentimentos, se colocando na posição de vítima;
- utilizar palavras como “sempre”, “nunca”, “jamais” como verdades absolutas.
Qual é a importância da comunicação não violenta no trabalho?
A comunicação não violenta tem diversas finalidades importantes tanto na vida pessoal como profissional. No ambiente de trabalho, todos saem ganhando por meio de uma comunicação mais empática, pacífica e pautada pela escuta ativa.
Entre os seus principais benefícios, podemos citar:
Resolução pacífica de conflitos
Os conflitos continuarão acontecendo, afinal, os relacionamentos humanos são permeados por modos de ser e agir que divergem entre si. O ponto aqui é como tais desavenças serão trabalhadas e solucionadas.
A comunicação não violenta contribui para uma resolução muito mais pacífica, ou seja, com menos agressões e insultos. Isso porque se trata de ser capaz de se colocar no lugar do outro, ter mais respeito e prestar atenção nas circunstâncias do momento.
No ambiente de trabalho isso é importante, pois quando os conflitos se tornam muito agressivos, o clima organizacional pode sofrer bastante.
Ambiente muito mais saudável e acolhedor
Fica claro, portanto, que outro benefício da CNV é o cultivo de um ambiente corporativo muito mais acolhedor e saudável. Quando as pessoas são capazes de lidar com os conflitos de maneira mais empática e pacífica, consequentemente o dia a dia de trabalho também se torna mais leve e agradável.
Abertura ao diálogo
O conceito de comunicação não violenta abre espaço para muito mais diálogo nos relacionamentos. Muitas vezes, uma postura agressiva e impositiva impede que haja uma conversa de igual para igual.
A arrogância e prepotência eliminam qualquer vestígio de uma comunicação aberta e respeitosa. Independentemente do cargo e função de uma pessoa dentro da empresa, todos precisam se sentir confortáveis para dialogar, expor sentimentos, fazer pedidos. Isso é essencial.
Manutenção de relacionamentos saudáveis
E é claro que quando há um cuidado em torno dos conflitos os relacionamentos se tornam muito mais saudáveis. Desavenças mal resolvidas no ambiente de trabalho podem tornar o clima organizacional muito desagradável e interferir até mesmo na execução das tarefas.
A manutenção de relações saudáveis passa por saber lidar com as diferentes formas de se pensar e agir dos colegas e conseguir superar as adversidades com respeito e empatia. Isso é importante para o crescimento de toda a empresa.
Fortalecimento de uma cultura colaborativa
Uma cultura colaborativa e que preza pelo respeito ao outro passa pela comunicação não violenta. Quando a organização incentiva essa forma de se comunicar, automaticamente está fortalecendo uma cultura que preza pela empatia e respeito ao outro.
Quando os colaboradores entendem que a CNV está no DNA da organização, esse tipo de comportamento passa a fazer parte do dia a dia de trabalho mais facilmente.
Melhor gestão de equipes
Não podemos deixar de citar que a comunicação não violenta também contribui positivamente para a gestão de equipes. Um líder deve ser o exemplo e orientar os membros do seu time na resolução de conflitos pacífica e conciliadora.
Quando obtém sucesso nessa tarefa, consegue conduzir os problemas e desavenças da equipe com muito mais eficiência.
Aumento da produtividade
Ambientes com um clima organizacional que preza pela comunicação não violenta também garantem uma maior produtividade. Isso porque os conflitos e desavenças podem impactar negativamente no trabalho das pessoas, que se sentem infelizes, insatisfeitas e com menos ânimo para produzir.
Como adotar a comunicação não violenta nas empresas?
É claro que nem todas as empresas adotam a comunicação não violenta, isso não é uma obrigatoriedade. Mas não há como negar que pode ajudar o seu negócio a ir muito mais longe. Caso a sua organização enxergue as vantagens da CNV, confira como ela pode ser implementada:
Diagnóstico da cultura e comunicação
A dica é começar realizando um diagnóstico para ter clareza sobre como os colaboradores se comunicam e se relacionam na empresa. Para fazer isso, basta rodar pesquisas de clima organizacional, colher feedbacks e realizar entrevistas.
Com estes insumos em mãos será possível ter uma ideia do contexto atual e identificar se nesse ambiente há grandes problemas de comunicação e conflitos, dificuldade para expor opiniões ou até mesmo ausência de comunicação.
É apenas com o diagnóstico claro que é possível entender quais medidas precisam ser tomadas.
Treinamento das lideranças
Para que a comunicação não violenta se torne parte do dia a dia da empresa, é essencial começar pela liderança. Estes profissionais são porta-vozes e grandes exemplos para os outros colaboradores, por isso, é importante que se comprometam com a CNV.
Para isso, lideranças que apostam no autoritarismo não devem ser incentivadas. É necessário focar em colaboração, diálogo, empatia e respeito. Apenas dessa forma será possível dar o exemplo aos outros membros do time e construir uma rotina pautada na comunicação não violenta.
Disseminação de informações práticas sobre comunicação não violenta
Muitas pessoas nem sabem sobre o que se trata a CNV. Por isso, vale a pena fazer comunicados e disseminar informações sobre o assunto para que todos comecem a se familiarizar.
Pense em quais meios de comunicação internos são mais eficientes para transmitir mensagens relacionadas com tema. Que tal dar dicas sobre como se comunicar a partir da CNV? Confira alguns exemplos:
- livre-se de ideias preconcebidas e julgamentos;
- use uma linguagem positiva;
- evite o uso de uma linguagem vaga com frases abstratas ou ambíguas;
- enquanto ouve alguém falar, preste atenção às necessidades do outro e não ao que eles estão pensando de você;
- faça pedidos em forma de ações concretas que possam ser compreendidas e realizadas.
Realização de palestras, worskhops e treinamentos
Para complementar a disseminação de informações contínua dentro da empresa, vale pensar em estratégias complementares que sejam mais práticas para não ficar apenas no teórico.
Além disso, é preciso se lembrar de que a comunicação não violenta não é implementada do dia para a noite. Todos terão, em diferentes níveis, que passar por um processo de aprendizagem.
Cabe à empresa, portanto, promover palestras e workshops sobre o assunto com o objetivo de incentivar a capacitação.
É interessante levar psicólogos para abordarem o assunto com propriedade e realizar treinamentos bem práticos, que demonstram a importância da CNV no dia a dia de trabalho.
Criação de canais de comunicação acolhedores
Para implementar a comunicação não violenta, é necessário que haja canais de comunicação abertos e acolhedores. Os colaboradores devem se sentir confortáveis para sugerir ideias, fazer queixas e expor necessidades.
Dessa forma, o RH consegue criar laços duradouros com os funcionários e se fortalecer como um canal aberto para a comunicação mais empática e respeitosa.
Incentive a psicoterapia
A psicoterapia nas empresas pode ser uma grande aliada quando o assunto é a CNV, pois se trata de um processo profundo de autoconhecimento capaz de ajudar cada indivíduo a reconhecer melhor as suas travas, dificuldades, dores e formas de pensar, falar e agir.
Se uma pessoa pratica a comunicação violenta, por exemplo, o psicólogo pode ajudá-la a entender por que faz isso e como pode mudar essa forma de se comunicar com os outros, tanto no ambiente pessoal como profissional. O resultado não vem do dia para a noite, mas com certeza é interessante para empresas que desejam colher os frutos a médio e longo prazo.
Empresas mais humanas adotam a comunicação não violenta
Não há dúvidas sobre a importância da comunicação não violenta. Ela é essencial para a construção de um ambiente organizacional mais saudável, humano, empático e transparente.
É valioso para toda empresa contar com um quadro de colaboradores capaz de gerir conflitos de forma inteligente e pacífica, de tal forma que todos se beneficiem. Por isso, se a sua organização ainda não implementou ações que visam desenvolver a comunicação não violenta, comece agora mesmo e colha todos os frutos.
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