LER: fique atento às lesões por esforço repetitivo dos colaboradores

A LER, ou seja, lesão por esforço repetitivo é um problema de saúde que afeta a vida de muitos brasileiros. Segundo o Ministério da Saúde, entre 2007 e 2016, o país registrou quase 70 mil casos da doença.

De acordo com a pesquisa, quem mais sofre com essa questão são as mulheres (51,7%) e trabalhadores entre 40 e 49 anos (33,6%). Além disso, a maior incidência está entre o grupo de profissionais composto por faxineiros, cozinheiros, operadores de máquinas e alimentadores de linha de produção.

As lesões por esforço repetitivo também são muito comuns no dia a dia no escritório, em pessoas que ficam muito tempo sentadas trabalhando no computador. Um problema que é sério, que pode causar o afastamento de muitos trabalhadores, mas, que por diversos motivos, nem sempre é tão levado a sério pelas organizações.

Neste artigo, você poderá conferir tudo sobre lesão por esforço repetitivo e tirar as dúvidas sobre o assunto para entender como prevenir e tratar esse problema de saúde. Confira!

O que é a lesão por esforço repetitivo?

O primeiro importante ponto é em relação ao conceito da LER. Nãoo se trata de uma doença e sim de uma síndrome constituída por um grupo de doenças que afeta principalmente os músculos, tendões e nervos dos membros superiores, sobrecarregando o sistema musculoesquelético. Entre essas doenças, podemos citar:

  • tendinite;
  • bursite;
  • tenossinovite;
  • epicondilite;
  • síndrome do túnel do carpo;
  • dedo em gatilho;
  • síndrome do desfiladeiro torácico;
  • síndrome do pronador redondo;
  • mialgias.

Esse problema de saúde causa inflamação e dor, podendo impactar a capacidade funcional da região que está comprometida. A LER é provocada por esforços repetidos continuamente ou que exigem muita força durante a sua execução. Além disso, estresse e postura inadequada também podem causar a síndrome.

A lesão por esforço repetitivo é conhecida, principalmente, por ser uma doença ocupacional, ou seja, provocada por fatores do ambiente de trabalho. Assim, muitas pessoas que trabalham sentados em frente ao computador e profissionais que ficam em linhas de montagem e produção costumam sofrer com a questão.

No entanto, vale pontuar que qualquer indivíduo, dentro ou fora do ambiente de trabalho, pode desenvolver esse problema de saúde, pois a LER atinge pessoas que executam um movimento repetidamente, por exemplo: usar o celular, carregar peso, limpar a casa, fazer crochê, jogar videogame e por aí vai.

Quais são os sintomas de lesão por esforço repetitivo?

O diagnóstico da síndrome é clínico e é importante entender as causas dos sintomas para buscar o tratamento adequado. Entre os principais sintomas da lesão por esforço repetitivo podemos citar:

  • dor nos membros superiores e nos dedos e dificuldade para movimentá-los;
  • fadiga muscular;
  • formigamento;
  • dormência;
  • sensação de choque ou agulhadas;
  • fraqueza para segurar objetos;
  • alteração da temperatura e da sensibilidade;
  • redução na amplitude do movimento;
  • inflamação.

Sintomas como esses costumam aparecer, principalmente, nos membros superiores do corpo, mas podem variar na intensidade e locais de acordo com o problema de cada um.

Qual é o tratamento para a lesão por esforço repetitivo?

A boa notícia é que a LER tem tratamento. As crises agudas de dor podem ser tratadas com o uso de anti-inflamatórios e repouso das partes do corpo comprometidas, ou seja, é recomendado evitar a repetição do movimento que estava causando a dor. Também pode ser necessária a imobilização da região afetada com talas, cintas ou coletes.

Em casos mais graves, em que a síndrome já está em estágio avançado, pode ser necessário aplicar corticoides nas áreas da lesão ou ingerir o medicamento. Fisioterapia e intervenções cirúrgicas também podem ser formas de tratamento a serem consideradas para algumas pessoas.

Como prevenir a LER?

A boa notícia é que a lesão por esforço repetitivo tem prevenção, ou seja, você não precisa sofrer com essa síndrome. Basta se cuidar da melhor forma.

Cada vez mais tem sido feitos estudos em relação a como proporcionar maior bem-estar no dia a dia de trabalho, afinal, a maioria das pessoas acaba desenvolvendo a lesão por esforço repetitivo nesse ambiente.

A ergonomia é uma ciência que estuda aspectos como a postura e conforto do corpo em relação ao trabalho. Dessa forma, especialistas tem estudado aspectos que visam sempre trazer mais saúde para o dia a dia dos profissionais para que não passem muitas horas do dia em posições inadequadas e que prejudiquem o corpo.

Para se cuidar, vale conferir algumas recomendações para colocar em prática no seu dia a dia e se blindar contra a LER:

1. Sente-se de maneira adequada

Quando estiver trabalhando ou estudando, procure manter as costas eretas, apoiadas em um encosto adequado e confortável e os ombros relaxados. Mantenha as plantas dos pés totalmente apoiadas no chão e garanta uma cadeira ajustável para a sua altura em relação à mesa de trabalho.

O assento da cadeira também deve ser ajustado e não deve tocar a parte interna dos joelhos, pois isso pode afetar a circulação do sangue nas pernas. Lembre-se de que uma cadeira adequada (para quem fica muitas horas sentado usando o computador) é essencial para evitar lesões.

Além disso, não se esqueça também de que os punhos não devem ficar dobrados enquanto está digitando e procure deixar o monitor na altura dos olhos para não ter que forçar o pescoço para baixo o tempo todo.

2. Alongue-se e movimente-se

Para quem trabalha muito sentado essa dica é essencial. A cada hora procure se levantar, andar um pouco e fazer alongamentos para prevenir a lesão por esforço repetitivo.

3. Use os aparatos adequados

Caso você precise executar tarefas que exigem força física, utilize cintas e acessórios de proteção. O mesmo vale para ações repetitivas, como ficar no computador: nunca se esqueça dos aparatos adequados para manter o corpo saudável.

4. Pratique exercícios físicos com regularidade

Não se esqueça de que é muito importante ter uma rotina saudável e de bem-estar, o que inclui a prática de exercícios físicos. Pode ser yoga, pilates, corrida, natação ou o que você preferir.

5. Evite situações de estresse

Quando nos sentimos estressados ou ansiosos, os músculos do corpo ficam tensionados, podendo contribuir para o agravamento das lesões. Por isso, é importante se cuidar e evitar situações como essas no dia a dia.

Quais são as responsabilidades da empresa?

No Brasil, a lesão por esforço repetitivo é considerada uma doença ocupacional, ou seja, é equivalente a um “acidente de trabalho”. Dessa forma, a sua ocorrência precisa ser reportada aos órgãos competentes. Além disso, quando a LER causa incapacidade laboral pode produzir até três formas de reparação: pelo INSS, pelo seguro privado e pela empresa.

Para não precisar chegar a esse ponto, é importante que as empresas entendam que têm uma responsabilidade enorme quando o assunto é a prevenção das lesões por esforço repetitivo. O primeiro passo é criar tal consciência, mas, para mudar a situação é necessário garantir ações eficientes que visem cuidar do bem-estar de cada um dos colaboradores.

Pensando nisso, separamos algumas dicas do que pode ser feito no dia a dia da organização. Confira:

1. Conscientização sobre o assunto

Muita gente nem sabe o que significa a LER porque as empresas nas quais trabalham não abordam o assunto de maneira clara. E muitas organizações não fazem isso simplesmente porque preferem se isentar em relação às responsabilidades de saúde e bem-estar no dia a dia de trabalho.

O ideal é criar uma conscientização em relação ao tema na empresa para que os colaboradores entendam o que é a lesão por esforço repetitivo e possam se cuidar também. Afinal, sem informação ninguém consegue se prevenir adequadamente e cada um precisa se responsabilizar um pouco por si mesmo.

Nesse momento, é uma boa ideia distribuir comunicados sobre a LER e divulgar as iniciativas promovidas pela empresa para cuidar da saúde dos funcionários.

2. Equipamentos de trabalho adequados

Outro ponto importantíssimo e de responsabilidade das empresas é a garantia de acessórios e equipamentos de trabalho adequados. Isso significa que se você trabalha horas e horas por dia sentado em frente ao computador, a organização deve oferecer cadeiras ergonômicas e qualquer outro tipo de equipamento que você possa necessitar para se sentir confortável no dia a dia de trabalho.

No home office, formato de trabalho que ganhou muito espaço durante a pandemia, a empresa também precisa se responsabilizar pelos aparatos de trabalho. Isso significa que todos os colaboradores devem ter acesso a cadeiras, suportes para computadores e outros itens indispensáveis para a saúde e prevenção da LER.

3. Ginástica laboral

A ginástica laboral nada mais é do que uma série de exercícios físicos realizados no ambiente de trabalho, durante o expediente, para evitar problemas de saúde e doenças ocupacionais como a LER.

É essencial que a empresa incentive pequenas pausas no horário de trabalho promova a ginástica laboral para proporcionar mais saúde e bem-estar aos colaboradores. Para garantir que os funcionários não fiquem muito tempo seguido sentados no computador, vale oferecer outros tipos de exercícios também, como yoga ou pilates.

Quais são os benefícios de prevenir a LER?

Talvez você ainda não tenha parado para pensar, mas existem muitos benefícios financeiros para uma empresa que não precisa lidar com colaboradores que sofrem com lesões de esforço repetitivo.

Por ser uma doença ocupacional, acaba se tornando a causa de afastamento de muitos profissionais do ambiente de trabalho. Dessa forma, os prejuízos chegam, pois é preciso substituir esse profissional e treinar alguém para assumir as suas funções. Isso tudo leva tempo e dinheiro, além de reduzir drasticamente a produtividade.

Dito isto, fica claro, portanto, que ao prevenir a LER, a organização sai ganhando financeiramente e nas questões produtivas, o que é extremamente benéfico para as empresas.

Vá além do discurso, cuide do bem-estar dos seus colaboradores

Falar sobre a prevenção e o tratamento da LER é ótimo, mas para impactar de verdade e positivamente a saúde e o bem-estar dos funcionários é preciso traçar ações eficientes e garantir o cuidado diário com cada um.

Lembre-se de que quando um colaborador é afastado do trabalho por conta de uma doença ocupacional a sua empresa sai perdendo tanto em produtividade como no balanço financeiro. Por isso, o melhor caminho é sempre a prevenção. Ao cuidar da saúde dos seus funcionários você está cuidando do crescimento da sua empresa!

Para ler mais artigos como este, continue navegando pelo blog do Vittude Corporate!

Autor

Bruna Cosenza

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Escritora, produtora de conteúdo freelancer e LinkedIn Top Voice 2019. Autora de "Sentimentos em comum" e "Lola & Benjamin", escreve para inspirar as pessoas a tornarem seus sonhos reais para que tenham uma vida mais significativa.