Magalu: como a empresa referência em empoderamento feminino combate a violência contra a mulher?

Agosto é o mês do Agosto Lilás, uma campanha de conscientização e combate à violência contra a mulher. 

Apesar do foco da campanha ser a violência doméstica, já que a Lei Estadual n.º 4.969/2016 tem justamente o objetivo de aumentar a divulgação da Lei Maria da Penha, precisamos falar também sobre a violência de gênero no trabalho. 

E o Magazine Luiza é uma referência nacional no combate a este tema! Tanto em ações de enfrentamento à violência doméstica como de prevenção ao assédio, principal forma de violência contra a mulher no ambiente profissional.

Entre as iniciativas da empresa para a sociedade civil estão o Fundo MAGALU de Combate à Violência Contra a Mulher e a ação #eumetoacolhersim, realizada no Dia da Mulher, que arrecadou mais de R$100 mil reais. 

Por isso, há algumas semanas nossa CEO, Tatiana Pimenta, fez um webinar com a Anna Luiza Herzog, Gerente Corporativa de Reputação e Sustentabilidade do Magalu. 

Afinal, nada melhor do que ter exemplos práticos com quem está na linha de frente do combate à agressão contra as mulheres no trabalho, não é?

Entre muitas outras competências, a Anna é responsável por realizar treinamentos sobre discriminação, assédio e violência contra a mulher. Só em 2022, por exemplo, ela realizou treinamentos para 4 mil lideranças distribuído em 52 agendas. 

Veja só quais foram os principais tópicos desta conversa!

Como as empresas podem realizar ações de sensibilização à violência de gênero no trabalho?

A primeira orientação é falar constantemente sobre o assunto.

Não é suficiente falar só no Agosto Lilás e no Dia da Mulher. Esse assunto precisa ser exaustivamente debatido o ano todo. 

No Magalu, existem levas de sensibilização. Assim, durante um período existem muitas ações. Depois outros assuntos entram em cena, mas em seguida o combate ao assédio e à violência contra a mulher é trazido de volta para o centro da discussão no trabalho. 

Vivemos numa cultura onde o machismo predomina. É só observarmos os dados: mulheres têm muito mais dificuldade em alcançarem posições de liderança, mesmo que sejam líderes melhores

Case de Sucesso: Assédio é coisa séria – Magalu e Think Eva

O ano de 2017 foi muito importante na Magalu. Em todo o mundo, casos de assédio estavam sendo discutidos. Foi neste ano que as denúncias em Hollywood pipocaram e a campanha #metoo nasceu. 

Utilizando a hashtag acima, todas as mulheres que já tinham sido assediadas sexualmente compartilharam os casos que sofreram para que todos tivessem noção do tamanho do problema. Nas primeiras 24h, mais de 500.000 mulheres já tinham se manifestado.

Diante deste contexto, a Luiza Trajano, presidente do Magalu, organizou uma ação chamada “Dia de Limpeza”. A ideia é que todas as lideranças deveriam reunir seus times e perguntar o que as pessoas entendiam por assédio moral e assédio sexual. 

A maioria entendia assédio moral como exposição pública e assédio sexual como brincadeiras ofensivas. Sem dúvida isso faz parte desses dois tipos de agressão, mas observou-se a necessidade de abordar o assunto com profundidade. 

Nesta dinâmica, foram mobilizadas mais de 18 mil pessoas e os dados foram compilados pela Think Eva, uma ONG cujo propósito é gerar impacto positivo na vida das mulheres dentro do setor privado. 

Disso resultou o projeto Assédio é coisa séria

Diante de toda essa movimentação, muitos treinamentos e uma comunicação exaustiva foram produzidos. Desconstruir a ideia de que assédio é brincadeira, por exemplo, é algo muito importante. 

Falar claramente “não é mimimi” e que tocar o corpo de outra pessoa requer consentimento, também. 

Como fazer esse assunto alcançar todas as esferas da empresa?

O Magazine Luiza é uma empresa com quase 40.000 funcionários. Se eles conseguem construir ações para envolver todos os funcionários, inclusive quem está na ponta da cadeia de produção, você também consegue!

Veja, nos tópicos abaixo, as principais recomendações da Ana Luiza Herzog para estruturar campanhas eficazes. 

Posicionamento ativo da alta gerência da empresa

O sucesso dessa campanha, com milhares de colaboradores participando, não teria sido possível se a própria Luiza Trajano, não tivesse decidido que isso precisaria acontecer. 

Assim, um segundo insight importante é: os líderes C-level precisam ter uma postura ativa diante deste tema. Sem isso, é impossível fazer dar certo. No Magalu, foi uma meta corporativa treinar um número grande o suficiente de pessoas para que aquilo realmente tivesse impacto. 

Mas, mesmo quando isso parte de cima, existem muitos desafios. 

Os centros de distribuição e as lojas do Magazine Luiza tem um horário muito regrado. Por isso, muitos destes treinamentos aconteciam às 7h da manhã, antes do início do expediente, ou às 10h30 da noite, depois que ele era finalizado. 

O desafio geográfico, presente no caso de uma empresa que atua em 23 estados brasileiros, foi superado pelo auxílio da tecnologia. Ou seja, foram realizados muitos encontros presenciais, mas muitos também aconteceram de maneira online. 

Outro desafio é dar conta da carga extra de trabalho. Neste caso, o que a Anna nos relata é que por mais que o cansaço esteja presente, também é muito gratificante ouvir os relatos das pessoas.

Ouvir os colaboradores

Desde o Dia de Limpeza vemos que ouvir o que os colaboradores têm a dizer é fundamental para a construção desse treinamento massivo e eficaz. Sem isso e sem as pesquisas recorrentes, todo esse esforço ficaria pelo caminho. 

Ou seja, o início de tudo isso precisa ter ferramentas de diagnóstico para entender o que afeta mais cada equipe. 

O Magalu, por exemplo, é uma empresa gigantesca. Mas cada loja, centro de distribuição e escritório é um universo diferente. Afinal, qualquer empresa é feita de pessoas. 

Por isso, abordar o assédio ou qualquer outro tema a partir do que acontece na realidade que as pessoas estão vivenciando é imprescindível! O letramento é o caminho para atuar na prevenção e no combate à violência, mas falar a língua das pessoas que estão sendo treinadas, também. 

Ter persistência 

O terceiro pilar de uma estratégia de combate à violência de gênero é algo que já citamos: não deixar as coisas pelo caminho. 

É fundamental que a alta gestão cumpra o que foi prometido. Ou seja, a partir do momento que as ações começam a acontecer e os treinamentos são divulgados, uma expectativa é gerada. 

No caso de um tema como este, a situação é mais séria ainda. Imagine que você é a pessoa que está vivenciando um assédio. 

Seja no trabalho ou em casa, isso gera uma sensibilização muito grande. É como colocar o dedo na ferida mesmo. Mas, depois que essa dor foi acentuada, o cuidado precisa ser redobrado para que não gere situações muito ruins tanto para os colaboradores quanto para a empresa. 

Isso acaba gerando mais estrago do que se nenhuma ação estivesse sendo realizada. O que também não é algo sustentável a longo prazo. 

Possibilitar a existência de um canal de denúncia

A partir do momento que as pessoas foram sensibilizadas e conscientizadas, elas passam a avaliar situações da sua própria rotina de trabalho e também da vida pessoal.

Pode ser, inclusive, que algumas pessoas comecem a entender que podem ter sofrido assédio, seja moral ou sexual, dentro do ambiente de trabalho. E, a partir daí, é urgente que elas possam contar com o apoio da empresa. 

Portanto, estruturar um canal de denúncia é muito importante. É recomendável que esse canal seja feito por uma empresa terceirizada e que seja possível fazer a denúncia anonimamente. Assim, a vítima se sentirá muito mais segura para fazer seu relato. 

Garantir o apoio às pessoas que passaram por situações de assédio

Mas, só o canal de denúncia pode não ser suficiente neste momento tão delicado. Também é fundamental que haja apoio tanto para aplicar as sanções necessárias aos que realizaram assédio quanto para acolher de maneira mais próxima as vítimas que passaram por esse processo tão doloroso. 

No Magalu, por exemplo, existe um comitê para dar conta de tudo isso. Ele é gerido pelo Departamento de Integridade e conta com diretores executivos e líderes de várias instâncias. 

Mas, além do comitê, também existe um Conselho de Colaboradores em cada unidade do Magalu. 

Em cada loja, CD e escritório esse conselho é responsável por realizar comemorações – como no Dia da Mulher e em festas juninas -, mas também participa de toda investigação de assédio ou outras condutas do tipo, ou seja, também tem uma função muito estratégica. 

Além de ouvir as pessoas, elas também têm um lugar de fala. Algo que gera um empoderamento muito importante, já que elas participam de maneira muito impactante de vários processos da empresa. 

Magalu: referência em combate à violência doméstica

Além de ser uma referência na sociedade civil em ações de violência doméstica, como as iniciativas já citadas, a Magalu tem uma estrutura interna importantíssima para proteger colaboradoras que são ou foram vítimas de violência doméstica. 

E isso não aconteceu por acaso. Em 2017, uma colaboradora da empresa foi vítima de um feminicídio. Esse fato gerou uma enorme repercussão na empresa. 

Se a Magalu já era apoiadora dos direitos das mulheres, nesse momento isso se intensificou bastante. E algo muito importante a dizer é que a reação ao que aconteceu foi muito rápida. 

Como a própria Luiza Trajano, que além de empresária é presidenta do grupo Mulheres do Brasil, disse ao UOL: “Conhecemos os números, mas, quando algo acontece com alguém tão próximo, temos uma dimensão maior da gravidade do problema”. 

Atualmente, o Brasil é o 5º país que mais mata mulheres no mundo todo

Após o episódio, uma equipe de mulheres especialistas no tema foi acionada para treinar as lideranças do Magalu, que não tinham conhecimento do assunto até então. 

Depois disso, foi criado o Canal da Mulher, que funciona para receber denúncias e fazer comunicações sobre este tema. Vale ressaltar a ênfase dada à possibilidade de líderes e colegas também realizarem a denúncia, já que a mulher muitas vezes não tem condições de fazer isso. 

Além do abuso destruir sua auto-estima, muitas vezes ela depende financeiramente do marido, o que torna ainda mais difícil a situação. 

Mas o Magalu ainda vai mais longe: uma vez que essa denúncia é apurada por um time de psicólogos e outros profissionais, a empresa ajuda essa mulher a fazer o que for preciso para sair dessa situação. 

Se ela não se sente confortável para denunciar, o caso é acompanhado por especialistas. Se ela quer fazer a denúncia, mas não tem coragem de ir a uma Delegacia da Mulher, alguém da equipe vai com ela. Se é uma situação mais urgente, em que a vítima está com a sobrevivência ameaçada, a empresa a coloca num avião e a transfere para outra cidade. 

Desde 2017, quando toda essa estrutura foi criada, já houveram 982 denúncias.

Com todas essas informações, a orientação final que fica para os gestores de RH e saúde ocupacional é que este é um assunto muito complexo, sensível e que exige muitos cuidados. 

Por isso, queremos te convidar para ouvir a live completa! Temos certeza que ela vai te ajudar a estruturar ações de enfrentamento e cuidado na sua empresa. 

Assista ao webinar com o casede sucesso do Magalu!
Autor

Carol Motta

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Redatora sênior, especialista em SEO On Page, cientista social e com experiência em conteúdos de saúde e RH. Trabalha para viver num mundo em que as pessoas sejam mais saudáveis e as organizações, mais inclusivas.