Presenteísmo: o que é, principais causas e como evitá-lo na empresa
12 de agosto de 2020
Tempo de leitura: 11 minutosUm dos grandes problemas que as empresas enfrentam hoje em dia é o presenteísmo, que diz respeito a um colaborador que está presente fisicamente na trabalho, mas não está totalmente conectado em sua função e responsabilidades.
Esta é uma condição comum que, infelizmente, atrapalha a produtividade dos profissionais e ocasiona em prejuízos para a própria empresa.
Um estudo realizado pela ISMA-BR revelou que 23% da população adulta é presenteísta, um número que no setor industrial pode chegar a 35%. Bom, mas o que causa o presenteísmo e quais são as suas consequências? Como as organizações podem trabalhar para que esse tipo de situação não afete os seus funcionários e, consequentemente, afete negativamente a empresa também?
Vamos responder a essas e outras perguntas neste artigo completo sobre o assunto. Continue a leitura para conferir tudo!
O que é presenteísmo?
O presenteísmo é uma condição na qual uma pessoa vai trabalhar, ou seja, está presente fisicamente no escritório, mas não consegue se concentrar e desempenhar adequadamente a sua função. Isso significa que ela está presente em corpo, mas distante em espírito.
É normal que isso aconteça de vez em quando com todo mundo, afinal, às vezes somos atingidos por preocupações pessoais, no entanto, o problema é quando isso se torna uma rotina.
Vale ressaltar que o presenteísmo pode ser resultado de problemas de saúde, com a família, financeiros, ou seja, questões externas ao trabalho. Mas também pode ser resultado de uma insatisfação com a própria empresa. O profissional vai todos os dias ao trabalho, mas não consegue se vincular emocionalmente com as suas responsabilidades.
O que causa o presenteísmo?
Como citado anteriormente, existem várias causas que podem levar ao presenteísmo, portanto, é válido conhecer bem cada uma delas para ficar atento em relação ao que pode ser feito para prevenir este problema dentro da sua empresa.
Doenças não relatadas
Muitas vezes a pessoa pode estar enfrentando uma doença física ou psicológica e ter vergonha ou receio de relatar à empresa. Isso acontece, principalmente, em relação aos problemas como depressão e ansiedade, que ainda são vistos como um tabu por parte da sociedade. A pessoa que está enfrentando a doença psicológica tem medo de se expor e ser julgada, o que é nocivo para o seu bem-estar.
Para evitar esse tipo de situação, cabe à empresa assumir a responsabilidade de criar uma cultura de saúde mental no ambiente corporativo e desmistificar as doenças mentais, criando abertura para que os funcionários consigam falar sobre o assunto sem medo.
Carga excessiva de trabalho
Outro ponto que pode ocasionar no presenteísmo é a carga excessiva de trabalho, afinal, as pessoas que trabalham demais se sentem sobrecarregadas e podem até desencadear a Síndrome do Burnout. Como consequência, ficam exaustas e chegam ao ápice, não conseguindo mais se concentrar e desempenhar adequadamente as suas funções.
Esta também é uma questão de saúde mental, afinal, quando a empresa incentiva cargas de trabalho excessivas não está cuidando do bem-estar físico e psicológico dos seus colaboradores. Tanto os discursos como a prática devem focar em uma carga horária saudável e de acordo com a lei.
Clima organizacional tóxico
Um clima organizacional tóxico tem como consequência funcionários insatisfeitos e desmotivados, o que também pode ocasionar no presenteísmo. Um clima ruim pode ser caracterizado por fofocas, alta competitividade, agressividade, ausência de feedbacks, gestões ineficientes, cargas de trabalho excessivas e por aí vai.
Quanto mais funcionários infelizes a sua empresa tiver, maiores são as chances deles produzirem menos e, consequentemente, se desconectarem do dia a dia de trabalho.
Problemas pessoais
Diversos problemas pessoais podem causar preocupações excessivas, por exemplo, questões financeiras e conflitos familiares. É claro que nem sempre as questões internas podem justificar o presenteísmo, porém, em alguns momentos da vida as pessoas passam por problemas tão grandes que não conseguem evitar a interferência na esfera de trabalho.
Para amenizar, é importante que os gestores estejam atentos em relação ao comportamento dos membros dos seus times e estejam abertos para a comunicação clara e honesta. Muitas vezes, uma boa conversa já pode ocasionar em soluções que ajudem a reduzir o presenteísmo.
Insatisfação profissional
Por fim o presenteísmo também pode ser consequência de diversos fatores internos referentes à empresa, sendo os principais: falta de perspectiva de crescimento, ausência de plano de carreira e feedbacks, falta de reconhecimento e até má gestão da liderança. Tudo isso tem o poder de afetar a satisfação e a produtividade dos colaboradores.
Quais são as consequências do presenteísmo?
As consequências do presenteísmo afetam tanto o colaborador como a empresa, afinal, ambos estão interligados. O fato de um profissional estar presente fisicamente no trabalho, mas não conseguir desempenhar conforme o esperado afeta tanto os demais funcionários como a organização.
Em seguida, elencamos algumas destas consequências, separando entre colaborador e empresa. Confira!
Para o colaborador
Queda de produtividade e engajamento
A redução da produtividade é a primeira e mais evidente consequência do presenteísmo, afinal, a partir do momento em que a pessoa se desconecta emocionalmente do trabalho que executa, deixa de produzir com eficácia.
Nem sempre quem sofre do presenteísmo consegue superar este problema sozinho, por isso a ajuda especializada, seja de um psicólogo ou da própria empresa — por meio de uma comunicação mais clara e o suporte necessário — podem ser necessárias.
Desgaste físico e psicológico
Uma pesquisa realizada pela International Stress Management Association no Brasil (ISMA –BR) com 1000 profissionais entre 25 e 60 anos revelou dados impactantes.
Uma parcela de 89% dos entrevistados que tinham um comportamento presenteísta disseram que também lidavam com dores de cabeça e musculares constantes. Para completar, 86% dos entrevistadas apontaram que tinham problemas com ansiedade e 81% se sentiam muito angustiados.
Não podemos negar, portanto, que as consequências do presenteísmo são tanto físicas como psicológicas, afetando o bem-estar e a saúde das pessoas.
Altos índices de dispersão
Por fim, vale ressaltar que outra consequência bem negativa do presenteísmo é a dificuldade de concentração, o que pode ocasionar em um trabalho final com muito mais falhas.
A pessoa que está sofrendo com este problema fica dispersa, enrola para fazer o que precisa ser feito e quando finalmente executa as suas tarefas não consegue colocar tudo de si no que está fazendo. A consequência é clara: a dispersão ocasiona em mais problemas, o que pode atrapalhar até a autoestima.
Para a empresa
Prejuízos financeiros
O presenteísmo causa perdas de até US$42 bilhões para as empresas brasileiras. O funcionário que vive com esta condição entrega um trabalho final incompleto ou insuficiente, com erros e falhas que podem ocasionar em refações.
Em casos mais graves, a empresa pode acabar até perdendo clientes. Tudo isso gera prejuízos evidentes, afinal, um funcionário com baixa produtividade não produz o esperado para o seu cargo e função.
Além disso, quando o presenteísmo acaba ocasionando no absenteísmo ou turnover, a empresa também acumula gastos de tempo e dinheiro com o desligamento e novas contratações.
Absenteísmo elevado
Já citamos anteriormente, mas é preciso reforçar que uma das consequências do presenteísmo para a empresa é o absenteísmo. Isso porque quando o colaborador está desmotivado e pouco engajado, as chances dele faltar ao trabalho são maiores. Assim, os outros colaboradores ficam mais sobrecarregados, pois precisam cobrir as funções de quem está ausente.
Falhas e atrasos em projetos
Quando a baixa produtividade e engajamento afetam as entregas finais de um colaborador, não é só ele que sofre as consequências. A empresa como um todo é afetada pelas falhas e atrasos que podem, em casos mais graves, ocasionar em perdas de clientes, por exemplo.
Justamente por isso o presenteísmo não pode ser visto apenas como um problema do colaborador e sim uma questão que afeta todo o ecossistema da organização em questão.
Como evitar o presenteísmo na sua empresa?
Para finalizar, vamos concluir este artigo com algumas dicas práticas para evitar o presenteísmo na sua empresa, afinal, como falamos anteriormente, este é um problema que precisa estar no radar das organizações também.
Lembre-se sempre de que as causas desta condição podem ser tanto externas como internas. Portanto, é necessário que a área de Recursos Humanos esteja atenta ao que pode ser feito para amenizar as chances de seus colaboradores desenvolverem o presenteísmo.
Manter uma comunicação transparente e saudável
Muitas vezes, tudo o que uma pessoa que sofre com presenteísmo precisa é de um canal de comunicação aberto. O colaborador da sua empresa pode estar passando por um problema pessoal ou de saúde, mas não se sente à vontade para compartilhar com o seu gestor.
Ao criar um diálogo claro e honesto, as pessoas podem se sentir mais livres para dizer como se sentem e expor quando algo não vai bem — tanto em suas vidas pessoais como profissionais.
É importante que as lideranças das empresas sejam orientadas para que este canal de comunicação seja construído, assim como a própria área de Recursos Humanos pode ser um caminho para quem não sente tanta liberdade com o seu gestor direto.
Criar rotinas de feedbacks
Quando a causa do presenteísmo está relacionada à falta de direcionamento e reconhecimento dentro da empresa, é importante traçar estratégias eficientes para criar uma rotina de feedbacks entre líderes e liderados.
Dessa forma, questões relacionadas ao crescimento e desenvolvimento podem ser trabalhadas e os profissionais da organização não se sentirão sem rumo e/ou abandonados.
Garantir qualidade de vida para os funcionários
Outro ponto de extrema importância é o incentivo à qualidade de vida dos colaboradores da empresa. Como já citamos anteriormente, a carga excessiva de trabalho pode ser um desencadeador do presenteísmo, ou seja, estruturar estratégias que visem o bem-estar físico e mental dos funcionários é muito importante.
Vale pensar em como tornar o dia a dia no escritório mais saudável, por exemplo, oferecendo aulas de yoga ou mini cursos de meditação. Além disso, flexibilizar o home office também pode ser interessante para que os profissionais consigam equilibrar melhor as obrigações pessoas e profissionais.
Por fim, vale considerar também que o discurso das lideranças da empresa influencia bastante nessa questão de qualidade de vida. Afinal, se os diretores e CEOs vangloriam pessoas que viram noites trabalhando, todos na empresa acharão que é preciso fazer isso para crescer. É importante criar uma cultura de saúde mental que faça parte da rotina das pessoas.
Criar planos de carreiras
O plano de carreira é um programa bem estruturado que tem como objetivo estipular o caminho que cada profissional vai percorrer dentro de uma empresa. É um instrumento essencial para a manutenção da satisfação e engajamento dos profissionais de uma empresa. Portanto, é essencial para reduzir o absenteísmo e o turnover, ou seja, para reduzir também o presenteísmo.
Quando um profissional tem perspectivas de crescimento e sabe o que precisa fazer para crescer em uma empresa, ele fica mais motivado e, consequentemente, produtivo.
Oferecer psicoterapia como benefício corporativo
Para finalizar, uma última dica para evitar e reduzir o presenteísmo na sua empresa é oferecer a psicoterapia como um benefício corporativo. Isso porque um psicólogo é um profissional capaz de conduzir um processo profundo com o paciente, ou seja, ele será essencial para entender as causas do presenteísmo e ajudar a pessoa a traçar estratégias para tratá-lo.
Muitas gente não tem acesso à psicoterapia porque, infelizmente, ainda é um serviço caro para boa parte dos brasileiros. Ao mesmo tempo, há uma parcela pouco instruída que considera o processo ineficiente, afinal, os resultados são mais evidentes no médio a longo prazo.
Já existem várias empresas que estão investindo na saúde mental como um benefício corporativo, pois enxergam que é uma necessidade básica de todo ser humano. A psicoterapia não é indicada apenas para quem sofre de distúrbios mentais, ou seja, todo mundo tem questões pessoais e profissionais para serem trabalhadas junto de um psicólogo.
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