A educação emocional como principal soft skill nas empresas

Já se foi o tempo em que os recrutadores das empresas analisavam apenas as habilidades técnicas de um candidato no momento da contratação. Hoje, com o mercado em constante transformação, a busca por profissionais com educação emocional é cada vez maior.

Trata-se de uma soft skill essencial tanto para a vida pessoal como profissional, pois está relacionada a conhecer e gerenciar as suas próprias emoções. E toda organização precisa de funcionários com essa capacidade, pois ela é importante para lidar com crises, conflitos, relacionamentos interpessoais e desafios do trabalho.

Uma pessoa que se deixa levar facilmente pelas emoções e não é capaz de administrar o que está sentindo pode acabar causando prejuízos no dia a dia profissional e ter dificuldades para se relacionar com outros funcionários. Por isso, é importante para a organização poder contar com profissionais emocionalmente preparados.

Descubra, neste artigo, como desenvolver esta soft skill nos seus colaboradores e quais são os benefícios para a sua empresa. Leia o conteúdo até o final para conferir tudo!

O que é a educação emocional?

A educação emocional está atrelada ao conceito de inteligência emocional, que é tão falado hoje em dia. Trata-se de um processo educativo que tem como objetivo orientar o indivíduo em relação ao conhecimento das suas emoções, a capacidade de nomeá-las e entender os seus gatilhos.

É interessante pensar como, no processo educacional tradicional, as crianças são ensinadas a andar, falar e se comportar, mas não aprendem a lidar com as suas próprias emoções. Dessa forma, quando chegam à fase adulta, muitas acabam tendo dificuldades para lidar com seus sentimentos e isso pode atrapalhar a vida pessoal e profissional.

A educação emocional, por sua vez, surge para suprir este gap, ensinando as pessoas a entenderem e gerenciarem as suas emoções. O ideal é que cada indivíduo seja capaz de entender o que origina uma emoção e como acolhê-la.

Uma ótima maneira de visualizar essa questão das emoções é por meio do filme “Divertidamente”, que aborda o assunto de uma maneira de fácil compreensão. A história gira em torno de Riley, uma garotinha de 11 anos que precisa enfrentar grandes mudanças em sua vida. O foco da história é mostrar como, dentro da Riley, as emoções, ou seja, a raiva, alegria, medo, tristeza e o nojo, conduzem os seus comportamentos.

É maneira leve e simples de entender o papel das emoções em nossas vidas e como é preciso aprender a lidar com elas de uma maneira saudável e equilibrada ao longo das transformações e adversidades.

O que é a regulação emocional?

A regulação emocional é uma estratégia da educação emocional que oferece ferramentas práticas para ajudar as pessoas a terem maior controle emocional. Entre essas ferramentas, podemos citar:

  • exercícios respiratórios;
  • mindfulness;
  • focalização;
  • técnicas cognitivas.

E qual é o objetivo da regulação emocional? O acolhimento da emoção, ajudando a pessoa a perceber a sua presença, acessá-la e regulá-la — tudo isso sem sucumbir. Dessa forma, cria-se um entendimento de que as emoções fazem parte da experiência psico-emocional, mas que não se pode deixar ser dominado por elas a ponto de perder o controle.

A educação emocional e a saúde mental

Há uma conexão direta entre a educação emocional e a saúde mental, pois uma pessoa que não tem domínio sobre as suas emoções pode acabar tendo mais dificuldade para lidar com situações de luto, perdas, transições, conflitos… Enfim, tudo aquilo que desperta fortes emoções que precisam ser reguladas.

A saúde mental também é um assunto que está em alta, pois cada vez mais as pessoas e empresas estão se dando conta de que sem equilíbrio mental não é possível executar um bom trabalho, ter produtividade e construir relacionamentos saudáveis.

Por isso, educação emocional e saúde mental caminham juntas. E isso vale tanto para vida pessoal como profissional.

A importância de cultivar uma cultura voltada para saúde mental

Uma pesquisa realizada pelo HUBRH+ABPRH apontou que 66,3% das empresas estão preocupadas com a saúde mental de seus colaboradores. Para os profissionais de recursos humanos de grandes empresas que foram entrevistados, a saúde e o bem-estar mental no ambiente de trabalho são o principal desafio no cenário de pós-pandemia.

A pandemia, portanto, colocou no holofote uma questão que já era importante, mas que não recebia tanta atenção ainda dentro do mundo corporativo: a saúde mental. Agora, mais do que nunca, as organizações estão em busca de iniciativas em prol dos cuidados com a mente.

Para isso, além de conteúdos, palestras e campanhas, é válido também entender como introduzir essa bandeira na cultura organizacional. É preciso que o modo de agir, pensar, valores, crenças e comportamentos no dia a dia corporativo reflitam uma preocupação com este tema e incentive os colaboradores a prevenirem e tratarem distúrbios psicológicos.

Visto que saúde mental e educação emocional estão diretamente ligadas, quando uma cresce e ganha espaço dentro empresa, a outra automaticamente se beneficia também.

O papel crescente das soft skills

Outro ponto importante é em relação às soft skills, que estão ganhando cada vez mais espaço no mercado de trabalho. Dentro das empresas não são analisadas mais somente as hard skills, ou seja, as habilidades técnicas.

Para garantir um crescimento sustentável todas as organizações precisam contar com colaboradores que tenham habilidades como inteligência emocional, resiliência, criatividade, resolução de problemas etc. E os estudos confirmam: o Fórum Econômico Mundial apontou as habilidades essenciais para qualquer profissional desenvolver até 2025 e as soft skills ganharam muito espaço se comparado com dez, vinte anos atrás.

Qual é a importância da educação emocional para as empresas?

Caso ainda não tenha ficado claro, a educação emocional tem uma enorme importância no dia a dia das empresas. Confira, em seguida, alguns dos principais benefícios:

Aumento da produtividade

Sabia que uma pessoa sem educação emocional são menos produtivas do que aquelas que têm esta habilidade bem desenvolvida? No dia a dia profissional, os indivíduos precisam encarar a pressão, desafios, crises e cultivar relacionamentos interpessoais.

A dificuldade para lidar com esses e outros tipos de situações impacta diretamente na produtividade. Alguém que não consegue reconhecer e regular as próprias  emoções, por exemplo, acaba se deixando levar pelo o que está sentindo e não consegue ser focado e organizado como deveria. Com isso, a produtividade tende a cair.

A falta de educação emocional afeta, portanto, a gestão do tempo, a resolução de problemas e conflitos, o cumprimento de prazos e metas, a relação com colegas de trabalho etc. Por outro lado, quando a educação emocional é bem desenvolvida, a tendência é que os níveis de produtividade sejam mais elevados também.

Melhora no clima organizacional

O clima organizacional é outro ponto que sofre influência da educação emocional. Pessoas que não conseguem reconhecer e regular as próprias emoções a seu favor têm maior dificuldade para se relacionar com os colegas de trabalho e manejar conflitos. Dessa forma, o ambiente corporativo pode se tornar muito mais nocivo, tóxico e explosivo.

Melhor gerenciamento de conflitos

Quando precisamos encarar uma briga ou um desentendimento de qualquer natureza, é necessário ter muita calma, resiliência e saber lidar com as emoções do momento.

É comum que as pessoas com baixos níveis de educação emocional não consigam gerenciar os conflitos da melhor forma e impactem negativamente a harmonia do ambiente. Basta pensar em alguém que se deixa levar pela raiva, medo ou insegurança no momento de uma briga. É bem capaz que o conflito ganhe proporções maiores do que deveria e não seja resolvido com tranquilidade.

Por isso, principalmente as lideranças de uma empresa precisam ter a educação emocional bem desenvolvida. Estes profissionais são responsáveis por gerir times, engajar, apaziguar desentendimentos e guiar todos em prol de um mesmo objetivo. Se não forem capazes de lidar com as suas próprias emoções  ao longo do caminho, não atingirão os seus objetivos como líderes.

Melhora nos resultados

Por fim, outro benefício da educação emocional que merece ser citado é a possibilidade de melhora nos resultados da empresa. Isso acontece porque conhecer, regular e nomear as suas emoções contribui para um dia a dia de trabalho muito mais harmônico, saudável e produtivo.

Imagine só como seria trabalhar em um lugar onde as pessoas se deixam levar totalmente pelas emoções o tempo todo. Seria bem complexo, não é mesmo? Ter clareza sobre como equilibrar essa balança é importante para que os objetivos e metas sejam atingidos com sucesso e todos consigam elevar ao máximo a sua produtividade e performance.

Como desenvolver a educação emocional na sua empresa?

Agora que você já entendeu o que é educação emocional e a sua importância para as organizações, confira como desenvolvê-la no meio corporativo. Infelizmente, o sistema educacional brasileiro ainda é defasado nesse sentido e as crianças não são ensinadas desde pequenas a lidarem com as suas emoções.

Por isso, sempre que possível, é importante que iniciativas dentro da empresa informem, eduquem e conscientizem as pessoas em relação a esta necessidade.

Palestras e workshops

Uma forma prática e interessante de abordar o assunto dentro das organizações é por meio de palestras e workshops. Convidar, por exemplo, psicólogos para explicar o que é educação emocional, a sua importância e como pode ser desenvolvida é uma maneira de atrair a atenção dos colaboradores.

Em um primeiro momento pode ser que muitos não se interessem pelo assunto ou o considerem desnecessário. No entanto, com a abordagem certa, cases e informações de valor é possível mudar a mentalidade das pessoas e incentivá-las a desenvolverem esta habilidade.

Aulas de Yoga e meditação

Oferecer aulas de Yoga e meditação no ambiente de trabalho também pode ser uma alternativa interessante, pois são ótimas para ensinar técnicas de respiração, mindfulness e ensinar cada um a reconhecer o seu próprio corpo e mente.

Junto de outras iniciativas, esta pode ser uma boa maneira de incentivar os funcionários a entrarem em contato com as suas emoções, reconhecerem o que sentem e aprenderem estratégias voltadas para acalmar e silenciar a mente.

Psicoterapia

A psicoterapia também é uma grande aliada no processo de educação emocional, pois um psicólogo é o profissional especializado para ajudar as pessoas a reconhecerem e regularem as suas emoções. Ao longo das sessões, os gatilhos vão sendo identificados e o indivíduo começa a entender como lidar de uma maneira mais saudável com os sentimentos que cruzam o seu dia a dia.

Dentro das empresas, é possível oferecer a psicoterapia como um benefício corporativo, ou seja, a organização oferece um subsídio fixo (total ou parcial) do valor da terapia para seus colaboradores. Isso é possível por meio de parceiros que disponibilizam soluções inovadoras, como plataformas com uma base de psicólogos qualificados em diversas especialidades e que atendem tanto online como presencial.

Agora é a sua vez de levar a educação emocional para a sua empresa

Quando o assunto é educação emocional, existem diversas possibilidades. Neste artigo você aprendeu sobre a importância desta soft skill e descobriu diferentes maneiras de promover o seu desenvolvimento dentro das empresas.

Agora o foco deve ser entender, dentro da sua organização, qual é o contexto e as principais necessidades para criar iniciativas que visem levar a educação emocional para os seus colaboradores.

Não se esqueça de que já se foi o tempo em que somente as hard skills eram importantes para o crescimento organizacional sustentável. Hoje, é mais do que necessário um equilíbrio entre as habilidades socioemocionais e as técnicas.

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Bruna Cosenza

Escritora, produtora de conteúdo freelancer e LinkedIn Top Voice 2019. Autora de "Sentimentos em comum" e "Lola & Benjamin", escreve para inspirar as pessoas a tornarem seus sonhos reais para que tenham uma vida mais significativa.

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