O panorama mundial do esgotamento profissional em 2023

Você sabe quanto o esgotamento profissional dos colaboradores custa para a sua empresa?

Preocupar-se com a saúde mental dos funcionários deixou de ser algo relacionado simplesmente à gestão de pessoas. Já virou um item indispensável de inteligência de negócios. 

Josh Bersin, analista de negócios com ampla experiência no mercado mundial especializado em RH, desenvolveu uma pesquisa com mais de 1.000 empresas do mundo todo. 

E segundo ele mesmo:

“De nossas discussões regulares com líderes de Recursos Humanos em todo o mundo, fica claro que as organizações que superaram seus pares são aquelas que:

  • cultivaram um forte senso de empatia e flexibilidade, 
  • desenvolveram novas habilidades para as necessidades da força de trabalho,
  • ampliaram o suporte holístico de saúde mental aos funcionários.”  

Neste artigo, trouxemos as pesquisas mais importantes realizadas pela ONU, OMS, OIT, além de outros estudos relevantes nos mercados nacional e internacional. 

Queremos que você receba as melhores informações sobre o assunto para que possa tomar as melhores decisões em relação aos colaboradores e à empresa. Sem deixar dinheiro na mesa e gerar sequelas nos funcionários, que podem ser irreversíveis. 

Você vai ver:

Os dados demográficos do esgotamento profissional no mundo

Os casos de pessoas afetadas pelo esgotamento profissional continuam crescendo. Segundo o relatório The State of Workplace Burnout 2023, da Infinite Potential, as taxas de crescimento dos últimos três anos são essas:

  • 2020 – 29,6%
  • 2021 – 34,7%
  • 2022 – 38,1%

Entre os três principais sintomas do esgotamento, dois deles continuam crescendo: exaustão e redução de eficácia. O único que diminuiu foi o cinismo em relação ao trabalho. 

Além disso, ele é maior em:

  • Mulheres (38%), contra 33% em homens
  • Pessoas de 18 a 24 anos, sendo os números diminuem conforme a idade avança
  • Cargos iniciantes (45%), e só volta a aumentar nos cargos de gestão de líderes (37%)

Ainda é importante considerar o contexto de modelo de trabalho atual, em que a maioria dos colaboradores voltou a trabalhar presencialmente ou de maneira híbrida. 

O relatório ainda mostra que as necessidades dos colaboradores não foram consideradas nesse processo, já que eles sentem-se menos apoiados pelas empresas em 2022 do que em 2021.

As indústrias e cargos mais afetados pelo esgotamento profissional no Brasil

No contexto brasileiro, os dados são um pouco diferentes. A startup Way Minder realizou uma pesquisa com mais de 600 pessoas e descobriu que as áreas que mais sofrem com a exaustão no trabalho são:

  • RH (43 pontos)
  • Vendas (42,11 pontos)
  • Educação (42,1 pontos)
  • Liderança (40 pontos)
  • Administrativo (38 pontos)
  • TI (36 pontos)

Todos estes se enquadram num estágio moderado de burnout. 

Além disso, os dados da pesquisa são diferentes daqueles apontados no cenário global. Neste caso, cargos C-level são os mais esgotados, seguidos pelas lideranças. Os gestores de líderes tem a pontuação ligeiramente menor. 

  • CEO, direção e sócios – 44, 41 pontos
  • Gestores de líderes (gerentes e coordenadores) – 37, 43 pontos
  • Lideranças (sub-gerentes e supervisores) – 39, 47 pontos

Novamente, todos têm um risco moderado. Sendo que os C-level são os mais próximos de consequências mais graves. Inclusive, os da geração X, nascidos entre 1980 e 1995, são os com nível mais alto de esgotamento (48). Já entre gerentes e coordenadores, a geração Z fica à frente (41,8). 

Estressores na vida pessoal e profissional

É importante considerar também os dados levantados pelo World Mental Health Report de 2022, feito pela ONU. Através do documento, fica claro que quanto maior a vulnerabilidade individual, maior é o risco das pessoas sofrerem com questões de saúde mental. 

Porém, pessoas sem vulnerabilidades individuais relevantes também podem sofrer com isso diante de uma realidade com muitos estressores, que pode, estar presentes no cotidiano das empresas. 

Isso é muito importante porque nos mostra duas coisas:

A vida pessoal dos colaboradores tem grande influência no potencial de adoecimento no trabalho

A síndrome do esgotamento profissional é definida como “estresse não gerenciado, que se torna crônico, no ambiente de trabalho”, de acordo com a OMS. 

É importante destacar esta informação, porque erroneamente a mídia tem veiculado reportagens com a palavra “burnout” em outros contextos, a exemplo da exaustão diante de trabalhos domésticos. 

Porém, diante dos dados acima, começamos a entender que também é um erro desconsiderar a realidade de cada profissional fora do ambiente de trabalho. 

Afinal de contas, nossa fonte de energia é uma só. Assim, um quadro de esgotamento profissional também normalmente afeta outras áreas da nossa vida. E vice-versa.

Por isso, em boa parte dos casos, a síndrome do esgotamento profissional pode não se resolver com um simples afastamento. 

Segundo a Dra. Geri Puleo, CEO da Change Manage Solutions e criadora do B-DOC (Burnout During Organization Change), o tempo médio para a recuperação da síndrome do esgotamento profissional é de dois anos. 

O esgotamento profissional atinge só um tipo de pessoa?

A síndrome de burnout foi definida pela OMS na última classificação do Código Internacional de Doenças, o CID 11, uma doença ocupacional. Essa mudança é significativa por vários motivos.

Um deles é que o esgotamento profissional passa a ser considerado uma responsabilidade da empresa, não só do profissional. Ou seja, as pessoas podem desenvolver a síndrome tanto por características de comportamento (individuais) quanto pela qualidade do ambiente de trabalho (coletivo). 

Se esse ambiente possui muitos estressores, conforme a pesquisa acima, tanto pessoas saudáveis quanto pessoas em situação de vulnerabilidade (social, econômica, psicológica, etc.) podem adoecer. 

Isso significa que não são apenas os workaholics e perfeccionistas que correm este risco. É claro que esse perfil comportamental não pode ser ignorado e é, sim, um fator importante para o desenvolvimento do estresse crônico. 

Mas, estamos vendo que a situação é muito mais complexa e as organizações possuem um papel de destaque tanto num cenário positivo quanto negativo. 

Saúde Mental Corporativa 2.0

Como você pode ver por todas essas informações apresentadas, o esgotamento profissional é um sério problema. Além dele, ainda existem números assustadores em relação a transtornos psicológicos – que podem vir juntos da síndrome de burnout. 

Por isso, falar que saúde mental é importante já é óbvio. Se você não viu isso até agora, existe uma boa possibilidade da sua empresa estar acumulando gastos enormes com afastamentos, turnover, absenteísmo, queda de produtividade, entre outros. 

Pior ainda é quando as empresas têm esse déficit orçamentário e ainda ficam na dúvida se o investimento em saúde mental vale a pena. 

Segundo Josh Bersin, citado anteriormente, num artigo publicado pela MIT Management Review ainda diz:

“Nossa pesquisa mostrou que organizações ‘saudáveis’ superam seus concorrentes em vários sentidos:

  • As taxas de absenteísmo tem 11x mais probabilidade de serem menores;
  • Essas empresas tem 3x mais chances de reter talentos;
  • Organizações que se preocupam com o bem-estar têm o dobro de chances de encantar os clientes, serem identificadas como “Great Place to Work” e superar as metas financeiras.

Além disso, elas se adaptam mais rapidamente a mudanças e são mais eficazes na inovação.”

Portanto, reiteramos que a saúde mental passou a ser importante também para os gestores, que precisam ver o cuidado com a saúde dos colaboradores como parte integrante da estratégia de negócios se quiserem continuar crescendo e se destacando. 

Investir em bem-estar não é suficiente para resolver o problema da saúde mental

Garantir apoio à psicoterapia e fazer uma sala de meditação são coisas muito importantes, mas as empresas que superam seus concorrentes são as que desenvolvem um ecossistema de saúde mental.

Ou seja, não só tratam do problema que já existe, mas desenvolvem mudanças na própria organização para prevenir que, em primeiro lugar, os problemas de saúde mental existam e, em segundo, que a falta do gerenciamento leve os funcionários ao esgotamento profissional.

Segundo Carol Milters, escritora e palestrante especialista em síndrome de burnout: 

“Saúde mental no trabalho é promoção de:

– Espaços seguros de troca;

– Condições justas de trabalho;

– Boa comunicação interpessoal;

– Cultura do cuidado.

Entendendo que o lucro, o ganho e a performance são importantes para a empresa, mas eles não devem guiá-la em (todos os) seus valores e decisões. É preciso colocar capitais simbólicos, sociais e pessoais em equivalência com o aspecto financeiro.”

Afinal, como muitas empresas no mundo já estão vendo, quando o lucro dita todas as ações da empresa, a destruição do capital humano é inevitável.

Segundo dados da OMS, 1 trilhão de dólares é desperdiçado anualmente pelas empresas por causa dos impactos de transtornos mentais como ansiedade e depressão. 

Como estruturar um ecossistema de saúde mental?

Falando de maneira clara e direta: não cuidar da saúde mental dos colaboradores é um tiro no pé da própria empresa. Isso você já entendeu. Existem muitos riscos envolvidos que, de acordo com o relatório da Organização Internacional do Trabalho sobre saúde mental, se dividem em:

  • Conteúdo do Trabalho / Desenho da Tarefa;
  • Carga e Ritmo de Trabalho;
  • Autonomia;
  • Ambiente e Equipamentos;
  • Cultura Organizacional;
  • Desenvolvimento de Carreira;
  • Relacionamentos Interpessoais;
  • Interface Casa e Trabalho.

Essa classificação já nos dá pistas de aspectos da cultura e das políticas internas que podem precisar ser revistas. Mas isso não é tudo. 

Para simplificar essa tarefa complexa, veja a seguir os principais pontos que uma iniciativa eficaz e duradoura de saúde mental deve ter.

Conscientização da equipe

Uma iniciativa muito comum entre as empresas que se preocupam com o bem-estar psicológico dos funcionários é fazer palestras sobre o tema. 

Essas palestras ou workshops podem abordar diferentes temas. O mais interessante é já ter feito alguma análise diagnóstica na equipe para levantar os principais problemas.

Mas, é importante ressaltar que um dos principais problemas em relação à saúde mental é justamente o estigma que ainda existe

Infelizmente, ainda vemos com bastante frequência pessoas acreditando que a psicoterapia é para “gente louca”, por exemplo, ou sentindo vergonha de estar com sintomas de depressão ou ansiedade.

Por isso, em muitos casos, antes de pensar em temas específicos vale a pena realizar bate-papos para desconstruir esses mitos e essa visão cheia de preconceitos. 

Como o Dr. Fernando Mariya falou no webinar “Saúde mental: como agir de forma preventiva e não deixar dinheiro na mesa?”, para que um programa de saúde mental tenha adesão, ou seja, para que o investimento seja frutífero, é importante que antes seja trabalhada a conscientização e, principalmente, a desestigmatização do problema. 

Do contrário, o investimento não obterá os resultados esperados. Para medir essa adesão e decidir o momento de aumentar as iniciativas para além do ciclo de palestras, é válido pedir para que os funcionários respondam surveys sobre o assunto. 

A conscientização da saúde mental em números

Segundo um estudo de caso apresentado no World Mental Health Report, já citado neste artigo, uma empresa nos Estados Unidos realizou pesquisas internas sobre saúde mental antes e depois de um treinamento sobre o tema. 

Os resultados, extremamente positivos, foram estes:

  • A conscientização de questões de saúde mental subiu de 47% para 97% entre os colaboradores;
  • A capacidade de identificar sintomas de ansiedade e depressão também foi aumentada, de 21% para 44%;
  • E a estigmatização de saúde mental, que antes era de 84%, caiu para 38%.

Treinamentos constantes e mudança da cultura

O processo de sensibilização, entretanto, não acontece após um único evento com esta finalidade. Ainda existem empresas que contratam um especialista para falar no Setembro Amarelo, por exemplo, e depois nada mais é dito sobre o assunto. 

É claro que isso não vai ter resultados expressivos. 

As campanhas como Janeiro Branco, o Dia da Saúde Mental, a SIPAT e o próprio Setembro Amarelo, além de outras datas, são momentos importantes porque ajudam no impulsionamento do debate. 

Um workshop sobre ansiedade pode acontecer numa dessas datas e o ideal é que isso comece a gerar transformações nas pessoas. Tanto colaboradores quanto líderes e gestores. 

A partir daí, o desfecho mais positivo é quando as empresas começam a se autorregular. 

Ou seja, analisar o que pode ser feito para não sobrecarregar tanto os colaboradores, trabalhar na promoção de segurança psicológica na empresa, fazer treinamentos mais aprofundados com os líderes, etc. 

O que cada empresa deve fazer depende do ambiente interno e das suas maiores urgências, mas os riscos descritos acima podem dar boas pistas. 

Arranjos de trabalho flexíveis

A maioria dos trabalhadores não-essenciais pode experimentar o home office durante a pandemia e o resultado é que 40% deles querem jornadas de trabalho mais flexíveissegundo um levantamento da Mercer

Este número ainda é menor do que a média mundial, de 60%, mas ainda é bastante expressivo.  

Cada colaborador tem seus motivos para isso, mas a questão principal é que flexibilizar a jornada ajuda muito na saúde mental e no bem-estar dos trabalhadores. 

Consequentemente, podemos ver sua produtividade crescendo e sua performance melhorando. Então porque não implementar esta iniciativa?

Oferecer psicoterapia como benefício

Por fim, depois que a conscientização já começou a dar frutos, que as mudanças começaram a ser implementadas no design organizacional – através de um programa de saúde mental, por exemplo – é hora de oferecer escuta de qualidade individual para cada um dos funcionários.

A psicoterapia traz inúmeras vantagens para a saúde mental. Além disso, faz parte do tratamento de transtornos mentais e doenças ocupacionais, como o esgotamento profissional. 

Atualmente, o Brasil é o mais ansioso do mundo, o mais estressado e o quinto mais depressivo. Ou seja, não são poucas as pessoas da empresa que precisam deste tipo de apoio. 

E, além de tratar, a psicoterapia é fundamental como prevenção a transtornos psicológicos, além de ajudar no autoconhecimento. Algo que beneficia todas as áreas da vida. 

Neste sentido, para levar em consideração a importância da saúde mental, é necessário olhar para os trabalhadores de maneira integral. Como já foi dito, a vida pessoal afeta a vida profissional e vice-versa. 

Entender o profissional enquanto um número, uma mera ferramenta para o lucro da empresa é desumanizador e, sem dúvida, está na contramão de todos os dados apresentados aqui. 

A Vittude é líder no mercado de saúde mental organizacional.

Trabalhamos com soluções completas que vão desde o diagnóstico da população, passam pela conscientização – com palestras, workshops, treinamentos e outros – e ainda oferecemos uma plataforma de psicoterapia com profissionais especializados. 

Nosso maior objetivo é que a sua empresa tenha um desfecho positivo com este investimento! Por isso, não temos um portfólio de prateleira. Nossos serviços são personalizáveis de acordo com as necessidades da sua empresa.

Faça como o grupo Boticário, a AMBEV, a Telhanorte, a L’Oréal e tenha a Vittude como parceira de saúde mental!
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Autor

Carol Motta

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Redatora sênior, especialista em SEO On Page, cientista social e com experiência em conteúdos de saúde e RH. Trabalha para viver num mundo em que as pessoas sejam mais saudáveis e as organizações, mais inclusivas.