Tristeza: entenda as causas e aprenda a lidar com esse sentimento

Aprender como lidar com a tristeza é fundamental para construir uma vida mais saudável e equilibrada.

Por mais que seja incômodo se sentir triste, é preciso ser capaz de lidar com os momentos de desânimo e angústia. Faz parte da vida e quanto mais preparado você estiver, mais fácil tende a ser esse manejo.

Ao mesmo tempo, é necessário diferenciar tristeza e depressão, afinal, apesar dos pontos de intersecção, são estados bem diferentes.

Para se aprofundar neste assunto e tirar as suas dúvidas, que tal continuar a leitura deste artigo?

O que é a tristeza e quais são suas causas?

Trata-se de uma emoção que pode ser desencadeada por acontecimentos variados, como uma desilusão amorosa, problemas financeiros, traumas, descontentamento profissional/pessoal ou algum outro conflito interior. Entretanto, não existem regras, cada pessoa reage de uma forma em relação às situações que a cercam, podendo sofrer em um nível mais ou menos intenso de tristeza

A tristeza leve é comum e passageira, sendo normal que apareça em vários momentos da vida de uma pessoa. Quando se torna muito intensa e constante, é preciso prestar atenção em suas consequências para a saúde do corpo e da mente. Além disso, é necessário ficar de olho se a tristeza já não se tornou o sintoma de alguma questão mais séria, como a própria depressão.

Inclusive, quem tem a inteligência emocional bem desenvolvida tende a manejar de maneira mais saudável os momentos de tristeza. Por isso, quanto mais fortalecida estiver a sua habilidade de reconhecimento e administração das emoções, mais fácil será cuidar da tristeza quando ela surgir.

Quais são os níveis de tristeza?

Dalai Lama, famoso líder espiritual, criou o Atlas das Emoções, um site interativo que tem como objetivo ajudar as pessoas a entenderem as 5 emoções universais e conseguirem lidar melhor com tudo o que sentem.

É possível, por exemplo, explorar no site os diferentes estágios da tristeza, entendendo que ela passa por vários níveis de intensidade, mas todos os estados são desencadeados por um sentimento de perda. Confira, do menos para o mais intenso, quais são esses níveis:

  • Desapontamento: um sentimento de que as expectativas não estão sendo atendidas;
  • Desânimo: uma resposta a falhas repetidas ao tentar realizar algo (o sentimento de que não é possível alcançar o que é desejado);
  • Perturbação: tristeza que torna difícil pensar com clareza;
  • Resignação: acreditar que nada pode ser feito;
  • Impotência: percepção de que não é possível tornar uma situação mais fácil ou melhor;
  • Desesperança: acreditar que nada bom irá acontecer;
  • Miséria: forte sofrimento ou infelicidade;
  • Desespero: a perda de esperança de que uma situação pode melhorar ou mudar;
  • Luto: tristeza por uma perda profunda;
  • Sofrimento: sentimento de angústia e tristeza muitas vezes causado por uma perda;
  • Angústia: tristeza ou sofrimento intensos.

Qual é a função das emoções?

As emoções são importantes para a evolução e adaptação de qualquer ser humano à vida. A sua principal função é estabelecer um estado de informações no corpo, garantindo respostas eficientes e rápidas em situações diversas, por exemplo, aquelas que representam um risco.

Um ponto interessante é o fato de que certas emoções básicas não precisam de aprendizado, pois todo mundo nasce com elas, por exemplo, o medo, o afeto e a segurança. No entanto, há outras emoções que são estabelecidas e compreendidas pela mente de acordo com o desenvolvimento cognitivo individual e o meio cultural no qual se está inserido.

Além da proteção em si, as emoções, de forma geral, também contribuem para a tomada de decisão, regulação emocional, conexões sociais e bem-estar psicológico.

Em relação à tristeza, cada abordagem da psicologia a entende de uma maneira específica, sendo alguns exemplos interessantes:

Psicanalítica

Nessa linha, a tristeza é vista como um sintoma de conflitos internos não resolvidos, principalmente relacionados a perdas e traumas do passado ou conflitos intrapsíquicos.

Sigmund Freud considerava a tristeza uma emoção normal dentro da experiência humana, compreendida como algo complexo que pode ter diversas origens e significados, porém, que se trata de uma expressão natural do luto e do conflito emocional.

Comportamental

A abordagem comportamental encara a tristeza como uma resposta aprendida por meio de estímulos ambientais específicos, por exemplo, a associação de eventos negativos a determinadas situações.

Os terapeutas que trabalham nessa linha focam em identificar e modificar padrões de comportamento e pensamento que contribuem para alimentar essa emoção.

Cognitivo-Comportamental (TCC)

Na TCC, a tristeza costuma ser vista como resultado de pensamentos negativos e distorcidos sobre si mesmo e o mundo externo. 

O profissional que trabalha com essa abordagem tem como foco identificar os padrões de pensamentos disfuncionais a fim de auxiliar os pacientes no desenvolvimento de uma perspectiva mais realista e equilibrada em relação àquilo que provoca a tristeza.

Humanista

A psicologia humanista enxerga a tristeza como algo natural da experiência humana quando ocorrem desencontros entre a realidade e as aspirações de um indivíduo ou quando as necessidades emocionais não são atendidas.

Sendo assim, uma linha que enfatiza a importância de aceitar essa emoção como parte do crescimento pessoal de cada ser humano.

Como diferenciar tristeza de depressão?

Existem vários pontos de intersecção entre a tristeza e a depressão, afinal, estar triste é um sintoma muito marcante em quadros de pessoas com esse transtorno mental.

A tristeza, conforme foi explicado anteriormente, faz parte da vida e  costuma ser temporária. Com o passar do tempo, a emoção se torna mais amena e é menos complexo de gerenciá-la. No entanto, caso se prolongue e se intensifique, significa que a situação deve ser observada e acompanhada por um profissional, se possível.

 A depressão é uma doença psiquiátrica crônica e recorrente. Causa uma alteração do humor, que é marcado por uma tristeza profunda e pelo sentimento de desesperança. Em um diagnóstico de depressão, a tristeza não dá tréguas, mesmo quando não há causas aparentes para a emoção ser tão intensa. Assim, o humor permanece deprimido o tempo todo e não há perspectivas de que a situação possa melhorar.

Outra diferença importante é em relação aos sintomas físicos. A tristeza pode causar sintomas mais leves, como fadiga, choro e insônia. Além disso, a depressão também é capaz de causar sintomas físicos mais graves, como dores no corpo, alterações no apetite, problemas digestivos, dores de cabeça etc.

Por fim, vale compreender que é mais difícil a tristeza afetar de forma significativa o desempenho diário de um indivíduo. Enquanto isso, a depressão pode gerar impactos negativos na escola, relações, trabalho e demais esferas.

Quais são os sintomas da depressão?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão é um transtorno mental que atinge mais de 300 milhões de pessoas no mundo. O Brasil, por sua vez, é o país com maior prevalência de casos de depressão na América Latina. 

Dados referentes a um mapeamento realizado pela OMS revelam que 5,8% da população brasileira sofre de depressão — o que totaliza mais de 11 milhões de indivíduos. Outro ponto interessante do levantamento revela que as mulheres apresentam duas vezes mais chances do que os homens de terem o diagnóstico.

Vale ressaltar que é sempre primordial consultar um médico psiquiatra e um psicólogo caso considere necessário, porém, aqui estão alguns dos sintomas mais comuns da depressão nos quais é importante ficar de olho:

  • Fadiga: um sentimento persistente de falta de energia ou cansaço, mesmo após o descanso adequado;
  • Humor deprimido: um sentimento frequente de tristeza, vazio ou desesperança, que é observado por terceiros ou pelo próprio indivíduo;
  • Baixa autoestima: sentimentos de culpa, inferioridade ou inutilidade;
  • Mudanças de apetite: aumento ou perda da fome, o que pode ocasionar ganhou ou redução de peso significativa;
  • Distúrbios do sono: insônia (dificuldade para adormecer ou manter o sono) ou hipersonia (dormir em excesso), sendo que ambos podem afetar significativamente a qualidade do sono e o funcionamento diário;
  • Irritabilidade: mau humor e impaciência constantes com situações do dia a dia;
  • Diminuição de libido: convivência com alguma disfunção sexual, como perda de desejo ou dificuldade na resposta sexual;
  • Dores e outros sintomas físicos sem causa: diarreia, dor de barriga, gases, tensão na nuca, dor de cabeça etc;
  • Dificuldade de concentração: não conseguir se concentrar em tarefas do dia a dia e ao receber instruções;
  • Perda de prazer em fazer coisas que gostava: dificuldade para realizar tarefas, hobbies e atividades que antes eram prazerosas e proporcionavam satisfação.

Quais hábitos contribuem para uma vida mais saudável?

Para uma vida equilibrada, lidar com todos os sentimentos de maneira satisfatória é essencial. Por isso, é necessário entender como administrar a tristeza de maneira saudável.

O filme Divertida Mente, da Pixar, explica de uma maneira muito didática como as emoções impactam a vida de um ser humano.

No filme, Riley é uma garotinha muito feliz e a alegria é a emoção que comanda a sua vida. A tristeza, por sua vez, é um sentimento excluído, sempre evitado. Ao longo da história, vemos que o objetivo da alegria é manter Riley o tempo todo plena e satisfeita, no entanto, a mensagem final do filme aponta que não podemos ser felizes o tempo todo. É uma missão impossível.

A alegria se dá conta de que em certos momentos Riley precisa sofrer, ou seja, a tristeza é imprescindível para o equilíbrio, assim como todas as outras emoções. Além disso, é justamente a emoção tristeza que às vezes nos faz amadurecer e enxergar as situações de uma nova forma.

Sendo assim, para alcançar o equilíbrio e aprender como lidar com a tristeza, também é importante ter consciência sobre quais hábitos impactam de forma positiva as suas emoções. Há uma relação entre corpo e mente e tudo o que fazemos no dia a dia pessoal e profissional pode influenciar como nos sentimentos. Nesse caso, alguns hábitos saudáveis que você deve tentar colocar em prática são:

  • Ter uma boa rotina de sono;
  • Beber água;
  • Praticar exercícios físicos;
  • Ter uma dieta balanceada;
  • Evitar sobrecarga de horas de trabalho;
  • Procurar trabalhar com algo que proporcione satisfação e prazer;
  • Dedicar um tempo na semana aos seus hobbies e interesses pessoais;
  • Evitar o consumo de substâncias químicas prejudiciais à saúde, como álcool e tabaco.

Como lidar com a tristeza? 9 dicas para o seu dia a dia

Apesar de a tristeza ser uma emoção que faz parte da vida de todo ser humano e que, na dose certa, ajuda a garantir o equilíbrio, é preciso saber como lidar com essa emoção de maneira inteligente para evitar prejuízos na vida pessoal e profissional.

Confira algumas dicas importantes nesse sentido:

1. Aprofunde o seu autoconhecimento

Quanto mais você se conhece, mais consciência tem sobre as suas emoções e, consequentemente, sobre as suas causas e como lidar com tudo o que está sentindo.

Isso é importante não apenas em momentos de tristeza, mas em todas as situações da sua vida, sejam elas boas ou ruins. Quanto mais autoconhecimento se tem, maiores são as chances de tomar boas decisões e viver de acordo com o que te faz feliz.

2. Pratique mindfulness

Para lidar de maneira saudável com a tristeza é fundamental aprofundar o seu autoconhecimento. 

Mindfulness é uma prática que vai além de uma técnica meditativa. Trata-se de prestar atenção de forma intencional no momento presente, com gentileza e cuidado e sem julgamentos.

Dessa forma, é possível compreender melhor o que você está sentindo e evitar que pensamentos, ruminações e preocupações desnecessárias te dominem completamente. 

Consequentemente, é possível elevar o nível de consciência e de aceitação de si mesmo, o que faz parte do processo de autoconhecimento e domínio das emoções.

3. Escreva um diário

Nem todo mundo sabe, mas a escrita é capaz de influenciar diretamente a saúde mental e física de um indivíduo. Um estudo publicado no periódico Advances in Psychiatric Treatment revelou que escrever sobre as suas emoções e situações de estresse pode ajudar a superar tais acontecimentos com maior facilidade.

Além disso, ao colocar os sentimentos no papel, seus pensamentos ficam mais claros. Uma dica é escrever cartas. Se tiver brigado com alguém, por exemplo, escreva uma carta expressando como você se sente. Não precisa entregar se não quiser, mas apenas o fato de escrever já irá ajudar a tirar tudo do peito e enxergar a situação com outros olhos.

4. Pratique exercícios físicos

O hábito de se movimentar com regularidade gera diversos impactos positivos para o corpo, aumentando a força física e a disposição, melhorando o sono e a saúde cardiovascular. Além disso, ajuda a prevenir e tratar várias doenças. Mas, além disso, os exercícios físicos também são grandes aliados da saúde mental.

Ao se exercitar, ocorre uma mudança biológica no corpo humano com a liberação de neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina. Como resultado, há redução da inflamação e melhora da resposta imune.

Além disso, há diversos estudos científicos que comprovam que os exercícios físicos contribuem para o bem-estar e para a prevenção e a melhora de sintomas de transtornos mentais como depressão, ansiedade e bipolaridade.

Para colher os benefícios, é importante encontrar uma atividade que você goste e que seja prazerosa. Teste até achar aquilo que te deixa feliz e te motiva.

5. Analise a situação sob outra perspectiva

Por mais que alguns acontecimentos possam desencadear a tristeza, é sempre possível enxergar uma mesma situação a partir de outros ângulos. 

Nada tem um lado só, porém, quando estamos no “olho do furacão” nem sempre conseguimos analisar outros pontos de vistas existentes.

A psicoterapia, por exemplo, é uma ferramenta valiosa nesse sentido, pois o psicólogo é capaz de auxiliar o paciente a refletir e analisar aquilo que causa dor e sofrimento a partir de outra ótica, que nem sempre é tão óbvia para quem está lidando com a tristeza.

6. Desenvolva a inteligência emocional

Quem deseja aprender como lidar com a tristeza não pode deixar de desenvolver a inteligência emocional.

Essa soft skill está atrelada à capacidade de um indivíduo de reconhecer e lidar com as suas emoções a fim de utilizá-las em benefício próprio. Também está relacionada à compreensão dos sentimentos alheios e ser capaz de construir relações saudáveis com as pessoas ao seu redor.

Ou seja: quanto mais desenvolvida for a sua inteligência emocional, maior será a sua capacidade de manejar com todos os tipos de emoções, inclusive a tristeza. Você estará mais preparado para identificar o que está sentindo e cuidar dos sentimentos de maneira saudável.

7. Respeite o momento do luto

Um dos comportamentos mais naturais do ser humano é querer fugir da dor. No entanto, em certos momentos o luto e a tristeza precisam ser respeitados.

Você já deve ter ouvido alguma história sobre uma pessoa que perdeu um ente querido, não processou o luto e, tempos depois, sofreu algum tipo de colapso. Isso é muito mais comum do que imaginamos e não somente nos momentos relacionados à morte de um amigo ou familiar.

Todos os dias, encaramos pequenos ou grandes lutos que precisam ser administrados da maneira correta. Ignorar ou bloquear emoções não é o melhor caminho a longo prazo. Aceite e respeite o luto, mas também saiba quando pedir ajuda.

8. Conte com uma rede de apoio

Nos momentos de dificuldades, algumas pessoas tendem a assumir uma posição de maior isolamento.

É preciso tomar cuidado com isso, pois a presença de uma rede de apoio faz enorme diferença no manejo e superação da tristeza. É uma ótima estratégia contar com o suporte de amigos e familiares próximos, seja para desabafar sobre o que você está sentindo ou para se distrair e focar em atividades que proporcionem bem-estar.

9. Faça psicoterapia

A psicoterapia é bastante interessante para fazer uma conexão mais profunda com o seu interior e desenvolver a capacidade de compreender melhor quem você é, seus valores e objetivos. 

Ao lado de um profissional capacitado, com formação em psicologia, o paciente faz um mergulho dentro de si mesmo e passa a entender, reconhecer e administrar de maneira mais eficaz e saudável as suas emoções.

É importante ressaltar também que não é preciso ter um transtorno mental para buscar a terapia. O processo como um todo é muito valioso para todas as pessoas que desejam se tornar mais conscientes sobre si. Além disso, a terapia é uma forma de prevenir o aparecimento de possíveis problemas mais graves de saúde mental, afinal, se trata de um cuidado contínuo.

Gostou de aprender como lidar com a tristeza? Agora que você tem conhecimento sobre todas essas informações, pode começar a cuidar da sua saúde mental em pequenas atitudes do dia a dia.

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Autor

Bruna Cosenza

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Escritora, produtora de conteúdo freelancer e LinkedIn Top Voice 2019. Autora de "Sentimentos em comum" e "Lola & Benjamin", escreve para inspirar as pessoas a tornarem seus sonhos reais para que tenham uma vida mais significativa.