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Entenda como ansiedade e depressão se relacionam

É comum casos de pessoas que sofrem com ansiedade e depressão ao mesmo tempo, mas isso não é uma regra.

Entender as diferenças entre esses dois transtornos psiquiátricos é fundamental, pois apesar de algumas semelhanças, não são a mesma coisa.

Visto que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, o Brasil é o país mais ansioso do mundo e com a maior prevalência de depressão na América Latina, precisamos discutir o tema a fim de disseminar informações de qualidade para que mais pessoas possam procurar ajuda quando necessário.

Para tirar as suas dúvidas e entender como ansiedade e depressão se relacionam, continue a leitura!

O que é a ansiedade?

A ansiedade se trata de uma reação normal diante de situações que geram dúvida, expectativa ou medo.

Isso significa que é completamente normal se sentir ansioso antes de uma prova importante, de uma viagem muito esperada ou de uma mudança, como o nascimento de um filho. 

O problema é quando a ansiedade é tão grande a ponto de se tornar um transtorno que compromete a qualidade de vida e o bem-estar do indivíduo. Nesses casos, a pessoa tende a sofrer demasiadamente com o futuro, incertezas e imprevisibilidades.

Alguns dos principais tipos de transtornos de ansiedade são:

  • TAG (transtorno de ansiedade generalizada): preocupação excessiva e análise minuciosa de cada situação;
  • Fobia social: preocupação e medo de situações sociais que são comuns no dia a dia;
  • Síndrome do pânico: crises intensas de medo e mal-estar geral;
  • Agorafobia: medo de situações e lugares que são capazes de gerar impotência;
  • TOC (transtorno obsessivo-compulsivo): medos irracionais e pensamentos obsessivos que geram comportamentos compulsivos.

Os sintomas podem variar de acordo com o diagnóstico, mas, no geral, há alguns físicos e psíquicos bastante comuns, por exemplo:

  • Taquicardia;
  • Palpitações;
  • Agitação de pernas e braços;
  • Náuseas e vômitos;
  • Irritabilidade;
  • Insônia;
  • Medo constante;
  • Sensação de que vai perder o controle ou algo ruim vai acontecer;
  • Desrealização, que é o sentimento de desconexão com os seus ambientes;
  • Despersonalização, que é a sensação de ser um observador externo em sua própria vida.

O que é a depressão?

A depressão é uma doença psiquiátrica crônica e recorrente, caracterizada por uma tristeza profunda e sem fim, associada a sentimentos de baixa autoestima, culpa e desesperança.

É fundamental pontuar que a depressão é diferente da tristeza transitória, que costuma ser provocada por acontecimentos difíceis, que fazem parte da vida, como a morte de uma pessoa próxima, a perda de emprego ou o término de um relacionamento.

Diante desse tipo de situação, é normal se sentir triste, mas quem não sofre depressão é capaz de encontrar maneiras de superar as dificuldades. Já quem tem a doença convive com uma tristeza que não desaparece e, muitas vezes, não tem causa aparente. 

O humor permanece deprimido e desaparece o interesse por atividades que antes eram prazerosas. O quadro depressivo faz com que a pessoa sinta que não há o que possa ser feito para melhorar a sua situação, ou seja, há ausência de perspectivas positivas.

Além do estado deprimido e desinteresse pelo o que antes gerava alegria, a depressão também tem outros sintomas, como:

  • Problemas de sono (sonolência excessiva ou insônia);
  • Alterações de peso;
  • Fadiga constante;
  • Culpa excessiva;
  • Problemas psicomotores, como apatia psicomotora ou agitação;
  • Dificuldade de concentração;
  • Alteração da libido;
  • Baixa autoestima;
  • Ideações suicidas.

Quais são as diferenças entre ansiedade e depressão?

Ansiedade e depressão são transtornos mentais que podem sim estar relacionados, mas isso não é uma obrigatoriedade. Antes de nos aprofundarmos neste ponto, é válido entender as principais diferenças entre eles.

A ansiedade tem como sua principal característica a inquietação e a preocupação constantes. Quem sofre com o transtorno, pensa muito no futuro e os pensamentos tendem a ter um viés mais negativo. 

É comum, portanto, que a pessoa antecipe o sofrimento de uma possível situação futura desagradável. Justamente pela hiper vigilância, o indivíduo presta atenção aos mínimos detalhes e comportamentos alheios para, posteriormente, ficar pensando sobre eles.

Por outro lado, a depressão é marcada pela tristeza constante, desesperança e o desinteresse súbito por aquelas atividades que antes geravam alegria.

Dessa forma, o portador da doença convive com o estado de humor deprimido e pessimista. Em casos mais graves, há a possibilidade de desenvolver pensamentos suicidas.

Percebe como são doenças que, apesar de poderem coexistir, têm características e sintomas diferentes?

Como ansiedade e depressão se relacionam?

É bastante frequente que a ansiedade e a depressão estejam presentes ao mesmo tempo no diagnóstico de algumas pessoas. Em certos casos, o indivíduo com depressão passa a apresentar sintomas ansiosos, e vice-versa. 

Quem é muito ansioso, principalmente em quadros de ansiedade crônica e incapacitante, é comum que, com o tempo, se desenvolva também um quadro depressivo decorrente do desgaste emocional e físico. 

A frustração causada pela ansiedade, por não se sentir bem para realizar as atividades do dia a dia e todas as limitações geradas pelo transtorno, pode ser um fator desencadeador para a depressão.

No entanto, não é apenas a ansiedade que é um aspecto de risco para a depressão, pois o contrário também acontece.

Além da questão genética, que pode contribuir para que uma pessoa desenvolva mais de um transtorno mental, é importante se lembrar de que há outros fatores que pesam na balança. 

Aqui, estamos falando tanto de questões internas — traços de personalidade, por exemplo — como externas, ou seja, o ambiente no qual o indivíduo está inserido.

Quais são os tratamentos para ansiedade e depressão?

Todo tratamento de saúde mental deve ser individualizado de acordo com o quadro e as necessidades do paciente. 

Há, por exemplo, vários tipos de transtornos de ansiedade, assim como a depressão também pode ter muitas ramificações e diferentes níveis de intensidade. Por isso, entender as particularidades de cada caso é o mais importante.

Um ponto fundamental, independentemente do diagnóstico, é que o paciente entenda sobre o seu transtorno e os sintomas. Primeiramente, para que possa aceitá-lo e eliminar qualquer estigma. E, em segundo lugar, para conseguir lidar melhor com os desafios e adversidades provocados pela doença.

No caso de uma crise de ansiedade, por exemplo, é importante saber como enfrentar os sintomas, que podem ser bem assustadores e paralisantes.

Além disso, no geral, os tratamentos para ansiedade e depressão podem incluir diversas estratégias, por exemplo:

Avaliação e acompanhamento psiquiátrico

O médico psiquiatra é o único que pode receitar medicamentos, se necessário. 

Nem todos os casos precisam passar por esse tipo de avaliação e acompanhamento. Tudo vai depender de como os sintomas estão impactando a qualidade de vida e o bem-estar do paciente.

Além disso, a consulta a um médico é importante para excluir outras causas clínicas e possíveis doenças que possam estar contribuindo para os sintomas.

O uso de medicamentos, por sua vez, costuma ser recomendado em casos de sintomas graves e incapacitantes, que geram muitos prejuízos na vida da pessoa.  

Acompanhamento psicológico

O suporte psicológico contínuo é fundamental em casos de ansiedade e depressão.  

Os encontros semanais com um(a) psicólogo(a) têm como objetivo auxiliar a pessoa a lidar com pensamentos disfuncionais e emoções.

Além disso, é um espaço de acolhimento, no qual se pode desabafar, expressar sentimentos e aprofundar o autoconhecimento. Dessa forma, com o tempo são definidas estratégias para encarar melhor os gatilhos e sintomas das doenças.

No caso de transtornos de ansiedade, por exemplo, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma abordagem da psicologia muito recomendada por ter uma metodologia bastante prática.

Mudanças no estilo de vida

Estas mudanças são muito particulares, de acordo com cada caso. No entanto, no geral é recomendado que o indivíduo adote um estilo de vida saudável por meio de:

  • Prática regular de atividades físicas;
  • Rotina de sono equilibrada;
  • Alimentação saudável;
  • Redução no consumo de álcool e outras drogas.

Além disso, há vários estudos sobre outras ferramentas de autoconhecimento e autocuidado, como técnicas de mindfulness e meditação. Tudo isso também é capaz de contribuir para a melhora do quadro.

DASS-21 como ferramenta de autoconhecimento

Os testes psicológicos costumam ser utilizados por profissionais da psicologia porque são ferramentas importantes para avaliar as características e a personalidade de um indivíduo.

Hoje, no entanto, há vários testes disponíveis gratuitamente na internet, como o DASS-21.

É importante ressaltar que mesmo quando o teste é renomado e preciso, não pode ser utilizado como um método de autodiagnóstico. Nada substitui a avaliação e o acompanhamento médico e psicológico, combinado?

O interessante é que ter ao seu alcance o DASS-21 permite que você pense sobre como está se sentindo e tenha em mãos um ponto de partida para cuidar da sua saúde mental com mais seriedade.

O DASS-21 é um teste de depressão, ansiedade e estresse, que mensura os níveis desses transtornos a partir de sensações e comportamentos vivenciados nos últimos sete dias. Com apenas 21 perguntas, pode ser preenchido em poucos minutos.

Apesar de contribuir para a avaliação da intensidade da ansiedade e/ou depressão vivenciada pela pessoa, o questionário não é uma ferramenta de diagnóstico e não pode ser analisado isoladamente.

Para ter um diagnóstico conclusivo e, se necessário, iniciar um tratamento adequado, converse com um psicólogo ou médico psiquiatra.

E, para conhecer o DASS-21, clique aqui!

Bruna Cosenza

Escritora, produtora de conteúdo freelancer e LinkedIn Top Voice 2019. Autora de "Sentimentos em comum" e "Lola & Benjamin", escreve para inspirar as pessoas a tornarem seus sonhos reais para que tenham uma vida mais significativa.

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