O diagnóstico de autismo em adultos, mesmo que tardio, é fundamental para o autoconhecimento e o desenvolvimento da independência do indivíduo no espectro autista.
Normalmente, são pessoas que manifestam sintomas mais leves e acabam sendo tidas como tímidas ou apenas com algumas dificuldades sociais.
É importante compreender como o autismo se manifesta em adultos e quais são os tratamentos disponíveis para conquistar mais qualidade de vida. Tudo isso e outras informações sobre o assunto você confere neste artigo. Vamos lá?
O transtorno do espectro do autismo (TEA) é um transtorno mental de desenvolvimento que causa problemas no comportamento, linguagem, comunicação e interação social.
Não se trata de uma condição uniforme por não se apresentar de maneira semelhante em todos os indivíduos com o diagnóstico.
Os sintomas do transtorno, portanto, são complexos. Cada área é afetada de uma forma e, em termos de interação social, as pessoas no espectro autista podem ter dificuldades para:
Além disso, alguns comportamentos típicos são:
A partir da análise de sintomas como estes, a condição é estudada para entender o nível do transtorno em cada indivíduo.
O autismo não tem cura, mas tem tratamento.
De acordo com a ONU, a estimativa é de que, no mundo, haja mais de 70 milhões de pessoas com autismo, sendo a incidência em meninos maior.
Quanto antes for realizado o diagnóstico, mais cedo o transtorno será acompanhado por médicos e psicólogos e a pessoa poderá, com o tempo, amenizar os sintomas e desenvolver as suas habilidades sociais.
No geral, o diagnóstico acontece nos 3 primeiros anos de idade, mas há casos de descobertas de autismo em adultos também, conforme nos aprofundaremos ao longo deste artigo.
O número de diagnósticos de autismo em crianças vem crescendo nos últimos anos. Isso não necessariamente significa que o transtorno é mais comum agora, e sim que o conhecimento sobre o espectro é maior.
Diante desse movimento, pensamos sobre quantas pessoas adultas autistas não sabem que têm autismo e, consequentemente, vivem sem tratamento.
Por isso, falar sobre esse transtorno é tão importante, principalmente para expandir as informações para além do diagnóstico infantil.
Apesar dos sintomas do TEA variarem de caso para caso, no geral são marcados por dificuldades sociais e de comunicação, além de comportamentos repetitivos e estereotipados.
Nos adultos que não foram diagnosticados na infância e viveram “normalmente”, os sintomas mais prováveis tendem a ser os de menor gravidade, mais aparentes na comunicação social e na interação do que no desenvolvimento cognitivo.
Justamente por não haver deficiências mentais ou intelectuais, o diagnóstico é tão difícil. Os principais sintomas de autismo em adultos são:
É muito comum que os pais de filhos autistas, ao se informarem mais sobre o assunto, identifiquem algumas características semelhantes em si mesmos e, por isso, também busquem ajuda profissional para receber um diagnóstico.
Visto que o autismo impacta habilidades de relacionamento, comunicação e interação, também é muito comum que o indivíduo busque suporte visando outras queixas, como a falta de conexão com as pessoas, por exemplo.
Esse tipo de questão pode ser confundida com depressão e ansiedade. Apesar de o autismo muitas vezes vir acompanhado de outras condições, não é uma obrigatoriedade. Há prejuízos gerados pela autopercepção negativa e dificuldades de socialização capazes de desencadear outros transtornos.
O diagnóstico em si é realizado por meio de diversas avaliações, com um time de profissionais, como psicólogos, psiquiatras e neurologistas.
O mais comum é que a pessoa reflita e responda sobre sintomas identificados em si mesma desde a sua infância até a vida adulta. Também pode ser que algum dos especialistas peça para conversar com os pais ou parentes próximos para entender outras perspectivas.
O autismo em adultos se diferencia pelo fato que as pessoas com diagnóstico tardio normalmente não tiveram dificuldades no desenvolvimento da linguagem. Isso significa que não tiveram a manifestação mais conhecida do TEA.
Assim, visto que os principais sintomas têm relação com a interação e socialização, além de padrões de comportamento e rotina repetitivos, os adultos conseguem mascará-los.
De acordo com o DSM-V, existem três níveis de autismo:
São sintomas leves, caracterizados por dificuldades para começar interações sociais, pouco interesse por socialização, problemas de organização e planejamento e problemas para fazer amizades.
Conhecido como autismo de alto funcionamento, a pessoa precisa de certo suporte para viver melhor, mas o transtorno não é algo incapacitante, pois a maioria vive e trabalha de forma independente.
Já no nível dois, a pessoa já precisa bem suporte substancial, pois há sintomas mais intensos, como:
Os indivíduos do nível dois têm funcionamento moderado, com certo grau de independência, mas precisam de assistência em algumas atividades.
Denominado como autismo de baixo funcionamento, no nível três os sintomas são graves, caracterizados por:
O apoio aqui é voltado para ajudar o indivíduo até mesmo a realizar atividades básicas do dia a dia, como alimentação e higiene pessoal. Por isso, a vigilância deve ser constante.
Tanto o tratamento para crianças como para adultos exige um olhar individualizado que requer uma equipe multidisciplinar composta por profissionais como psicólogo, psiquiatra, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, entre outros.
Todas as recomendações levam em consideração o quadro do paciente para montar um plano de intervenção de acordo com as suas necessidades.
No caso dos adultos, como os quadros costumam ser mais leves e sem prejuízos para o desenvolvimento cognitivo, por isso, estratégias aplicadas aos quadros graves, como fisioterapia e fonoaudiologia nem sempre são necessárias.
O mais comum é que pessoas de idade avançada sejam orientadas a realizar intervenções como:
A terapia ABA (Applied Behavior Analysis) utiliza técnicas de ensino baseadas em evidências para reduzir comportamentos prejudiciais ou que prejudicam a aprendizagem e, ao mesmo tempo, aumentar comportamentos adequados.
Assim, o objetivo é o ensino individualizado das habilidades necessárias para que a pessoa com TEA tenha independência e mais qualidade de vida.
A intervenção, considerada eficaz para melhorar habilidades sociais e de comunicação, ajuda no aperfeiçoamento de:
Outra abordagem muito aplicada para casos de autismo é a terapia cognitivo-comportamental (TCC), em que o psicólogo identifica comportamentos e pensamentos que geram desconforto, que precisam ser trabalhados.
Ao acompanhar a rotina do indivíduo com TEA, são ensinadas técnicas de autorregulação e autocontrole, além daquelas voltadas para o aprimoramento das habilidades sociais.
O foco da TCC é a reestruturação mental do paciente, o que é feito a partir da contestação de distorções cognitivas e crenças irracionais e da reformulação de padrões de pensamento. Assim, ajuda quem tem autismo a reconhecer suas emoções, desenvolver habilidades de convívio social e a cognição.
A terapia ocupacional é voltada para a prevenção e tratamento de pessoas portadoras de alterações cognitivas, perceptivas, psicomotoras e afetivas, inclusive o autismo.
O terapeuta ocupacional avalia as melhores alternativas e aplica diferentes atividades de trabalho de acordo com a evolução do tratamento dos distúrbios do paciente.
Dessa forma, a intervenção utiliza tecnologias e atividades variadas com foco na autonomia do indivíduo que precisa melhorar a adaptação à vida social e desenvolver a autoconfiança para mitigar os impactos do TEA em sua vida.
Por mais que não existam medicamentos específicos para o tratamento do autismo, em alguns casos, o TEA pode vir acompanhado de outras condições, como depressão e ansiedade.
Nesses casos, há a possibilidade de serem utilizados antidepressivos, ansiolíticos e estabilizadores de humor. Lembrando que os remédios precisam ser prescritos e o seu uso acompanhado por um médico psiquiatra.
A ABA e a terapia cognitivo-comportamental são bastante recomendadas em casos de autismo, mas outras abordagens também podem ser eficazes dependendo do quadro do paciente.
A terapia por si só é uma ferramenta muito poderosa porque promove o autoconhecimento, auxiliando no manejo mais saudável de questões gerais da vida (traumas, dificuldades, angústias) que podem ser sentidas com maior intensidade por quem tem TEA.
Ao receber o diagnóstico, muitas vezes o adulto com autismo se sente aliviado por finalmente entender a razão por trás de alguns de seus comportamentos. A terapia potencializa ainda mais essas descobertas e ajuda a promover uma vida mais saudável.
Agora que você já aprendeu sobre as peculiaridades do autismo na fase adulta, que tal continuar aprendendo sobre transtornos mentais e como cuidar da saúde mental? Aproveite para ler mais conteúdos no blog da Vittude!
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