Quando se fala sobre saúde mental, é importante entender a relação entre transtornos mentais e suicídio.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, 800 mil pessoas tiram suas próprias vidas todos os anos. Na maioria dos casos, transtornos mentais, como a depressão, são os fatores que contribuem para essa tomada de decisão extrema.
Diante da grande necessidade de eliminar tabus sobre o tema a fim de contribuir para que cada vez mais pessoas procurem ajuda, compilamos neste artigo algumas informações importantes. Que tal continuar a leitura e se aprofundar?
Os transtornos mentais são caracterizados por disfunções na atividade cerebral que afetam o humor, pensamentos, emoções, comportamentos e percepções, podendo influenciar a qualidade de vida e o bem-estar do indivíduo, além de afetar a sua relação com outras pessoas.
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), existem mais de 300 transtornos mentais catalogados.
Visto que cada um tem as suas particularidades, é impossível definir sintomas comuns a todos, mas é fundamental ficar atento a alguns aspectos gerais que podem sinalizar a presença de um transtorno. Entre eles:
Além disso, há diversos fatores que contribuem para o desenvolvimento de um transtorno mental, entre eles, aspectos psicossociais, genéticos, ambientais e biológicos. Para o tratamento adequado, é necessário consultar um médico psiquiatra e um psicólogo.
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O Brasil é o país mais ansioso do mundo e com a maior prevalência de depressão na América Latina.
Há várias questões que influenciam um cenário como este, mas em âmbito nacional vale considerar:
É claro que, além disso, cada indivíduo tem as suas questões pessoais, inclusive fatores genéticos que são capazes de influenciar o desenvolvimento de doenças mentais.
O ponto principal deve ser o fato de que ainda existe muito preconceito em relação às doenças da mente, por isso, quanto mais falarmos sobre o assunto, mais as pessoas deixam de ter vergonha e procuram ajuda especializada.
O suicídio é definido como um ato deliberado executado pela própria pessoa, de forma consciente e intencional, com o objetivo de causar a própria morte.
Segundo a OMS, no Brasil os registros chegam a 14 mil casos por ano, ou seja, uma média de 38 suicídios por dia.
São diversas as causas do suicídio, mas é muito comum estar relacionado à presença de algum transtorno mental. Os principais são:
A depressão se trata de uma doença psiquiátrica crônica e recorrente. O seu principal sintoma é a alteração de humor, marcada pela tristeza profunda e sem fim, além de sentimentos de desesperança, baixa autoestima, amargura e culpa.
Aqui é fundamental conseguir diferenciar a depressão da tristeza transitória, extremamente comum à vida de todos os seres humanos.
Diante de acontecimentos difíceis e dolorosos, como a morte de uma pessoa próxima ou o término de um relacionamento, é normal ficar triste. No entanto, as pessoas que não têm depressão encontram uma forma de superar a situação, mesmo que leve certo tempo.
Já quem sofre com o transtorno mental permanece com o humor deprimido sem tréguas, mesmo quando não há uma causa clara. Assim, some o interesse por atividades que antes eram prazerosas e a pessoa perde a perspectiva de que seu quadro possa melhorar.
Outros sintomas muito comuns são:
Sem o devido tratamento, o caso pode evoluir tanto a ponto do indivíduo começar a pensar em suicídio e, posteriormente, realizar algo de fato para tentar tirar a própria vida.
Trata-se de um transtorno mental complexo, caracterizado por alternância, muitas vezes súbita, entre episódios de depressão e euforia e períodos assintomáticos. São crises que podem ter intensidade leve, moderada ou grave.
Segundo o DSM. ICV e o CID-10, a bipolaridade pode ser classificada em diferentes tipos:
A frequência das crises e a gravidade dos sintomas varia de acordo com o tipo. No geral, o portador do transtorno mental pode sofrer com:
De acordo com a Associação Brasileira de Transtorno Bipolar, de 30% a 50% dos portadores da doença tentam o suicídio. O risco maior de tirar a própria vida ocorre principalmente nos estados mistos, em que sintomas de exaltação de humor e depressão se misturam.
Para evitar esse cenário, é fundamental contar com tratamento medicamentoso e psicoterápico.
Existem diversos tipos de transtornos de personalidade, um grupo de doenças mentais em que os traços comportamentais e emocionais do indivíduo não são bem ajustados de acordo com os parâmetros de normalidade.
Esses transtornos são diagnosticados quando os traços de personalidade revelam um significativo “desvio” em relação aos demais e são inflexíveis demais. Isso prejudica a adaptação em situações cotidianas, gerando sofrimento e perturbação nos relacionamentos interpessoais e em outros âmbitos da vida.
Cada tipo de transtorno tem seus sintomas e um tratamento mais adequado, mas em todos os casos é necessário acompanhamento especializado, seja de um médico psiquiatra ou psicólogo, a fim de reduzir o risco de suicídio.
A esquizofrenia é um transtorno mental caracterizado pela perda de contato com a realidade, com mudanças em como a pessoa sente, pensa e se comporta socialmente.
A perda da noção da realidade faz com que ela não tenha mais noção sobre o que é imaginário e o que é real, o que é chamado de psicose. Os sintomas, portanto, incluem ver e ouvir coisas que não existem de verdade.
Resumidamente, há dois tipos de sintomas nesse transtorno:
As alucinações, percepções que acontecem independentemente de estímulo externo, são como vozes imperativas e, em alguns casos, podem fazer com que a pessoa se suicide.
Por fim, precisamos dar atenção ao abuso de substâncias, como álcool e outras drogas, utilizadas com o objetivo de amenizar dores psicológicas. Nesses casos, o risco de suicídio também aumenta apesar de não haver uma relação direta.
O uso de substâncias para lidar com situações difíceis e dolorosas é capaz de gerar o entorpecimento, o que faz com que a pessoa fique incapaz de entender as consequências de suas atitudes.
É comum, por exemplo, o caso de pessoas com algum transtorno mental prévio, como depressão, que ao utilizarem muitas drogas, sofrem uma overdose e morrem. Esse ato pode ser consciente ou não e, portanto, há uma relação com o suicídio que deve ser levada em consideração.
Apesar de ser uma situação bastante grave quando uma pessoa chega a pensar ou tentar tirar a própria vida, há formas de prevenção e tratamento até mesmo para evitar que se atinja este ponto.
Aqui vão algumas orientações importantes:
Informação é a ponta do iceberg. Enquanto boa parte da população não souber o que está por trás do suicídio, as pessoas continuarão achando que é “coisa de louco” e estigmatizando que sofre com o problema.
A normalização da pauta é o ponto central aqui e gera um efeito cascata. Afinal, quanto mais informação, maior é a conscientização e mais pessoas buscam tratamento (além de conseguirem ajudar umas às outras).
O Setembro Amarelo é a principal campanha de conscientização e prevenção ao suicídio.
Infelizmente, o assunto ainda é um grande tabu e muitas pessoas acreditam que evitar falar faz com que o problema não exista. Pelo contrário: deixar de falar contribui para que mais pessoas sofram em silêncio e deixem de buscar ajuda.
Campanhas como essa são fundamentais para gerar conversas relevantes e colocar o holofote na questão para que mais gente procure ajuda.
Pessoas que têm ideias suicidas ou chegam a executar a tentativa de tirar a própria vida o fazem porque, na maioria dos casos, estão sofrendo com um transtorno mental que altera radicalmente a sua percepção da realidade.
O excesso de sofrimento faz com que a atitude seja tomada porque o indivíduo não enxerga mais nenhuma solução para a sua situação. Portanto, ter acesso ao tratamento é fundamental para prevenir esse tipo de ato.
Boa parte dos casos poderia ser evitada se as vítimas recebessem ajuda, tanto de profissionais especializados como de parentes ou amigos.
Mas é importante se lembrar de que a busca por tratamento passa pelo passo anterior que é o acesso à informação e, é claro, a eliminação de tabus sobre o assunto. Isso porque muita gente, sem o diagnóstico adequado, não tem clareza sobre o que está enfrentando, além de lutarem contra a vergonha por se sentirem dessa forma.
A terapia, por sua vez, é outra ferramenta importante quando se fala sobre a relação entre transtornos mentais e suicídio.
Ao oferecer um espaço de acolhimento, o psicólogo é um profissional capacitado para oferecer o suporte necessário a fim de conduzir o paciente rumo à construção de uma vida mais saudável e equilibrada.
Ao longo das sessões, são trabalhadas as questões que causam perturbação, dor e angústia com o objetivo de entender as causas, gatilhos e padrões de comportamento.
Assim, com o passar do tempo, e em conjunto com outras ações (como hábitos saudáveis e medicação psiquiátrica), é possível se reequilibrar novamente.
A terapia, no entanto, não precisa (e não deve) ser abandonada assim que os problemas são trabalhados e solucionados. Em muitos casos, o acompanhamento contínuo por muitos anos é recomendado para evitar recaídas e, é claro, garantir o suporte emocional e psicológico necessário que o paciente precisa para viver melhor.
O CVV é um instrumento poderoso na prevenção ao suicídio, pois se trata de um número no qual as pessoas podem lugar para conversar com voluntários.
Não é um trabalho de diagnóstico, aconselhamento e muito menos julgamento. O papel dos voluntários é apenas ouvir e, por meio da conversa, indicar possibilidades de suporte específico e gratuito para que o indivíduo busque ajuda.
Normalizar as conversas sobre transtornos mentais e suicídio é o caminho para eliminar os tabus sobre o assunto e ajudar mais pessoas a procurarem ajuda especializada.
Saber identificar quando alguém próximo não está bem, oferecer suporte ou apenas escutar o que o outro tem para falar é o primeiro passo. É dessa forma que abrimos espaço para um mundo mais saudável.
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