Depressão: causas, sintomas físicos, tratamentos e prevenção

Depressão ou transtorno depressivo maior é uma doença comum e séria que afeta negativamente como você se sente, como pensa e como age. Contudo, felizmente também é tratável.

A depressão provoca sentimentos de tristeza e/ou perda de interesse em atividades que em momentos anteriores traziam prazer. Pode levar a uma variedade de problemas emocionais e físicos e pode diminuir a capacidade de uma pessoa manter suas atividades normais no trabalho e em casa.

Os sintomas de depressão podem variar de leves a graves e podem incluir:

  • Tristeza ou com um humor deprimido;
  • Perda de interesse ou prazer em atividades antes apreciadas;
  • Alterações no apetite – perda de peso ou ganho não relacionado à dieta;
  • Problemas para dormir (insônia) ou dormir demais;
  • Perda de energia ou aumento da fadiga;
  • Baixa autoestima e presença de sentimentos de culpa;
  • Dificuldade para pensar, concentrar ou tomar decisões;
  • Pensamentos de morte ou suicídio.
  • Os sintomas devem durar pelo menos duas semanas para um diagnóstico de depressão.

Além disso, condições médicas (por exemplo, problemas de tireóide, um tumor cerebral ou deficiência de vitamina) podem imitar sintomas de depressão, por isso é importante descartar causas médicas gerais.

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Depressão no Brasil

No Brasil, 5,8% da população sofre com a depressão. Ela afeta um total de 11,5 milhões de brasileiros. Ou seja, segundo os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país com maior prevalência de depressão da América Latina e o segundo com maior prevalência nas Américas, ficando atrás somente dos Estados Unidos, que têm 5,9% de depressivos.

A depressão é uma das doenças que mais afasta pessoas do mercado de trabalho. Em 2016, 75,3 mil trabalhadores brasileiros foram afastados de suas atividades por causa da depressão, com direito a recebimento de auxílio-doença em casos episódicos ou recorrentes.

Eles representaram 37,8% de todas as licenças em 2016 motivadas por transtornos mentais e comportamentais, que incluem não só a depressão, mas também o estresse, ansiedade, transtorno bipolar, esquizofrenia e transtornos mentais relacionados ao consumo de álcool e cocaína.

Depressão é diferente da tristeza e do luto

A morte de um ente querido, a perda de um emprego ou o fim de um relacionamento são experiências difíceis para uma pessoa suportar. Assim, é normal que sentimentos de tristeza ou de luto se desenvolvam em resposta a tais situações. Desse modo, aqueles que experimentam perda, muitas vezes podem descrever-se como “deprimido”.

Contudo ficar triste não é o mesmo que ter depressão. O processo de luto é natural e único para cada indivíduo e compartilha algumas das mesmas características da depressão. Ou seja, tanto o luto quanto a depressão podem envolver tristeza intensa e afastamento das atividades habituais.

Eles também são diferentes em aspectos importantes:

  • No luto, sentimentos dolorosos vêm em ondas, muitas vezes misturadas com lembranças positivas do falecido.
  • Na depressão maior, o humor e/ou interesse (prazer) diminuem durante a maior parte das duas semanas.
  • No luto, a autoestima é geralmente mantida. Na depressão maior, sentimentos de inutilidade e auto-aversão são comuns.

Para algumas pessoas, a morte de um ente querido pode causar depressão grave. Perder um emprego, ser vítima de uma agressão física ou de um grande desastre pode levar à depressão para algumas pessoas.

Quando o luto e a depressão coexistem, o luto é mais grave e dura mais do que o luto sem depressão. Apesar de alguma sobreposição entre tristeza e depressão, elas são diferentes. A distinção entre elas pode ajudar as pessoas a obter ajuda, apoio ou tratamento de que precisam.

Fatores de risco para depressão

A depressão pode afetar qualquer pessoa – até mesmo uma pessoa que parece viver em circunstâncias relativamente ideais.

Vários fatores podem desempenhar um papel na depressão:

Bioquímica: Diferenças em certas substâncias químicas no cérebro podem contribuir para os sintomas.

Genética: Depressão pode ocorrer em famílias. Por exemplo, se um gêmeo idêntico tem depressão, o outro tem 70% de chance de ter a doença em algum momento da vida.

Personalidade: Pessoas com baixa autoestima, que são facilmente oprimidas pelo estresse, ou que são geralmente pessimistas, parecem mais propensas a sofrer de depressão.

Fatores ambientais: A exposição contínua à violência, negligência, abuso ou pobreza pode tornar algumas pessoas mais vulneráveis à depressão.

O que mais pode desencadear a depressão?

  • Transtornos psiquiátricos correlatos;
  • Estresse e ansiedade crônicos;
  • Disfunções hormonais, problemas na tireóide;
  • Excesso de peso, sedentarismo e dieta desregrada;
  • Vícios (cigarro, álcool e drogas ilícitas);
  • Hiperconexão e excesso de estímulos, como o uso excessivo de internet e redes sociais;
  • Traumas físicos ou psicológicos, experiências de violência doméstica ou abuso;
  • Separação conjugal, perda de emprego, desemprego por tempo prolongado ou a perda de uma pessoa muito querida;
  • Fibromialgia e dores crônicas;

Como a depressão é tratada?

A depressão está entre os mais tratáveis dos transtornos mentais. Entre 80% e 90% das pessoas com depressão acabam reagindo bem ao tratamento. Quase todos os pacientes ganham algum alívio de seus sintomas.

Antes de um diagnóstico ou tratamento, um psicólogo ou médico psiquiatra deve realizar uma avaliação diagnóstica completa, incluindo uma entrevista e, possivelmente, um exame físico.

Em alguns casos, um exame de sangue pode ser feito para garantir que a depressão não seja causada por uma condição médica como um problema de tireóide. A avaliação é para identificar sintomas específicos, histórico médico e familiar, fatores culturais e fatores ambientais para chegar a um diagnóstico e planejar um curso de ação.

Plataformas como a Vittude podem facilitar a busca por um psicólogo especializado em casos de depressão que atenda a requisitos específicos para atender a todos que precisem de acompanhamento. Acesse nosso site e confira você mesmo todas as oportunidades oferecidas!

>>> Leia também: Esquizofrenia: conheça os tipos, sintomas e tratamentos

Medicação

A química do cérebro pode contribuir para a depressão de um indivíduo e pode influenciar seu tratamento. Por esse motivo, os antidepressivos podem ser prescritos para ajudar a modificar a química do cérebro. Estes medicamentos não são sedativos, “superiores” ou tranquilizantes. Eles não são formadores de hábito. Geralmente, os medicamentos antidepressivos não têm efeito estimulante em pessoas que não sofrem de depressão.

Os antidepressivos, como por exemplo o Rivotril ou Fluoxetina, podem produzir alguma melhora na primeira ou segunda semana de uso. Os benefícios completos podem não ser vistos por dois a três meses.

Se um paciente sentir pouca ou nenhuma melhora após várias semanas, seu psiquiatra pode alterar a dose da medicação ou adicionar ou substituir outro antidepressivo. Em algumas situações, outros medicamentos psicotrópicos podem ser úteis. É importante informar ao seu médico se um medicamento não funciona ou se você tiver efeitos colaterais.

Os psiquiatras geralmente recomendam que os pacientes continuem tomando medicação por seis ou mais meses depois que os sintomas melhoraram. Tratamento de manutenção a longo prazo pode ser sugerido para diminuir o risco de episódios futuros para certas pessoas de alto risco.

Psicoterapia

Psicoterapia às vezes é usada sozinha para o tratamento da depressão leve; para depressão moderada a grave, a psicoterapia é frequentemente usada junto com medicamentos antidepressivos. Terapia cognitivo comportamental (TCC) é uma das abordagens terapêuticas apontada como eficaz no tratamento da depressão.

A Terapia Cognitivo Comportamental é uma forma de terapia focada no presente e na resolução de problemas. A TCC ajuda a pessoa a reconhecer o pensamento distorcido e depois a mudar comportamentos e pensamentos.

A psicoterapia pode envolver apenas o indivíduo, mas pode incluir outros. Por exemplo, a terapia familiar ou de casais pode ajudar a resolver problemas dentro desses relacionamentos íntimos. Terapia de grupo envolve pessoas com doenças semelhantes.

Dependendo da gravidade da depressão, o tratamento pode levar algumas semanas ou muito mais tempo. Em muitos casos, melhorias significativas podem ser feitas em 10 a 15 sessões.

Terapia eletroconvulsiva

Terapia eletroconvulsiva (ECT) é um tratamento médico mais comumente usado para pacientes com depressão maior grave ou transtorno bipolar que não responderam a outros tratamentos.

Trata-se de um procedimento feito sob anestesia geral, no qual pequenas correntes elétricas passam pelo cérebro, desencadeando intencionalmente uma breve convulsão. A ECT parece causar mudanças na química cerebral que podem reverter rapidamente os sintomas de certas doenças mentais.

Um paciente normalmente recebe a terapia eletroconvulsiva duas a três vezes por semana para um total de seis a 12 tratamentos. A ECT tem sido usada desde a década de 1940, e muitos anos de pesquisa levaram a grandes melhorias. Geralmente é gerenciado por uma equipe de profissionais médicos treinados, incluindo um psiquiatra, um anestesista e uma enfermeira ou um médico assistente.

Embora a terapia eletroconvulsiva ainda provoque alguns efeitos colaterais, ela agora usa correntes elétricas fornecidas em um ambiente controlado para obter o maior benefício com o menor número possível de riscos.

Autoajuda e Enfrentamento

Há várias coisas que as pessoas podem fazer para ajudar a reduzir os sintomas da depressão. Para muitas pessoas, o exercício regular ajuda a criar sentimentos positivos e melhorar o humor. Obter um sono de qualidade regularmente, manter uma dieta saudável e evitar o álcool (um depressivo) também pode ajudar a reduzir os sintomas da depressão.

A depressão é uma doença real e a ajuda está disponível. Com diagnóstico e tratamento adequados, a grande maioria das pessoas com depressão a superará. Se você estiver com sintomas de depressão, o primeiro passo é consultar um médico de confiança ou o psiquiatra. Fale sobre suas preocupações e solicite uma avaliação completa. Este é um começo para abordar as necessidades de saúde mental.

Condições relacionadas:

  • Depressão pós-parto;
  • Depressão sazonal (também chamada de transtorno afetivo sazonal);
  • Transtorno depressivo persistente (previamente distimia);
  • Trastorno disfórico pré-menstrual;
  • Trastorno disruptivo da desregulação do humor;
  • Transtornos bipolares

Como prevenir a depressão?

Recuperar-se da depressão é uma jornada longa e difícil. Infelizmente, 50% das pessoas que têm um episódio importante de depressão irão ter recaídas, e a probabilidade aumenta se você teve mais de um episódio. O risco de recaída pode variar, dependendo da gravidade dos sintomas e do histórico familiar.

Assim, a boa notícia é que existem alguns passos que podem ajudá-lo a evitar as recaídas da depressão.

Fique atento ao excesso de trabalho

Enquanto permanecer ocupado não é um problema, ter atividades demais, muito cedo, pode ser.

Sentir-se oprimido cria estresse, e o estresse é um fator de risco para a depressão. Além disso, experiências estressantes podem tornar os sintomas de ansiedade e depressão ainda mais graves.

Contudo, é muito importante conhecer os próprios limites e tentar manter uma vida equilibrada. Se você está propenso à depressão, isso é de sua responsabilidade – assim como escovar os dentes ou obedecer aos limites de velocidade.

Exercite-se regularmente

Sabe qual é uma das melhores maneiras de prevenir a depressão? A prática de exercícios físicos.

“O exercício parece ser um antidepressivo por si só e pode agir como um antídoto para o estresse”, diz Gerard Sanacora, MD, PhD, professor de psiquiatria da Universidade de Yale.

Uma análise de 2009 descobriu que o exercício ameniza a depressão, bem como a terapia cognitivo-comportamental (TCC) ou antidepressivos.Uma combinação de resistência e aeróbica parece melhor do que o exercício aeróbico sozinho. Exercícios com foco meditativo, como mindfulness, tai chi e yoga, também ajudam.

Depressão e yoga
Exercícios físicos como a yoga podem ajudar a prevenir a depressão

Voluntarie-se

O trabalho voluntário e a compaixão podem melhorar sua saúde mental e ajudá-lo a viver mais tempo. Voluntariado significa sair do sofá e sair de casa, então nos torna mais fortes e mais aptos fisicamente.

Pessoas mais ajustadas fisicamente tendem a lidar melhor com o estresse, o que pode ajudá-las a ter uma vida mais longa e livre da depressão.

Ou seja, conexões sociais podem ser boas para nós. Quando nos conectamos com outras pessoas, abrimos espaço para doar e ajudar o próximo e isso inclui muito contato visual e sorrisos, com um sentimento de gratidão por se conectar ao outro.

Assim, tais interações liberam um hormônio chamado ocitocina, que nos ajuda a ficar mais atentos e cuidar dos outros, e também nos ajuda a lidar melhor com o estresse.

Decerto, o voluntariado é uma boa maneira de conhecer outras pessoas, fazer amizades e unir-se a crenças e objetivos comuns. Pode nos dar uma sensação profunda de felicidade, que também está associada a vidas mais longas e saudáveis.

Depressão e voluntariado
Ajudar ao próximo aumenta a sensação de propósito e aumenta os níveis de felicidade, a depressão

Evite álcool e drogas

Fique longe de álcool e drogas especialmente ilegais, que podem interferir com medicamentos para depressão e alterar o seu humor – e não de um jeito bom.

O álcool é um depressor, e muitas drogas empobrecem a serotonina e a dopamina, que são importantes neurotransmissores em relação ao humor. Assim, recomenda-se que pessoas em tratamento contra depressão se abstenham de álcool, mesmo socialmente.

Mantenha uma atitude de gratidão

A gratidão é uma atitude e um estilo de vida que demonstraram ter muitos benefícios em termos de saúde, felicidade, satisfação com a vida e a forma como nos relacionamos com os outros. Ou seja, ela anda de mãos dadas com a atenção plena em seu foco no presente e a apreciação pelo que temos agora, em vez de querer mais e mais.

Sentir e expressar gratidão transforma nosso foco mental em positivo, o que compensa a tendência natural do nosso cérebro de se concentrar em ameaças, preocupações e aspectos negativos da vida.

De tal forma, a gratidão cria emoções positivas, como alegria, amor e contentamento, que a pesquisa mostra pode desfazer o aperto de emoções negativas, como a ansiedade. Promover a gratidão também pode ampliar seu pensamento e criar ciclos positivos de pensamento e comportamento de maneira saudável e positiva.

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Fonte:

American Psychiatric Association

Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais 5.ª edição (2013)

* Conforme artigo atualizado em 12/12/2019

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Autor

Tatiana Pimenta

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CEO e Fundadora da Vittude. É apaixonada por psicologia e comportamento humano, sendo grande estudiosa de temas como Psicologia Positiva e os impactos da felicidade na saúde física e mental. Cursou The Science of Happiness pela University of California, Berkeley. É maratonista e praticante de Mindfulness. Encontrou na corrida de rua e na meditação fontes de disciplina, foco, felicidade e produtividade. Você também pode me seguir no Instagram @tatianaacpimenta

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Maurílio Ernandes
3 anos atrás

Pessoal criei um grupo onde estou ensinando vários tratamentos que tem funcionado para pessoas que tem depressão, ansiedade, fobia ou qualquer outro problema emocional. Entrem no grupo para aprender=>>facebook.com/groups/viverplenamente333

duda_santana47
4 anos atrás

Bem interessante, conheci mais sobre essa doença e seus riscos, essa plataforma pode ajudar muitas pessoas a se previnir e até a lutar contra a depressão.

Everton Höpner
Admin
6 anos atrás

Bacana seu blog e muito bonito! Sou um dos fundadores da Vittude, podemos trocar conteúdo, o que acha de falarmos sobre isso? Abraços!

Artigo publicado em Transtornos Mentais e Neurodiversidade