Os efeitos dos ansiolíticos e antidepressivos

A introdução dos psicofármacos no tratamento de transtornos mentais se popularizou na medicina por volta dos anos 50. Isso mudou completamente as perspectivas e paradigmas que prevaleciam na psiquiatria e outros campos relacionados a saúde mental.

Segundo levantamentos nacionais promovidos por seguradoras de saúde brasileiras realizados em 2017, o consumo de antidepressivos no Brasil cresceu 74% em seis anos. Em 2013, em levantamento realizado pelo IMS Health, foi apontado que o brasileiro gasta R$ 1,8 bilhões com antidepressivos e estabilizadores de humor.  

O uso de psicofármacos é um dos muitos tabus atrelados aos preconceitos que rodeiam os transtornos mentais. Existem divergências da comunidade médica sobre doenças como depressão e ansiedade serem causadas por um desequilíbrio químico cerebral. Entretanto, a prática do tratamento com remédios é a mais utilizada atualmente. Muitas vezes surte bons efeitos, porém cada vez mais seu uso é banalizado e utilizado em problemas pontuais.

Para estabelecer qual medicação deve ser receitada, o médico leva em consideração o possível diagnóstico. Casos de transtornos mentais são repletos de peculiaridades em relação aos sintomas e levam mais tempo para um diagnóstico preciso. Idade do paciente, seus problemas físicos (problemas hepáticos ou vasculares) e a resposta ao uso de medicamentos anteriormente também são levados em conta. 

Como funcionam os psicofármacos?

Ansiolíticos e antidepressivos atuam em locais e de maneiras distintas em nosso organismo.

antidepressivos

Antidepressivos

Segundo pesquisas, pacientes depressivos apresentam uma falha na neurotransmissão por serotonina e noroadrenalina. Desta forma, os antidepressivos promovem através de mecanismos de bloqueio e recaptação o aumento desses neurotransmissores no nosso cérebro. Basicamente os antidepressivos se dividem em duas classes, o tricíclicos e medicamentos mais modernos como IRSN, IRSS, IMAO.

Ansiolíticos

Os medicamentos da classe dos ansiolíticos são utilizados para problemas que vão desde problemas do sono até crises convulsivas. Possuem efeito sedativo (reduzindo a atividade, causando sonolência e induzindo à calma) ou hipnótico (induzindo ao sono).

A maioria dos ansiolíticos atuam em um neurotransmissor denominado GABA, atuando sob seus receptores e melhorando sua afinidade. Os ansiolíticos se dividem entre benzodiazepínicos e barbitúricos. A diferença é que o segundo aumenta a receptividade dos neurotransmissores de outras formas que não por atuação no GABA.

Efeitos colaterais a médio e longo prazo

A possibilidade de efeitos colaterais é o que mais preocupa os médicos e pacientes durante o tratamento com psicofármacos. Muitas vezes inibem os pacientes de iniciarem o tratamento.

Antidepressivos

Os antidepressivos da classe dos tricíclicos, apesar de apresentarem maior eficácia, também apresentam menor tolerância e maior número de reações adversas. As reações mais comuns são: boca seca, retenção urinária, queda de pressão, constipação intestinal, visão borrada, taquicardia, tonturas, sudorese, sedação, ganho de peso e tremores.

As medicações antidepressivas mais modernas, apesar de apresentarem melhor tolerância ainda possuem efeitos colaterais. Os mais comuns são: cefaléia, ansiedade, náuseas, diminuição do apetite e do desejo sexual, inquietude, insônia, nervosismo e tremores.

Segundo estudos realizados pela Universidade de Bolonha, o uso a longo prazo de antidepressivos tem apresentado efeitos opostos ao objetivo inicial. Ou seja, uma piora no quadro e maior vulnerabilidade do paciente.

Ansiolíticos

É importante ressaltar que os ansiolíticos, diferentemente dos antidepressivos, atuam no sintoma e não em sua causa. Podemos comparar com um remédio para a febre, ele regulariza a temperatura mas não age no problema que a causou.

Existem efeitos colaterais mais comuns dos pacientes que utilizam este tipo de medicação. São eles: perda de memória, fadiga, sedação, sonolência, incoordenação motora, diminuição da concentração, atenção e reflexos.

Os efeitos a longo prazo que mais preocupam os pacientes que se tratam com ansiolíticos são uma possível dependência, crises de abstinência e efeito rebote (retorno dos sintomas mesmo após o tratamento). Enfim, para evitar estes problemas é necessário estabelecer um tempo de tratamento e retirar a medicação de forma gradual.

Contudo, é importante ressaltar que a medicação é apenas uma das ferramentas que você possui para o seu tratamento. Ela apresenta uma série de contra-indicações e riscos, mas pode ser a melhor opção em alguns casos.

Procure associar o tratamento medicamentoso a psicoterapia e faça visitas frequentes ao seu psiquiatra e outros profissionais da área atendidos pelo seu plano de saúde. Assim, eles podem estabelecer o melhor tratamento e intervir em situações de risco.

Finalmente, vale a ressalva que o uso de medicamentos pode ser uma ótima opção, mas o ideal é que esse tratamento seja combinado com o acompanhamento psicológico. Pesquisas comprovam que a combinação de ambos é o que gera maior resultado. A psicoterapia garante um cuidado geral e contínuo para o paciente.

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Autor

Bruna Cosenza

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Escritora, produtora de conteúdo freelancer e LinkedIn Top Voice 2019. Autora de "Sentimentos em comum" e "Lola & Benjamin", escreve para inspirar as pessoas a tornarem seus sonhos reais para que tenham uma vida mais significativa.