CID-11 e Programas de Saúde Mental: do planejamento à análise de resultados

O Código Internacional de Doenças (CID-11) influencia o diagnóstico e tratamento de doenças e transtornos para todos os profissionais de saúde, bem como a implementação de programas de saúde mental.

A sua última atualização traz mudanças em relação a diversos aspectos de saúde mental e muda as estratégias dos profissionais de saúde organizacional e recursos humanos para potencializar as ações para a promoção de bem-estar psicológico. 

Se você ainda não tem um programa de saúde mental na sua empresa, é hora de voltar duas casas. De acordo com o Conselho Federal de Enfermagem, estamos vivendo uma pandemia de saúde mental. E os números alarmantes das diversas organizações de saúde nacionais e mundiais só corroboram com esta ideia. 

A negligência das empresas em cuidar dos seus colaboradores não é só ruim para eles, mas traz inúmeros malefícios para as empresas. E, com as mudanças geradas pela CID-11, a tendência é vermos um aumento de processos judiciais nas organizações que continuem agindo desta forma. 

Neste artigo, você  vai ver:

Quais as mudanças da  CID-11 para os programas de saúde mental?

O CID-11 trouxe algumas mudanças relacionadas à saúde mental. A principal delas é a mudança na  caracterização da síndrome de Burnout, que agora passa a ser uma doença ocupacional.

Veja mais sobre o assunto neste artigo!

E o ponto principal aqui é que as empresas precisam se responsabilizar muito mais pelo bem-estar dos trabalhadores, assim como pelo seu adoecimento e suas consequências

A Burnout é uma doença complexa e que, na maioria dos casos, não é tratada rapidamente e, na maior parte das vezes, requer uma vigilância para o resto da vida. 

O colaborador pode precisar ficar meses afastado ou até ser desligado da empresa. Enquanto isso, precisa arcar com psicoterapia, remédios psiquiátricos, mudanças no estilo de vida e muitos outros cuidados necessários.

Num cenário pós-pandemia em que muitos de nós ainda estamos lutando para recuperar a saúde mental, isso é ainda mais importante. 

Não por acaso, durante os últimos anos de isolamento social muitas empresas começaram a olhar de maneira mais significativa para o cenário interno. Casos de depressão e ansiedade aumentando sempre são um alerta! 

Aliás, nós fizemos um levantamento com a Opinion Box sobre a saúde mental dos brasileiros no pós-pandemia e:

  • 90% acha que a saúde mental precisa ser levada mais a sério
  • 57% afirmaram ter começado a cuidar da saúde mental durante a pandemia
  • 72% preferem trabalhar em empresas que tenham programas de saúde mental 

Como estruturar um programa de saúde mental que dê bons resultados?

Também é importante dizer, já de início, que programas de saúde mental eficazes precisam ser personalizados de acordo com as necessidades de cada empresa. 

Cada ação precisa ser pensada e planejada a partir de um diagnóstico, senão elas perdem o sentido.

Imagine que os colaboradores estão enfrentando desafios relacionados com assédio moral dos seus líderes e você faz um treinamento sobre a importância do equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Isso pode até ser útil, mas não toca na principal dor dos funcionários. E pode, inclusive, piorar o clima organizacional já que muitas pessoas podem entender que a empresa está se recusando a encarar seu principal problema. Aquilo que está realmente causando prejuízos para toda a equipe. 

Benefícios de implementar programas de saúde mental no ambiente de trabalho

Segundo uma pesquisa da American Psychological Association, 71% dos trabalhadores consideram que os empregadores estão mais preocupados com a saúde mental no ambiente de trabalho do que no passado. 

Ao mesmo tempo, poucos são os funcionários que se sentem à vontade para falar sobre as suas questões de saúde mental no trabalho. E de quem é a culpa? Em boa parte das vezes, dos próprios empregadores!

Mas você sabe quais as vantagens um programa de saúde mental pode trazer tanto para os colaboradores quanto para a empresa? 

Veja só:

  • Aumento da produtividade
  • Melhora do clima organizacional 
  • Redução do absenteísmo
  • Maior retenção de talentos
  • Diminuição de custos com o plano de saúde
  • Avanço do employer branding

Estratégias para promover a saúde mental no ambiente corporativo

Cuidar do bem-estar psicológico virou uma obrigação de toda empresa que não quiser sofrer consequências bastante negativas no futuro. Segundo a OMS, 86% dos brasileiros têm algum transtorno mental. E muito provavelmente você já sabe que isso gera muitos prejuízos no ambiente de trabalho – tanto para o funcionário quanto para a empresa.

Por isso ter um programa de saúde mental é tão importante! Mas, talvez você esteja se perguntando, como construir uma iniciativa que seja realmente eficaz e que vá dar retornos positivos para a organização. 

Por isso trouxemos algumas sugestões para você aplicar na sua empresa:

Faça avaliações de saúde mental mensalmente

Uma das maneiras de saber como anda a saúde mental dos colaboradores é através de avaliações anônimas. Dessa forma, a preocupação com o constrangimento ou outras formas de retaliação diminui e é mais provável que as respostas sejam verdadeiras.

Mesmo assim, não adianta fazer essa avaliação uma vez por ano, né? As respostas não vão significar quase nada. Inclusive, considerando o que você vai poder fazer com elas. A cada dia acontecem situações novas, seja no trabalho ou na vida pessoal dos funcionários. 

Por isso, é fundamental que as iniciativas de saúde mental mantenham um ritmo alinhado com a situação. Quanto pior ela estiver, maior terá que ser a frequência das avaliações. 

Mas é claro que também é importante pensar no que é viável para cada instituição. Afinal, fazer as avaliações sem analisá-las e implementar mudanças não vai mudar nada. 

Mantenha um canal de feedback

Outra opção – que se complementa muito bem com a anterior – é ter um canal de feedback aberto. Assim você pode ouvir dos próprios funcionários quais são as necessidades deles e o que não está sendo atendido. 

Lembre-se: o foco é ajudar os colaboradores, então permita que eles façam parte do processo! Tenha certeza que, se esta prática for realizada com responsabilidade, eles ficarão muito gratos e você terá muito mais insumo para criar ações que gerem resultados positivos. 

Esse canal pode acontecer via e-mail, reuniões 1:1 ou outros canais particulares. Seja criativo e pense no que funciona melhor na sua empresa. 

Continue oferecendo o home office como opção

Uma rotina de trabalho flexível tornou-se prioridade para muitos trabalhadores. Uma pesquisa feita no LinkedIn mostrou que 78% dos profissionais desejam uma jornada flexível. 

Para muitos, isso pode ser mais do que um simples desejo. Pais e mães de filhos pequenos ou que cuidam de pessoas idosas, por exemplo, podem precisar de alguma flexibilidade no trabalho para conseguirem equilibrar as obrigações profissionais com as da vida pessoal. 

Treine as lideranças

Outro aspecto fundamental é conscientizar as lideranças para a importância do cuidado com a saúde mental dos funcionários. 

Infelizmente, ainda existe um grande estigma. Muitos gestores ainda entendem transtornos psicológicos como fraqueza ou frescura. Isso é um erro grave que só tende a piorar as relações de trabalho. 

Inclusive, é importante considerar que as próprias lideranças também precisam de cuidados com a saúde mental. Veja, então, como é uma questão que atinge muitas esferas e que requer um apoio estruturado para funcionar. 

Ofereça psicoterapia como benefício 

Muitas vezes, as questões enfrentadas pelos funcionários não têm a ver apenas com o ambiente de trabalho. A maioria de nós vive um contexto desafiador do ponto de vista emocional. Seja nas relações familiares, na vida financeira, na desconexão consigo mesmo e em vários outros aspectos.

É importante lembrar de ver o colaborador de maneira integral, sem separar trabalho de vida pessoal. Só assim é possível entendê-lo melhor e entender, também, que um apoio psicológico individual e especializado é obrigatório se a ideia é transformar a sua vida para melhor. 

Incentive a prática de exercícios físicos

O Brasil é um dos países mais sedentários da América Latina e o pior em índices de saúde mental. 

É claro que manter a saúde mental em dia envolve muitos outros cuidados, mas os benefícios da atividade física para a saúde mental são amplamente conhecidos e devem ser incentivados. 

Isso sem falar, é claro, nos benefícios de movimentar-se com regularidade para a saúde física também. Destacamos a prevenção de doenças crônicas, que também podem gerar afastamentos e a necessidade de um acompanhamento mais próximo. 

Estabelecer uma parceria com academias ou ter uma sala com aparelhos na própria empresa são possibilidades muito viáveis e que podem ajudar a melhorar o bem-estar dos colaboradores.  

Promova mudanças na cultura organizacional

Todos os itens acima vão gerar transformações. Elas não serão rápidas, mas vão se tornando consistentes à medida que o trabalho vai se desenvolvendo. Também não é algo linear. 

Conflitos vão aparecer em alguns momentos e é saudável que isso aconteça. O importante é que a organização já estará apta a buscar uma resolução para os problemas que aparecerem. 

A soma de todas essas mudanças vão impactar positivamente a cultura da empresa também. E que bom! Sempre há pontos para melhorar, não é mesmo? A ideia é que essa evolução aconteça em todos esses âmbitos: com os funcionários, os líderes, os gestores e a cultura organizacional. 

Como a CID-11 pode orientar a implementação de programas de saúde mental

Uma das mudanças mais importantes no Código Internacional de Doenças é que a síndrome de Burnout, que atinge 30% dos trabalhadores brasileiros, agora é caracterizada como doença ocupacional. 

Nesse sentido, entender melhor o que é uma doença ocupacional e quais as obrigações da empresa é muito importante. Mas, além disso, a CID-11 ajuda muito a desenvolver de programas de saúde mental. 

A partir daí, as ações realizadas precisam envolver a responsabilização das empresas. A Burnout, oficialmente, não é mais um transtorno mental. Ou seja, algo que é problema exclusivo do colaborador e que ele precisa resolver sozinho.

Entender isso significa, de maneira prática, que duas coisas (no mínimo) precisam ser feitas: apoio psicoterapêutico aos colaboradores e mudança na cultura organizacional da empresa. 

É por isso que aqui na Vittude nós oferecemos o pacote completo. Olha só o que a Marcela D’Ávila, diretora de marketing da L’Oreál disse: 

“Eu fico muito feliz que eu tenha recebido da empresa, através da colaboração com a Vittude, todo esse ferramental que foi me apresentado hoje: de passo-a-passo, de conseguir identificar situações, de como lidar e liderar, de qual é a minha postura num momento tão importante para a empresa e para mim.”

Veja o case completo aqui!

Essa é a resposta de uma líder responsável e comprometida com a sua equipe de maneira integral. Ou seja, de alguém que entende que saúde mental e bom desempenho profissional estão diretamente relacionados. 

Portanto, entender as mudanças da CID-11 é vital para realmente atacar o problema através da implementação de programas de saúde mental eficientes e não só fingir que a empresa está fazendo alguma coisa. Afinal, o importante é que os resultados realmente apareçam e sejam positivos!

Como avaliar a efetividade dos programas de saúde mental alinhados a CID-11?

Falando em resultados, existe uma etapa importantíssima nos programas de saúde mental alinhados a CID-11 para comprovar sua eficácia: a análise do desfecho. 

Com este artigo, você já entendeu os benefícios de implementar um programa como esse, que ações estratégicas devem ser realizadas e, agora, é importante medir o que funcionou e o que ainda precisa ser aprimorado. 

Mas pensar sobre isso só depois das fases anteriores não faz sentido. Então, mesmo que essa seja a última etapa, é importante que o objetivo do programa e as métricas sejam definidas lá no seu planejamento. 

Assim, a estratégia estará bem alinhada e será muito mais fácil obter dados e informações objetivas. Especialmente se considerarmos o grau de subjetividade que existe neste tema, não é?

Veja a seguir quais métricas escolher para a análise e como realizar melhorias!

Métricas para medir o impacto dos programas 

Escolher os melhores indicadores para medir a performance do programa é fundamental para fazer uma boa análise dos resultados. Uma que realmente vai ajudar a empresa a verificar se o investimento deu certo. Não por acaso elas são chamadas de KPIs (Key Performance Indicator) e têm características em comum. 

Assim, nossa recomendação é que você siga o método SMART. De acordo com o qual, toda KPI precisa ser:

S – Específica: quanto maior o nível de especificidade, menor a chance de erro na hora de analisar. Pergunte-se o que exatamente você quer observar dentro dos principais problemas elencados lá no planejamento;

M – Mensurável: essa métrica precisa ser medida. Assim, é importante ter números para analisar e não só questões qualitativas. Por exemplo: número de afastamentos, número de adoecimentos leves, médios ou graves, número de demissões, etc. 

A – Alcançável: também não adianta criar uma meta para o programa que não pode ser atingida. Se hoje seu clima organizacional é péssimo, ele não vai se tornar excelente em seis meses;

R – Relevante: entenda, de maneira clara, qual a importância da métrica para os objetivos do programa e da organização. A produtividade, por exemplo, é extremamente relevante porque impacta de maneira direta os processos e resultados da empresa;

T – Temporal: para que possam haver melhorias, as métricas precisam ser analisadas num período específico. Se a taxa de afastamentos, por exemplo, foi 10% num ano e 20% no ano seguinte, é importante buscar o motivo do aumento para resolver o problema. 

Nesse sentido, algumas opções que obedecem todos esses critérios são:

Taxa de turnover

A rotatividade de funcionários é uma das métricas mais importantes para analisar o clima organizacional. Uma alta rotatividade pode significar que o ambiente de trabalho está com problemas significativos e estes provavelmente estão afetando a saúde mental dos colaboradores, que preferem sair da empresa. 

Para o cálculo do turnover, basta aplicar a fórmula:

Taxa de turnover % = 

(nº de colaboradores desligados ÷ nº de total de colaboradores) × 100

Nesta fórmula, estão inseridos tanto os colaboradores desligados quanto os demitidos. Para um cálculo que associe turnover a clima organizacional, é importante considerar só os que pediram demissão. 

Além disso, também pode ser interessante analisar o custo do turnover. Assim você verá de maneira mais objetiva o prejuízo que a falta de cuidados com a saúde mental está gerando para a organização:

Custo do turnover = custos de desligamento + custos de recrutamento e contratação + custos da redução de produtividade

Produtividade

Essa métrica dispensa explicações. Por isso, dependendo dos objetivos do seu programa de saúde mental, ela pode até ser considerada a métrica principal. Mas ela não é tão fácil de ser medida.

Isso porque a produtividade pode ser algo bastante subjetivo e depende de questões mais específicas para ser quantificada. Nossa recomendação é que você observe questões como qualidade das entregas, cumprimento de prazos, metas batidas, etc. 

Como o seu cálculo depende de vários aspectos, é interessante fazê-lo num período menor de tempo. Assim, há um risco menor da subjetividade atrapalhar o processo. 

Absenteísmo

Um dos principais motivos para a ausência no trabalho são justamente as questões relacionadas à saúde física ou mental. Idas ao médico, indisposição, exames, entre outros. Por isso, ela também é uma métrica que não pode ficar de fora. 

Para calcular a taxa de absenteísmo, use a fórmula:

Índice de absenteísmo = (nº de ausências ÷ nº total de dias de trabalho) × 100

Clima organizacional

A qualidade do clima no ambiente de trabalho também é outro aspecto fundamental para analisar a eficácia de um programa de saúde mental. O ideal é que com o programa, o clima fique muito mais agradável para os funcionários e isso seja um fator benéfico para a saúde mental da equipe. 

Para calculá-lo, é possível usar o Net Promoter Score (NPS), comumente utilizado para medir a taxa de satisfação dos clientes em relação à empresa ou seus produtos. 

Peça para que os colaboradores respondam anonimamente quanto eles se sentem satisfeitos com o clima organizacional (de 0 a 10). Separe as respostas em três grupos:

  • Detratores: 0 a 6
  • Neutros: 7 e 8
  • Promotores: 9 e 10

Ignore os neutros e faça este cálculo:

NPS = nº de promotores – nº de detratores

Satisfação com os benefícios

O índice de satisfação com os benefícios também pode ser interessante, especialmente se a empresa já oferece ou está pensando em oferecer psicoterapia para os funcionários. 

Como este é um benefício diretamente ligado à saúde mental, pode gerar insights sobre, por exemplo, quão importante ele é para a equipe. 

Para calcular, é só usar a mesma fórmula do NPS mencionada anteriormente e mudar a pergunta. Você pode considerar todos os benefícios e/ou benefícios específicos. 

A Vittude é uma referência em relação à saúde mental e conta com uma cartela de clientes que tem empresas como Boticário, L’Oréal, Renner, Itaú, Banco do Brasil, entre outros.

Estamos equipados com uma equipe capacitada para construir o melhor plano de saúde mental com você, personalizando o projeto de acordo com as necessidades específicas da sua empresa.

Além disso, contamos com um vasto catálogo de psicólogos que passaram por uma seleção rigorosa a fim de possibilitar uma chance maior de desfechos positivos para cada funcionário. 
Ficou interessado? Entre em contato e converse com um de nossos especialistas!

Autor

Carol Motta

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Redatora sênior, especialista em SEO On Page, cientista social e com experiência em conteúdos de saúde e RH. Trabalha para viver num mundo em que as pessoas sejam mais saudáveis e as organizações, mais inclusivas.