Maternidade e trabalho: o preconceito com as mães no mercado

Preconceito e incompreensão marcam o dia a dia das mulheres quando o assunto é maternidade e trabalho. Praticamente todo mundo já viu ou ouviu falar de um acontecimento desagradável no meio corporativo relacionado a uma mulher que é mãe.

Cada vez mais o assunto tem sido discutido para que as mulheres não precisem mais enfrentar tantos desafios e adversidades desconfortáveis apenas pelo simples fato de desejarem conciliar a maternidade com o trabalho.

Infelizmente, ainda vivemos em uma sociedade machista que desvaloriza e menospreza a mulher em diversas esferas da vida, sendo uma delas o trabalho. Muitos estudos apontam que a realidade preconceituosa com mulheres que são mães ainda existe e é preciso de um olhar atento todas essas questões.

Se quiser conferir tudo sobre maternidade e trabalho e dicas práticas que podem ser implementadas na sua empresa para mudar essa realidade, continue a leitura deste artigo!

Maternidade e trabalho: quais são os problemas que as mulheres enfrentam?

Uma mulher precisa lidar com muitas questões quando decidem ser mãe. Uma delas é a carreira. Nem todo mundo tem noção de que os desafios são enormes e afetam não apenas a mãe mas, em alguns casos, até o próprio bebê.

A pesquisa “Maternidade e Mercado de Trabalho”, realizada pelo VAGAS.com, apontou que 52% das mães que ficaram grávidas ou saíram em licença-maternidade no último emprego, passaram por alguma situação ruim na organização em que trabalhavam.

Em seguida, confira alguns dos principais problemas que essas mulheres enfrentam na carreira quando decidem ter um filho:

Preconceito

O preconceito ainda existe e muitas empresas insistem em fazer perguntas como: “Você tem filhos?” ou “Pretende ter filhos?” quando estão realizando uma entrevista de emprego com uma mulher. Isso acontece porque muitas pessoas ainda cultivam a ideia de que mulheres que são mães não irão se dedicar tanto quanto aquelas que não lidam com as preocupações da maternidade.

Além disso, uma grávida tem direito à licença-maternidade, que dura de 4 a 6 meses, e ao salário-maternidade, que é o valor pago que garante auxílio financeiro às mães durante o período de licença.

Por mais equivocado que seja cultivar esse tipo de pensamento, algumas empresas ainda não enxergam este cenário com bons olhos e consideram desvantajoso contar com mulheres grávidas no quadro de funcionários da empresa.

O preconceito, portanto, existe, e não é somente no momento da contratação.  Ainda na pesquisa realizada pela VAGAS.com, 23,7% das mulheres relataram ouvir comentários desagradáveis quando estavam grávidas.

Demissão

Quando o assunto é maternidade e trabalho, a lei está ao lado da mulher e diz que a partir do momento em que se é descoberta a gravidez ela adquire estabilidade. Tal estabilidade tem duração de até cinco meses depois do nascimento do bebê.

Mesmo assim, algumas empresas demitem mulheres grávidas sem justa causa durante esse período. Nesses casos, a organização recebe uma notificação para readmitir a funcionária e, caso a readmissão não seja possível, deve pagar uma indenização à mulher, de tal forma que se mantém seu direito à licença-maternidade e direitos trabalhistas.

A estabilidade se trata de um direito previsto também para mulheres em período de experiência ou em contrato de trabalho temporário.

Vale pontuar, no entanto, que ainda assim a mulher grávida pode ser demitida por justa causa. O importante é ficar de olho se a empresa está agindo de forma honesta ou não.

Redução de responsabilidades ou de carga horária

Em alguns casos, a mulher não é demitida, mas a partir do momento em que está grávida ou quando volta da licença-maternidade, tem a sua carga horária de trabalho ou até mesmo suas responsabilidades reduzidas.

Isso não é nem um pouco agradável para a mulher que está no início da gravidez e deseja continuar trabalhando normalmente. E igualmente desagradável para a profissional que volta depois da licença-maternidade e se depara com uma realidade muito diferente do esperado.

A crença de que as mulheres não se dedicarão ao trabalho devido à gravidez ainda faz com quem muitas empresas optem por reduzir a participação das grávidas/mães nos projetos e tarefas.

Falta de empatia

É verdade que quando uma mulher engravida e decide se tornar mãe, muitas coisas mudam em sua vida. O próprio processo da gravidez é extremamente peculiar e cada uma o enfrenta de uma maneira diferente. Algumas terão que lidar com uma gravidez de risco e certas complicações maiores. Outras, por sua vez, viverão os nove meses com muita tranquilidade.

O ponto aqui é que todos que convivem com uma grávida ou uma mãe precisam ter empatia, afinal, só quem vive a experiência sabe como é desafiadora. A falta de empatia no ambiente de trabalho é um grande problema que as mães dizem enfrentar.

Talvez, um dia ela precise sair mais cedo para fazer exames ou acorde se sentindo muito enjoada e indisposta. Faz parte e nenhum ser humano está totalmente pronto para lidar com estes desafios. Por isso, é muito importante que os gestores e outros colaboradores sejam empáticos e evitem comentários desagradáveis sobre maternidade e trabalho.

Dificuldade de recolocação no mercado

Algumas mães optam por abrir mão temporariamente da carreira para se dedicarem aos filhos. Um tempo depois, quando já conseguiram criar uma rotina e se adaptar às mudanças, querem voltar ao mercado de trabalho, mas enfrentam muitas dificuldades.

Uma pesquisa da Catho apontou que depois da chegada dos filhos, as mulheres deixam o mercado de trabalho cinco vezes mais do que os homens.

Além disso, outros estudos apontam que costuma existir um intervalo forçado de dois a três anos ente o nascimento da criança e a volta da mãe ao mercado. E quando elas retornam, os dados apontam que 2/3 das vezes é para uma vaga ou salário inferiores ao que tinham antes da gravidez.

Com essa realidade, surgem iniciativas bem interessantes que visam auxiliar o retorno dessas mães ao mercado de trabalho. A plataforma “Contrate uma mãe”, por exemplo, une empresas e candidatas mulheres mães.

E a paternidade: como fica nessa história?

As diferenças são bem claras quando vemos que a lei prevê licença-paternidade de apenas cinco dias para o pai. Esse período se inicia no primeiro dia útil depois do nascimento do bebê. Porém, se a empresa estiver cadastrada no programa Empresa Cidadã, o benefício é estendido para vinte dias.

É claro que se for do interesse da empresa, pode negociar uma licença-paternidade mais longa, mas essa ainda não é a realidade de muitas organizações no Brasil.

Há uma diferença muito grande entre o que é concedido às mulheres e aos pais quando o assunto é maternidade/paternidade. Isso reflete a sociedade em que vivemos, que ainda coloca a mãe nesse papel central de responsabilidade com os filhos.

Afinal, quantos homens vocês conhecem que largou a carreira para cuidar das crianças? Imagino que poucos, mas você não ficaria surpreso em ouvir que uma mulher decidiu sair do mercado de trabalho para se dedicar à maternidade, né?

Quais são os efeitos deste cenário na vida da mulher?

Com tantas adversidades em relação à maternidade e trabalho, as mulheres que optam por ter filhos acabam sofrendo profundos efeitos colaterais decorrentes dos preconceitos, comentários maldosos, falta de empatia e por aí vai.

Tudo isso impacta fortemente a maneira que elas lidam com as suas inseguranças, dúvidas e objetivos profissionais. Entenda, em seguida, quais são as principais consequências deste contexto profissional na vida das mulheres que também são mães.

Desequilíbrio emocional

Um estudo realizado na Universidade Baylor, nos Estados Unidos, com mais de 250 mães sobre episódios de discriminação em relação à maternidade revelou dados impactantes.

Mulheres que relataram sofrer preconceito e estresse tinham níveis maiores de sintomas de depressão pós-parto e os bebês estavam sujeitos a apresentar peso menor no nascimento. Outro ponto negativo é que as crianças poderiam chegar ao mundo com idade gestacional inferior à desejável.

Apesar do estudo não estabelecer uma relação de causa e efeito, fica clara uma ligação indireta que conecta o preconceito contra a grávida ao desenvolvimento de certos problemas de saúde. Os cuidados com o equilíbrio emocional são tão importantes quanto a saúde física da gestante. Portanto, é necessário ficar de olho nos efeitos colaterais de um ambiente hostil e preconceituoso contra a mulher grávida.

Opressão do desejo de ter filhos

O cenário complexo para mulheres que decidem ser mães acaba afetando os planos e desejos pessoais que muitas delas possuem. A pesquisa citada anteriormente, da VAGAS.com, revelou que 70% das respondentes disseram que não pretendem ter filhos nos próximos anos. Destas, 43% afirmou que a decisão é devido a dificuldade de conseguir emprego ou se manter estável no mercado quando se engravida.

É triste pensarmos que muitas mulheres podem estar desistindo do sonho da maternidade porque vivemos em uma sociedade que ainda cultiva preconceitos e não compreende o verdadeiro valor da mulher que quer ser mãe e manter a carreira ao mesmo tempo.

Insegurança profissional

Aquelas mulheres que não desistem da maternidade independentemente das adversidades que virão pela frente acabam se deparando com uma realidade muitas vezes complexa.

Dessa forma, todos os desafios podem gerar uma insegurança profissional excessiva. Muitas mulheres ficam receosas de contarem que são mães de filhos pequenos, têm medo de como serão vistas e ficam inseguras em relação a serem ou não valorizadas no ambiente de trabalho.

Vale pontuar, no entanto, que a maternidade tem o seu lado positivo que contribui sim para a carreira. Isso porque uma mãe desenvolve diferentes habilidades e amadurece bastante ao longo do processo da maternidade.

Qual é o papel das empresas para lidar com maternidade e trabalho?

Por fim, mas não menos importante, não podemos deixar de aprofundar no papel das empresas quando o assunto é maternidade e trabalho.

Afinal, o que pode ser feito nas organizações para que as mães tenham direitos iguais e não se sintam inseguras? Como criar um ambiente mais inclusivo e respeitoso? E qual tipo de suporte pode ser oferecido às mamães da empresa? Confira as nossas dicas!

Deixar claro que atitudes preconceituosas não são toleradas

A empresa que não se manifesta em relação a assuntos como a maternidade e o trabalho não contribui para a formação de colaboradores mais conscientes e respeitosos em relação ao assunto.

Para que seja criado um ambiente agradável para todos, inclusive para as mães, é necessário levantar a pauta em reuniões e, quem sabe, até promover palestras e conteúdos sobre o tema.

De alguma forma é necessário comunicar aos funcionários que atos e falas preconceituosos não serão tolerados de forma alguma no ambiente de trabalho. Esse é um ótimo primeiro passo, não é mesmo?

Comunicar os direitos

Outro ponto que depende exclusivamente de uma comunicação clara e eficiente é conscientização em relação aos benefícios trabalhistas e as expectativas antes e depois da licença maternidade.

É muito importante que as mulheres conheçam os seus direitos e deveres nesse tipo de situação. Assim, se sentem mais seguras e confortáveis para lidar com o processo da maternidade sem receios relacionados à demissão, por exemplo.

Oferecer horários flexíveis

A política de horários flexíveis é essencial para todos os colaboradores hoje em dia. No entanto, as mães precisam de uma atenção especial aqui, pois em alguns momentos precisarão se ausentar para realizar exames e consultas do pré-natal.

A empresa deve estar ciente, acolher e respeitar momentos como esses que visam manter a saúde e bem-estar da mãe e do bebê.

Normalizar a amamentação no trabalho

Há uma lei para amamentação que diz que até os seis meses da criança a mãe tem direito a pausas intercaladas, de meia hora a cada turno. É importante que tanto a mulher como a empresa tenham consciência deste direito e normalizem a amamentação nesse período.

RH e mãe podem negociar para que essas pausas aconteçam da melhor forma possível. Os intervalos podem ser utilizados para encontrar a criança e amamentá-la, receber o bebê na empresa para amamentar ou extrair o leite e armazená-lo para alimentar o filho.

Alinhar as mudanças e responsabilidades

Não inferiorize a grávida e diminua as suas responsabilidades sem alinhamentos prévios. O diálogo é essencial nesse momento, pois ninguém além da própria mulher poderá dizer com o que se sente confortável durante o período da gravidez e na sua volta à empresa.

Talvez ela queira continuar com os mesmos projetos e deveres. Talvez prefira dividir as responsabilidades com outra pessoa. O importante é garantir um alinhamento claro e transparente, pois assim ela não se sente “passada para trás” só porque está grávida.

Ofereça a psicoterapia como benefício corporativo

Como já citado anteriormente, muitas mães sofrem com um desequilíbrio emocional por conta dos desafios e adversidades proporcionados pela gravidez. No ambiente de trabalho, ela também pode acabar se sentindo insegura e acuada, o que não é nada positivo.

Por isso, é tão importante que a empresa disponibilize a psicoterapia como um benefício corporativo com o objetivo de fornecer um auxílio psicológico para que ela consiga lidar com todas as mudanças em sua vida.

Isso não significa que apenas organizações em que o clima é hostil precisam oferecer a psicoterapia como um benefício às mulheres grávidas. Na verdade, o clima corporativo pode ser ótimo e saudável, mas mesmo assim é interessante que as mulheres tenham esse acompanhamento profissional para conseguirem lidar com seus medos e inseguranças ao longo deste período tão desafiador.

A psicoterapia pode ser um benefício para todos os colaboradores da empresa, mas neste caso terá um papel muito importante para as mamães.

Cuide da relação entre maternidade e trabalho na sua empresa

Não postergue mais essa necessidade! É importante ter um olhar atento e cuidadoso em relação às mulheres que também são mães. E esse cuidado pode começar com uma incrível parceria da sua empresa com o Vittude Corporate.

Oferecemos um benefício corporativo que ajuda as empresas a cuidarem de forma preventiva da saúde mental de seu time. Por meio de um​ investimento fixo mensal, por colaborador, a sua organização oferece um subsídio parcial ou integral para sessões de psicoterapia com psicólogos da nossa base.

E aí, ficou interessado? Então fale com um dos nossos especialistas e leve a psicoterapia para a sua empresa!

Autor

Bruna Cosenza

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Escritora, produtora de conteúdo freelancer e LinkedIn Top Voice 2019. Autora de "Sentimentos em comum" e "Lola & Benjamin", escreve para inspirar as pessoas a tornarem seus sonhos reais para que tenham uma vida mais significativa.