
Ritalina: como ela age no organismo e para que é indicada
30 de maio de 2019
| Tempo de leitura: 10 minutosRitalina, nome comercial de medicamento cujo princípio ativo é o cloridrato de metilfenidato, é um estimulante do sistema nervoso central.A Ritalina é indicada para tratamentos de transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), transtorno hipercinético e narcolepsia.
Com o uso do medicamento, a atenção, o foco e a concentração são favorecidos. Já a sonolência diurna (típica da narcolepsia) diminui, consideravelmente.
Por atingir tais efeitos, a Ritalina passou a ser utilizada de modo equivocado, por pessoas que não apresentam os transtornos mencionados — mas desejam melhorar a performance intelectual.
Concurseiros, que precisam dedicar muitas horas aos estudos e necessitam de bom desempenho da memória, se tornaram consumidores ávidos do metilfenidato, como se esse fosse uma espécie de “pílula da inteligência”.
Mas será que a Ritalina funciona para esse propósito?
Descubra, neste post, a resposta a essa e outras dúvidas sobre os usos do cloridrato de metilfenidato.
Como a Ritalina age no organismo?
A ação do fármaco ainda não é plenamente compreendida. Acredita-se que o metilfenidato atue como um psicoestimulante, aumentando a produção e os níveis de dopamina e noradrenalina.
Como resultado, incrementa o estado de vigília o que, por consequência fisiológica, beneficia a capacidade de concentração.
Por que a Ritalina é indicada?
Ao melhorar certas atividades cerebrais, a Ritalina proporciona mais qualidade de vida para crianças e adultos diagnosticados com TDAH, transtorno hipercinético e narcolepsia.
Portanto, deve ser indicada especificamente como coadjuvante no tratamento desses distúrbios — visto que, nesses casos, também são recomendadas abordagens psicoterapêuticas.
Qual o efeito da Ritalina?
Quando utilizada corretamente, por pessoas que realmente necessitem do medicamento, o metilfenidato equilibra funções executoras, proporcionando:
- potencialização da concentração;
- diminuição da perda de foco e da fácil distração;
- melhora no desempenho escolar;
- queda da impulsividade;
- maior atenção em atividades cotidianas;
- redução da inquietude física e mental;
- menor ocorrência de sono em momentos imprevisíveis.
Para pessoas com TDAH, esses efeitos podem significar algo tão impactante que muitos poderiam falar em uma vida antes e depois da Ritalina.
Antes, dependendo do grau do transtorno, poderia ser uma grande dificuldade lembrar do enredo de um filme que acabou de assistir. Ou de uma conversa, de uma instrução recebida, de uma informação que deveria memorizar.
A distração também poderia causar problemas sérios, transformando tarefas simples, como dirigir, em perigos iminentes.
Pelo que vimos, uma vez que o medicamento age como estimulante do sistema nervoso, a vida depois do uso controlado de Ritalina, se apresenta muito mais agradável e segura.
Os benefícios são expressivos na convivência social, na produtividade acadêmica e no trabalho, além de trazer reflexos para a autoestima e bem-estar, visto que o indivíduo passa a se perceber mais integrado, capaz e confiante.

Quais os efeitos colaterais da Ritalina?
A bula do remédio alerta que as reações adversas, quando ocorrem, tendem a ser passageiras e moderadas. Isso, obviamente, quando a dosagem prescrita é respeitada.
No entanto, efeitos colaterais podem se manifestar. Nesses casos, o médico deve ser imediatamente informado.
Confira alguns dos mal-estares que a Ritalina pode ocasionar:
- febre;
- inflamação na garganta;
- alteração dos batimentos cardíacos;
- cefaleia;
- ataques de pânico ou de ansiedade;
- enjoos;
- insônia;
- perda de apetite;
- queda de cabelos;
- espasmos musculares;
- alucinações;
- convulsões;
- dor no peito;
- dor abdominal;
- agitação;
- nervosismo;
- reações alérgicas;
- elevação na pressão arterial;
- tonturas;
- boca seca;
- desmaios;
- sudorese;
- dor nas articulações;
- visão turva.

Ritalina para estudar: funciona?
Depois dos esclarecimentos que pontuamos nessas questões iniciais, acreditamos que ficou bastante claro que, como tratamento para transtornos factuais, a Ritalina representa um importante recurso.
Ainda assim, dados os seus possíveis efeitos colaterais, é sempre necessário pesar prós e contras. A orientação e acompanhamento de um médico qualificado faz toda a diferença nesses casos.
Porém, agora chegamos a um novo ponto da discussão: o uso da Ritalina para fins alheios à sua recomendação.
O debate sobre essa situação é pertinente, pois, buscando “turbinar o cérebro”, muitos estudantes recorrem ao uso do medicamento.
Medicação controlada
Cabe destacar que a Ritalina precisa de receita médica para ser vendida (é um “tarja preta”, como nos referimos a essa categoria de remédios). No entanto, duas circunstâncias colaboram para o fácil acesso a seu consumo:
- É comercializado, ilegalmente, em sites clandestinos.
- Relatando sintomas que façam alusão ao TDAH, pacientes conseguem obter de médicos mais “apressados” um diagnóstico positivo (e equivocado), passando a contar com a receita necessária para compra legal dos comprimidos.
De posse do psicoestimulante, aqueles que precisam estudar, com afinco, para provas de vestibular ou concursos, investem na ingestão dos comprimidos, como se fossem “pílulas de inteligência”.
Mas ela realmente funciona, nessas ocasiões?
Especialistas alertam que, na ausência do TDAH, os efeitos da Ritalina são semelhantes aos placebos. Além disso, a possibilidade de efeitos colaterais graves são muito maiores.
Some a esses fatores o potencial de dependência química e psicológica do fármaco, dada sua ação nos níveis de dopamina e noradrenalina, bem como o caráter de “superpoder” que é atribuído à Ritalina.
Por que, então, ela se tornou tão popular entre concurseiros e vestibulandos, se não desempenha os resultados esperados?
É preciso dizer que, a curto prazo, ela pode, sim, trazer algumas modificações, consideradas desejáveis.
A principal delas diz respeito à inibição do sono. Diante de muitos conteúdos a serem assimilados, é natural que o estudante encare a necessidade de dormir como um empecilho a seus propósitos. Se pode se manter alerta, deixando o dia mais produtivo, por que não aproveitar esse recurso?
Como um dos efeitos da Ritalina é acentuar o estado de vigília, seu uso para este fim parece justificável. Entretanto, o tempo desperto não é sinônimo de qualidade.
Sono vs. saúde física e mental
Dormir bem — e em quantidade de horas suficientes — é fundamental para saúde do corpo e da mente. Após alguns dias dormindo pouco, os sinais de cansaço serão evidentes, perturbando, inclusive, a capacidade de memorização — principal objetivo de quem estuda.
Logo, é preferível beber um bom café, para se manter desperto nas horas oportunas, e respeitar a natureza do organismo, que responde muito melhor quando está descansado.
Já no tocante ao foco, concentração e atenção, também é possível que o estudante que faz uso da Ritalina relate melhorias. Contudo, essa impressão não tarda a se mostrar inverídica.
O sistema nervoso que funciona corretamente não precisa de estímulos extras. Se a química e o equilíbrio se alteram, tal como no uso de drogas como cocaína, ocorrem sintomas de abstinência e necessidade de doses cada vez mais elevadas, para que efeito de “maximização” seja encontrado.
Logo, o que o uso recreativo da Ritalina pode proporcionar é um distúrbio real, sendo que o estado de concentração e memorização normais logo passam a se mostrar falhos.
Ou seja, ao invés de proporcionar uma incrível inteligência, a dependência do fármaco acaba trazendo muitas dificuldades para o intelecto, quando não está sob efeito do remédio, empobrecendo as capacidades cognitivas.
Apoio especializado
O psicólogo pode ajudar em muitos casos, promovendo tratamento superior aos efeitos da Ritalina, especialmente a longo prazo.
Mesmo nas circunstâncias em que a medicação se mostra, de fato, necessária, a psicoterapia é extremamente benéfica, pois auxiliará no processo de autoconhecimento, inclusive no que diz respeito à necessidade de remédios para uma vida melhor. Afinal, nem sempre crianças e adolescentes compreendem de forma positiva o fato de, diferente de seus pares, terem que fazer uso de medicamentos para atingir o bem-estar.

Ou seja, o uso de medicamentos pode ser uma ótima opção, mas o ideal é que esse tratamento seja combinado com o acompanhamento psicológico. Pesquisas comprovam que a combinação de ambos é o que gera maior resultado. A psicoterapia garante um cuidado geral e contínuo para o paciente.
A Vittude é parceira de inúmeros psicólogos especialistas relacionados aos percalços envolvendo tal medicamento, que atendem adultos, adolescentes e crianças.
Quais os motivos que levam executivos a tomar Ritalina?
Executivos formam outro grupo que abusa do metilfenidato. Assim como o Rivotril, a Ritalina conquistou adeptos por “ajudar” a superar transtornos do dia a dia, típicos da rotina de quem vive sob muita pressão.
Enquanto o Rivotril é usado para promover relaxamento, sensação de bem-estar e tranquilidade diante de desafios profissionais, a Ritalina é percebida como a “pílula da produtividade”.
Considerando o que já descrevemos sobre o remédio, você pode imaginar as justificativas que associam a Ritalina ao rendimento superior no trabalho.
Para quem precisa enfrentar o jet lag, comparecer a várias reuniões, redigir relatórios, verificar complexas planilhas… os comprimidos parecem a solução.
Parecem, mas não são. Os mesmos malefícios que listamos ao falar do uso recreativo, por estudantes, estão presentes nessa situação. Tudo leva ao caminho da dependência e de graves prejuízos à saúde.
Quando se alerta para que a busca de maior produtividade se paute por uma rotina de atividades físicas, alimentação balanceada, qualidade de horas de sono e demais bons hábitos, não se trata de uma recomendação superficial.
Pode ser a estratégia mais difícil — quando comprimidos “mágicos” prometem resolver todos os problemas, em poucas horas — mas é a única forma efetiva de proporcionar resultados permanentes e, comprovadamente, verídicos.
Por que a prescrição de Ritalina, para crianças e adolescentes, gera polêmica?
Nas últimas décadas, o número de crianças e adolescentes diagnosticados com TDAH se tornou substancial. Como tal diagnóstico não pode ser feito a partir de exames laboratoriais, mas sim através da interpretação do médico, de acordo com relatos dos pais e do próprio paciente, as conclusões, nem sempre, são acertadas.
A polêmica acontece porque, justamente, tal juízo pode ocasionar a administração de medicamentos desnecessários.
Entende-se que muitas das reclamações dos pais ou da escola não apontam para um transtorno mental e sim para outros fatores, como a personalidade da criança, desinteresse por matérias escolares, ausência de atividades físicas ou mesmo formas de chamar a atenção.
Nada fora do comum — e que poderia ser resolvido com métodos mais simples e saudáveis.
Certamente, qualquer comportamento que alerte para dificuldades ou incoerências, independente da idade, precisa ser investigado. Entretanto, a medicação deve ser o último recurso, não o primeiro. Nem o único.
Artigo revisado em: 12/12/2019
Gostou do artigo? Assine nossa newsletter e receba, em sua caixa de email, notificações sobre nossas publicações!
Você também pode gostar:
Psiquiatra não é coisa de “gente doida”, você sabia? | Vittude
Ansiedade generalizada: você sabe identificar os sintomas físicos?