Ritalina: como ela age no organismo e para que é indicada

A Ritalina é o nome comercial de um medicamento cujo princípio ativo é o cloridrato de metilfenidato. 

Apesar de ser indicada para o tratamento de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e narcolepsia, há pessoas que utilizam a Ritalina com fins inadequados, por exemplo, apenas para aumentar o foco e a concentração.

É importante entender quais são os riscos e efeitos colaterais da Ritalina. Além disso, ter clareza sobre outras formas de complementar tratamentos indo além dos medicamentos, por exemplo, por meio da psicoterapia.

Para entender sobre o assunto e tirar todas as suas dúvidas, continue a leitura deste artigo!

O que é e para que serve a Ritalina?

A Ritalina possui metilfenidato na sua composição, que é um psicoestimulante responsável por aumentar a produção e os níveis de dopamina e noradrenalina. Ou seja: estimula a atividade mental, aumenta o foco e a concentração, além de diminuir a sonolência durante o dia.

Por isso, é muito indicado no tratamento do transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e da narcolepsia.

O TDAH tem causas genéticas, biológicas e ambientais. É comum se manifestar na infância e, de forma geral, se caracteriza por sintomas como desatenção, inquietude motora e impulsividade.

Já a narcolepsia causa sonolência ao longo do dia, episódios de sono inadequados e perda súbita do tônus muscular voluntário.

Quais são os efeitos positivos do medicamento?

Somente um médico psiquiatra pode receitar a Ritalina e, quando utilizada corretamente, proporciona benefícios como:

  • Melhora na concentração;
  • Redução da perda de foco e da fácil distração;
  • Queda da impulsividade;
  • Melhora no desempenho escolar;
  • Maior atenção em atividades cotidianas;
  • Redução da inquietude física e mental;
  • Menor ocorrência de sono em momentos imprevisíveis.

Para quem tem TDAH, a Ritalina, se utilizada na dosagem correta, traz impactos positivos. 

Dependendo do grau do transtorno, a pessoa poderia enfrentar dificuldades para memorizar informações ou instruções recebidas, além de sofrer com a distração em tarefas simples do dia a dia.

Os benefícios são significativos na convivência social, produtividade acadêmica e no trabalho, além de melhorar a autoestima e o bem-estar, pois o indivíduo se sente mais capaz, integrado e confiante.

Quais são as contraindicações?

Há algumas situações em que a Ritalina é contraindicada, mas é sempre importante entender caso a caso com o médico psiquiatra. No geral, o medicamento não é indicado para quem tem:

  • Hipersensibilidade ao metilfenidato ou outros componentes do medicamento;
  • Ansiedade, tensão;
  • Problemas cardíacos;
  • Glaucoma;
  • Tumor da glândula adrenal;
  • Hipertensão;
  • Estreitamento dos vasos sanguíneos;
  • Síndrome de tourette.

Quais são os efeitos colaterais?

Há várias reações adversas que podem se manifestar com o uso da Ritalina. Por mais que, na maioria dos casos, os efeitos sejam passageiros, é importante consultar o médico.

Alguns exemplos dos principais efeitos colaterais são:

  • Febre;
  • Cefaleia;
  • Alteração de batimentos cardíacos;
  • Inflamação na garganta;
  • Ansiedade ou ataques de pânico;
  • Náuseas;
  • Insônia;
  • Perda de apetite;
  • Queda capilar;
  • Espasmos musculares;
  • Convulsões;
  • Alucinações;
  • Dor no peito;
  • Dor abdominal;
  • Agitação;
  • Reações alérgicas;
  • Boca seca;
  • Tontura ou desmaios;
  • Nervosismo;
  • Elevação da pressão arterial;
  • Sudorese;
  • Visão turva;
  • Dores nas articulações.

Os perigos do uso inadequado de Ritalina

Com a popularização da Ritalina, é comum o uso do medicamento de maneira equivocada para fins alheios à sua recomendação.

Isso é comum em situações em que a pessoa precisa focar, seja no trabalho ou nos estudos, e recorre a um psicoestimulante para elevar a sua performance.

Por mais que a Ritalina precise de receita médica para ser vendida, há algumas situações que contribuem para o acesso ao fármaco:

  1. É comercializado, ilegalmente, em sites clandestinos.
  2. Ao relatar sintomas que façam alusão ao TDAH, pacientes conseguem obter de médicos mais “apressados” um diagnóstico positivo (e equivocado), passando a contar com a receita necessária para compra legal dos comprimidos.

Um dos maiores problemas está no descuido no diagnóstico. Em alguns casos, principalmente em relação às crianças, há uma análise estereotipada, que parte do senso comum de que se o indivíduo é inquieto e/ou distraído, tem TDAH. 

No caso das crianças, a impaciência e a falta de atenção nem sempre significam que há um diagnóstico de TDAH. É preciso se lembrar que há uma linha tênue entre um comportamento normal e os sintomas do transtorno.

Nos casos de uso indevido, como a Ritalina funciona no corpo?

Estudos apontam que quando não há TDAH ou narcolepsia, os efeitos do medicamento são parecidos aos placebos, porém, há chances maiores de sofrer com efeitos colaterais graves. Além disso, não podemos nos esquecer do potencial de dependência química e psicológica devido à sua ação nos níveis de noradrenalina e dopamina.

Dito isto, então por que o medicamento se tornou tão popular e utilizado por quem deseja melhorar o seu desempenho, seja nos estudos ou no trabalho?

Provavelmente porque, a curto prazo, a Ritalina traz alguns efeitos desejáveis no corpo, como a inibição do sono. No caso de estudantes ou executivos, por exemplo, pode haver uma necessidade de se manter alerta para tornar o dia mais produtivo.

Em relação ao sono, há muitos perigos, pois uma rotina de sono defasada impacta a saúde do corpo e da mente. Quando uma pessoa dorme pouco por muitos dias seguidos, os sintomas começam a surgir:

  • Cansaço;
  • Baixa imunidade;
  • Redução da capacidade de memorização.

Outro ponto importante é que apesar de, a princípio, os usuários relatarem que o foco e a concentração melhoram com o uso da Ritalina, esse fato logo se torna inverídico.

Isso porque o sistema nervoso que funciona corretamente não precisa de estímulos extras. Caso a química e o equilíbrio se alterem com o uso de drogas ou medicamentos, há sintomas de abstinência e a necessidade de doses cada vez maiores para que o efeito de “maximização” seja encontrado.

Ou seja: ao invés de proporcionar o efeito desejado, a dependência do fármaco acaba gerando dificuldades para o intelecto que, quando não está sob o efeito do mesmo, sofre com o empobrecimento das capacidades cognitivas.

Quais são as alternativas à Ritalina no tratamento de problemas de saúde mental?

É importante sempre se lembrar de que nos casos de diagnósticos corretos de transtornos mentais que precisam da Ritalina para que o paciente tenha qualidade de vida, é recomendado aliar o tratamento a outras iniciativas.

E quando a pessoa estiver utilizando o medicamento incorretamente, também precisa ser instruída sobre as alternativas à Ritalina para tratar problemas de saúde mental. A falta de foco e concentração, por exemplo, pode ter causa em diversas questões que, em alguns casos, melhoram sem o uso do remédio.

O tratamento para TDAH é individualizado e devem ser levados em consideração os prejuízos causados pelo transtorno no dia a dia da pessoa. 

Há casos em que alterações comportamentais e ambientais já geram retorno positivo, porém, alguns pacientes não apresentam melhora apenas com esse tipo de intervenção e o medicamento se demonstra necessário.

Em relação às alternativas à Ritalina, podemos citar algumas linhas terapêuticas não-medicamentosas que costumam ser eficazes:

1. Terapia Cognitivo Comportamental (TCC)

A Terapia Cognitivo Comportamental é uma linha da psicologia que se caracteriza por ter limitação de prazo, estruturação, foco na solução dos problemas e na mudança de comportamentos e pensamentos que apresentem falhas.

A TCC tem como foco mudar os pensamentos e comportamentos que fortalecem os efeitos negativos do transtorno, instruindo técnicas para que o paciente possa conter os principais sintomas. 

Além disso, o processo terapêutico auxilia o indivíduo a lidar com as suas emoções e comorbidades que podem acompanhar o TDAH, como depressão e ansiedade.

2. Brain Fitness – Ginástica cerebral

O condicionamento cerebral, principalmente para crianças, pode ser alcançado por meio de jogos de estratégia, memória e linguagem.

A ginástica cerebral é um ótimo remédio natural para fortalecer a velocidade mental e a atenção, auxiliando no amadurecimento de forma geral e a resiliência diante de frustrações.

O potencial para treinar as funções cerebrais afetadas pelo TDAH é enorme, pois a concentração, a memória de curto prazo e a velocidade de processamento são fortalecidas.

3. Coaching comportamental

Para adultos, o coaching é bastante indicado por se tratar de uma maneira de solucionar problemas de forma colaborativa.

No caso de TDAH, costuma ser indicado quando as maiores necessidades terapêuticas e déficits já foram administrados e superados. Para funcionar, é necessário que o indivíduo tenha uma postura proativa a fim de testar e analisar novas formas de enfrentar as suas dificuldades.

O foco do coaching costuma ser fortalecer o desempenho profissional ou os hábitos. No caso de indivíduos com posições executivas, por exemplo, alguns pontos são fundamentais no dia a dia de trabalho, como atenção,  foco, memória, organização e execução.

4. Hábitos saudáveis para o corpo e a mente

O tratamento do TDAH também passa pela mudança de hábitos e estilo de vida. 

É importante incluir na rotina a prática de exercícios físicos aeróbicos que aumentam a vascularização cerebral e o consumo de alimentos que mantêm o fluxo regular de energia para o cérebro.

A nutrição é um ponto essencial, ou seja, é necessário cuidar da ingestão de alimentos a fim de garantir que o cérebro receba uma boa quantidade de irrigação sanguínea. Isso é importante para evitar altos e baixos metabólicos.

Também podem ser necessários suplementos nutricionais, pois nem sempre é fácil conseguir, apenas por meio da alimentação, todos os nutrientes que são importantes para o funcionamento adequado do cérebro.

Aqui, estamos falando sobre fosfolipídios, vitaminas do complexo B, C e D, antioxidantes, minerais e gorduras saudáveis e aminoácidos precursores. 

5. Estruturação de métodos de organização

Para os adultos que sofrem com a distração e falta de foco e concentração, é importante associar diversos hábitos a fim de cultivar um dia a dia mais saudável e com menos problemas decorrentes desses sintomas.

A principal dica aqui é ter proatividade para criar métodos que ajudem na organização do seu dia a dia. Alguns exemplos:

  • Usar aplicativos para organizar tarefas e compromissos;
  • Fazer listas com o que precisa ser realizado;
  • Fazer planejamentos diários, semanais e mensais a fim de organizar as prioridades;
  • Usar alarmes no celular para se lembrar de compromissos.

É claro que encontrar um processo de organização que funcione para você não é simples, por isso, pode ser necessário contar com o suporte de um mentor de produtividade e gestão de tempo, por exemplo.

Alguém que irá entender as suas dificuldades e te orientar sobre como tornar a sua rotina mais prática, com maior foco e concentração para executar tudo sem procrastinar e se distrair em excesso.

Conte com suporte especializado para cuidar da sua saúde

Com tanta informação disponível na internet sobre TDAH e outros transtornos mentais, é comum as pessoas tirarem conclusões precipitadas em relação aos seus próprios sintomas.

No entanto, nada substitui o suporte de profissionais especializados, como médicos psiquiatras e psicólogos, que são capazes de avaliar cada caso de maneira individualizada.

Caso sinta que está sofrendo prejuízos por conta da desatenção, falta de foco, impulsividade ou outros problemas que teoricamente podem ser tratados com a Ritalina, procure ajuda.

Ao ter um diagnóstico correto, o tratamento será muito mais eficaz. Conte com a medicina e a psicologia para ter mais qualidade de vida e, se tiver interesse em ler mais sobre assuntos relacionados à saúde mental, continue navegando pelo blog da Vittude!

Autor

Bruna Cosenza

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Escritora, produtora de conteúdo freelancer e LinkedIn Top Voice 2019. Autora de "Sentimentos em comum" e "Lola & Benjamin", escreve para inspirar as pessoas a tornarem seus sonhos reais para que tenham uma vida mais significativa.

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Rafael Fernandes
1 ano atrás

Assim como esse cara nos comentários, eu também tenho TDAH, meu déficit de atenção e minha ansiedade são de um grau bem alto, tanto que mesmo tomando Ritalina eu ainda fico bastante inquieto e ao menos tenho a tendência a me lembrar melhor das coisas, mas caso eu me esqueça de tomar o remédio eu fico muito perdido, esqueço o que as pessoas falam pra mim muito rápido e me distraio com tudo. É sério, se você NÃO TEM TDAH, NÃO TOME. Esse remédio é forte pra burro, deixando as pessoas super ligadas, isso pra quem não tem o TDAH,… Read more »

Carol Machado Krzesinski
1 ano atrás

Tomo Ritalina, tenho TDAH, mais déficit do que a hiperatividade na verdade. Digamos que a Ritalina me deixa “normal”. Quem não precisa e toma Ritalina fica em um estado diferente do que eu fico, porque o meu problema é falta de atenção, alienamento, impulsividade. Essas pessoas não têm o que eu tenho, elas conseguem se concentrar, o que elas querem é maximizar isso. Eu nem isso tenho. Minha mente divaga, não consigo entender uma linha do que leio, não presto atenção, entro no carro e quando percebo já estou em frente ao trabalho sem saber como cheguei ali. Já parei… Read more »

Rafaela Lima
2 anos atrás

Quanto tempo antes do vestibular é recomendado começar a tomar a ritalina?

Rodrigo Blank
3 anos atrás

eu tomo lamitor e ele tá aumentando meu peso
vou ver se o bosta do médico passa essa ritalina

Algum Fioravanti
3 anos atrás

Muito boa leitura.
Obrigado, Tatiana!
Acho que, agora, posso ajudar melhor uma amiga.

Artigo publicado em Medicamentos