Há diferenças entre a criança superdotada e a criança inteligente? Sim, mas a linha muitas vezes é tênue.
Todos nós conhecemos nomes de indivíduos da história da humanidade que foram rotulados como gênios. Albert Einstein. Mozart. Marie Curie. Mas o que faz alguém ser considerado inteligente? Ou um gênio? Quais são as características que levam uma pessoa a ser considerada intelectualmente “acima da média”?
Muitos estudiosos se dedicaram a responder essas perguntas. Assim, dezenas de pesquisas científicas relacionam à inteligência ao quociente de inteligência, ou QI, a fatores hereditários, a criatividade e a capacidade de resolver problemas.
Há, ainda, estudos que analisaram as vivências de crianças consideradas mais inteligentes que as demais para identificar se suas experiências na primeira infância corroboraram para a sua inteligência.
As conclusões dessas pesquisas são diversas e abrem espaço para debates mais aprofundados acerca da superdotação e da inteligência.
Pessoas inteligentes normalmente são descritas como indivíduos com vasto conhecimento e habilidades, as quais normalmente são voltadas para o campo das ciências exatas.
O físico alemão Albert Einstein desenvolveu a teoria da relatividade geral, que sustenta a física moderna e a mecânica quântica. Wolfgang Mozart era um prodígio do piano e um competente violinista. Aos cinco anos de idade, já compunha peças musicais. Já Marie Curie foi uma química polonesa, pioneira nos experimentos da radioatividade.
Essas três personalidades são consideradas gênios em diferentes áreas do conhecimento humano. Além desses, existem outros tipos de inteligência, como social, emocional e física, inerentes a todas as pessoas. Porém, em algumas, elas parecem ser mais desenvolvidas.
Sendo assim, a imagem do cientista ou do matemático que faz incessantes experimentos não é mais considerada a referência de genialidade ou alto intelecto.
Para a psicologia, a pessoa inteligente é aquela que possui habilidade de raciocinar, resolver problemas, aprender com as experiências de vida e se adaptar às novas situações. As diferentes capacidades dos seres humanos, segundo o psicólogo britânico Charles Spearman, derivam de um fator de inteligência geral (g).
Ele se relaciona com o pensamento abstrato e implica, sobretudo, nas competências pessoais que corroboram para a absorção do conhecimento e resolução de problemas. O fator de inteligência geral influencia todas as funções cognitivas, como memória, atenção, linguagem, percepção, entre outras.
Dessa maneira, Spearman sugeriu que pessoas que vão muito bem em uma área específica, consequentemente se saem melhores em outras. Por exemplo, um jogador de futebol pode não ser o melhor jogador de vôlei, mas desempenhará melhor que outras pessoas devido à sua alta inteligência física.
A superdotação é caracterizada por uma capacidade mental elevada, a qual garante uma performance acima da média em vários campos da inteligência ou em uma única área. Ela é entendida como um fenômeno natural, inerente ao ser humano superdotado desde o seu nascimento.
Fatores hereditários e ambientais são apontados como colaboradores da superdotação já que uma criança superdotada alcança a excelência com mais facilidade em um ambiente propício para tal. Caso contrário, ela pode ser incentivada a reprimir as suas competências e talentos naturais.
De acordo com o professor da Divisão Pediátrica de Neurologia da Universidade de Medicina da California, Richard Haier, a inteligência é altamente hereditária, mas pode haver centenas de genes envolvidos e cada um contribui com uma pequena quantidade. Segundo ele, os superdotados podem ter mais desses genes do que o restante das pessoas.
O neurocientista Rex Jung da Universidade do Novo México, por outro lado, acredita que o segredo das pessoas superdotadas está na criatividade. Essa competência permite que elas resolvam problemas difíceis e específicos. É a interação entre a inteligência e criatividade que parece formar um gênio.
Já segundo o psicólogo americano Joseph Renzulli, a superdotação pode ser dividida em dois tipos: a acadêmica, considerada a mais fácil de ser identificada por testes de QI, e a produtivo-criativa, caracterizada por uma maior qualidade na produção científica e criativa. A pessoa com essa superdotação é autêntica, inovadora, sensível, comunicadora e líder.
Em síntese, a ciência ainda não está 100% certa da origem da superdotação, mas parece concordar que dois fatores são especialmente importantes: criatividade e genética. Quando associados a um ambiente favorável, a criança tem oportunidade de desenvolver as suas competências e aproveitar ao máximo a sua superdotação.
A criança superdotada pode se submeter a uma avaliação neuropsicológica por meio de testes de QI. Quanto maior é o desempenho avaliado em comparação a média da sua faixa etária, mais inteligente a pessoa é.
Quando o quociente de inteligência é maior que 130, um indivíduo já pode ser considerado superdotado. Já pessoas com QI entre 120 e 129 são consideradas mais inteligentes que a média. Por fim, a média para a população geral é de 100 a 110.
Entretanto, o QI não é o único instrumento de mensuração da inteligência e superdotação. Afinal, como mencionado anteriormente, existem vários tipos de inteligência.
A criatividade e a competência física, por exemplo, são habilidades que não podem ser medidas através desse teste. Ele tem como foco a avaliação do raciocínio e capacidades lógicas e matemáticas.
Para avaliar uma criança superdotada, também é preciso considerar a sua personalidade e demais habilidades.
Apesar de não existir um padrão homogêneo de características de crianças com superdotação, há traços específicos que podem ser identificados em seus comportamentos e personalidades. Elas podem expressar somente algumas características ou muitas delas.
A criança pode enfrentar alguns problemas de socialização por não conseguir se comunicar no mesmo nível que as demais crianças de sua idade. Dessa forma, ela pode acabar ficando mais isolada na escola e em ambientes sociais.
Há estudos que investigam a relação entre a solidão e a superdotação ou inteligência acima da média. Normalmente, esses indivíduos tendem a se afastar de momentos sociais com mais frequência por não se sentirem parte delas.
Além disso, como normalmente conseguem resolver problemas sem ajuda, não há necessariamente uma razão para interagirem com outros com tanta frequência.
A melhor maneira que os pais de crianças com QI acima da média podem ajudar os seus filhos é providenciando um ambiente estimulante. Permitir que tenham acesso a diversas formas de conhecimento conforme o desejo e a necessidade delas é importante para a sua satisfação pessoal.
Todavia, os pais devem evitar despejar expectativas muito altas acerca do seu desempenho intelectual nos filhos. Se agirem com afobação, podem acabar assustando-os ou pressionando-os. Para tentar satisfazer os pais, a criança inteligente ou com superdotação pode levar a si mesma à exaustão.
Deste modo, pais podem inscrever os filhos em escolinhas de habilidade, fornecer equipamentos para aprimorar as suas habilidades, participar de brincadeiras e atividades para compartilhar seu conhecimento e levá-los a museus, zoológicos e ambientes intelectualmente estimulantes.
Devem se lembrar sempre de perguntar à criança se ela realmente quer fazer uma determinada atividade para que ela seja bem aproveitada.
A orientação dos pais ainda é importante, não importa quanto eles acreditem que seu filho/a seja inteligente. Uma criança necessita da instrução dos pais para lidar com frustrações e problemas como qualquer outra da sua faixa etária.
Caso contrário, a sua saúde mental pode ser prejudicada. Com baixa inteligência emocional, a criança não conseguirá manejar as suas emoções e sentimentos no futuro.
Ela pode até sofrer com transtornos debilitantes, como ansiedade, depressão e hiperatividade em uma idade avançada. Além disso, ela pode ter dificuldades para desenvolver as suas competências e atingir o seu potencial máximo.
A terapia pode ajudar tanto os pais a compreenderem as necessidades intelectuais e emocionais das crianças quanto auxiliar as crianças com possíveis problemas de socialização, inseguranças e frustrações.
O psicólogo pode encaminhar as crianças superdotadas a escolas com métodos de ensino mais estimulantes e orientar os professores para não reprimirem a criança por não saberem como lidar com ela.
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