Você sabe o que faz um psicanalista? Sabe aquela cena de uma pessoa deitada em um sofá conversando com um profissional sentado em uma cadeira próxima a sua cabeça em filmes e séries? É assim que funcionam as sessões de psicanálise, mas poucas pessoas sabem disso. O primeiro instinto ao ver esta representação é pensar em um psicólogo.
Bem como o psicólogo e psiquiatra, este profissional cuida da saúde mental dos pacientes. Existe grande confusão, no entanto, em relação ao papel desempenhado por ele especificamente.
Ao ouvir a palavra ‘psicanálise’ muitos logo pensam em Freud, mas não sabem quais são os passos para seguir esta área profissionalmente nem as suas características.
A psicanálise foi desenvolvida por Sigmund Freud no século XIX. Foi criada
justamente porque nem todos os pacientes respondiam aos métodos de tratamento da saúde mental existentes na época.
O conceito principal é o desvendar do inconsciente, o qual Freud acreditava controlar o indivíduo. Logo, manifestações do conteúdo armazenado no inconsciente seriam as causas dos problemas que afligem as pessoas.
Muitos dos estudos de Freud remetiam a acontecimentos da infância. Eles seriam os responsáveis por nossas atitudes incomuns. Outros fatores também influenciam nosso comportamento, como lembranças, desejos reprimidos e impulsos. Como permanecem no inconsciente, somos incapazes de ter uma compreensão completa deles.
A partir daí surge o sofrimento e a necessidade de buscar respostas para se autoconhecer. Pode-se dizer que este método de terapia busca desvendar os mistérios intrínsecos de nosso ser.
O psicanalista, então, tem como principal função nos ajudar a superar traumas, preocupações, medos e dores emocionais conforme a análise do inconsciente.
Já um psicólogo aplica métodos para ajudar o paciente a quebrar ciclos de condutas prejudiciais através da construção de hábitos saudáveis. O trabalho é feito com muita repetição e tentativa e erro até o paciente encontrar a melhor maneira de substituir hábitos desfavoráveis por hábitos mais úteis.
Embora a análise seja parecida com a feita na psicologia, na psicanálise o processo é mais longo. O profissional investiga a mente do paciente à procura de possíveis memórias e sentimentos reprimidos. Um padrão de comportamento negativo pode estar associado a um evento esquecido, por isso, é necessário descobrir o que realmente se passou.
As sessões são geralmente de 50 minutos, realizadas entre três a cinco dias por semana. Durante este tempo, o paciente fala sobre as suas tormentas enquanto o psicanalista toma nota de padrões em seu discurso, linguagem não verbal, esquecimentos e tópicos que despertam desconforto.
Em seguida, o profissional faz uma série de questionamentos para encorajar o paciente a ter consciência de seus sentimentos e compreender ações comandadas pelo inconsciente. Ao longo dos encontros, ele desenvolve a autopercepção, sendo capaz de perceber seus processos mentais com mais clareza.
Não apenas situações, mas relacionamentos também possuem grande impacto em nossa percepção de vida e personalidade.
Podemos carregar sequelas de uma relação prejudicial do passado e, assim, sabotar nossos relacionamentos atuais. Esta pode envolver pais, parentes, amigos, professores e diversas dinâmicas sociais, não apenas parceiros românticos.
No fim do tratamento, o paciente deve ser capaz de lidar com acontecimentos do cotidiano com mais leveza e tranquilidade, sabendo que os aspectos que lhe perturbavam não são mais empecilhos no presente.
Para garantir que o profissional aprofunde-se no inconsciente do paciente, os encontros não possuem muito intervalo entre si. As conexões entre a mente consciente e inconsciente do paciente, neste curto período de separação, continuam frescas para as próximas sessões. Além disso, o paciente pode falar sobre acontecimentos mais recentes do cotidiano, possibilitando um acompanhamento mais vigoroso.
A psicanálise é conhecida como a “terapia da conversa”. Enquanto o paciente permanece deitado falando sobre diversos assuntos, inclusive temas aleatórios que nada tem a ver com seus problemas, o inconsciente se manifesta. Há um distanciamento mínimo do presente enquanto o paciente fala. É nesta pequena brecha que o conteúdo presente no inconsciente consegue chegar à superfície sem repressão.
Por isso, o psicanalista passa a maior parte do tempo ouvindo com atenção. Ele precisa captar todos os detalhes da fala do paciente, inclusive os quase imperceptíveis. Só então ele faz a interpretação do que lhe foi dito.
Há algumas técnicas específicas usadas durante os encontros, as quais foram criadas por Freud e perpetuadas por outros profissionais da área.
A associação livre é utilizada para que o paciente fale a primeira coisa que vier à mente. O profissional lê uma lista de palavras aleatórias e o paciente responde com uma palavra que acredita ser correspondente. Dessa forma, é possível acessar memórias reprimidas.
A interpretação dos sonhos é feita para identificar pensamentos inconscientes. Como o conteúdo dos sonhos quase sempre é de difícil interpretação, o psicanalista procura encontrar símbolos e padrões que façam sentido em meio ao surreal.
Outra prática é a transferência. Neste caso, o paciente transfere os sentimentos que possuía por uma pessoa do passado para outra do presente. Pode até ser feita entre o paciente e o profissional da psicanálise. Cabe a este identificar as características deste processo e quebrar o vínculo entre a memória e o presente.
Por fim, o psicanalista utiliza a técnica da interpretação. Através dela, consegue identificar pedaços importantes de informação que o paciente deixa escapar durante a sessão ao falar sobre assuntos aleatórios. A escolha das palavras e da frase é, então, analisada para desvendar quais sentimentos estão atrelados a elas.
Por exemplo, o paciente pode se referir ao trabalho como “um inferno” em vez de “ruim”, revelando um profundo sentimento negativo relacionado ao ambiente profissional.
São diversos os transtornos mentais e as queixas do paciente em relação à saúde mental passíveis de tratamento por meio da psicanálise, como:
Ou seja, os problemas são os mesmos dos tratados pelo psicólogo e o psiquiatra. A diferença reside na abordagem utilizada.
É possível se tornar um profissional ao completar uma formação em uma instituição reconhecida. Como há diversas linhas da psicanálise, existem diversas instituições. Os cursos geralmente possuem duração de cinco anos.
Durante o período do estudo, são estudados os conceitos teóricos de Freud e de psicanalistas que deram continuidade ao seu trabalho, desenvolvendo outras vertentes.
Fazer análise também é parte do processo de aprendizado para compreender como o relacionamento entre profissional e paciente é desenvolvido. Por fim, chega a hora do estágio supervisionado por psicanalistas mais experientes.
O requisito para iniciar o curso é uma formação na área de ciências humanas, como psicologia, história, letras, sociologia, antropologia, entre outras. O mais recomendado, no entanto, é obter uma formação em psicologia ou medicina.
A Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, por exemplo, exige graduação nesses cursos para iniciar o curso. Pessoas com outras graduações precisam passar por um processo do Conselho Regional para determinar se podem fazer o curso ou não. Existem também instituições que não exigem uma graduação, porém, não são recomendadas.
A qualquer momento!
Pessoas que buscam compreender suas próprias motivações e comportamentos em um nível mais profundo geralmente preferem este método de terapia. Por exemplo, quem procura entender a raiz dos seus dilemas e não apenas as suas manifestações no dia a dia é um bom candidato para a psicanálise.
A psicanálise pode ajudar, principalmente, pacientes que passaram por experiências traumáticas e desejam se afastar do acontecimento através da ressignificação das memórias e emoções.
Quando a abordagem da psicoterapia ou da psiquiatria não é do agrado, é provável que a psicanálise possa satisfazer as necessidades do paciente.
Antes de tudo, é preciso estar ciente que memórias desagradáveis e dolorosas podem vir à tona, causando grande sofrimento. Talvez até os “segredos” familiares não notados pelo paciente enquanto criança, como casos de violência ou de vício na família, possam ressurgir e prejudicar o relacionamento com os familiares.
Por isso, você deve pensar muito em suas razões para procurar a psicanálise antes de iniciar o tratamento. Para tirar suas dúvidas, marque uma consulta para conhecer a psicanálise.
Como qualquer aspecto da vida, existem prós e contas e cabe a você decidir qual método de terapia poderá ajudá-lo a se autoconhecer, tratar transtornos mentais, superar traumas e vencer o medo.
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Embora a psicanálise seja uma das muitas vertentes da psicoterapia, a Vittude trabalha apenas com psicólogos.
Existem dezenas de abordagens e métodos de tratamento desenvolvidos especialmente para tratar determinados transtornos mentais ou descontentamentos, como falta de autoestima ou produtividade. O acompanhamento psicológico é personalizado para um problema específico.
Para saber mais sobre esta área, acesse este link e conheça os nossos psicólogos. Se não se identificou com as características da psicanálise presentes neste artigo, procure experimentar outras psicoterapias!
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