Como vencer o medo de dirigir e tirar o carro da garagem

Comecei a luta pela carteira de habilitação aos 18 anos. Tudo certo até as aulas de direção. Foi aí que a coisa começou a complicar. Queria sempre fazer tudo certinho, mas de repente, o que acontecia? Eu errava!

Esse é o esperado quando você não dirige e está ali para aprender, mas eu tinha dificuldades em aceitar os meus erros e ouvir as críticas do instrutor.

Também sentia medo de tudo: de provocar um acidente, atropelar alguém, atrapalhar o trânsito, perder o controle do carro, fazer baliza com alguém olhando, errar na frente dos outros… Eram 50 minutos no carro com a sensação de que tudo estava fora do meu controle.

Resultado: quatro reprovações

A insegurança que eu sentia nas aulas me deixava com muito medo dos exames do Detran.

Sofria por antecipação e chegava nos testes com as pernas tremendo, mãos suando, boca seca e barriga doendo. Dentro do carro, com os examinadores, começava a taquicardia.

Não conseguia fazer nada direito, mesmo treinando para isso.

Resultado: fiz quatro exames e fui reprovada em todos. O prazo de habilitação venceu e eu precisei decidir se iria começar ou não tudo de novo.

Haja dinheiro, tempo e ânimo para recomeçar. Não quis. Decidi dar um tempo e tirar essa história da cabeça.

Cinco anos depois…

Lá estava eu começando tudo novamente.

Estava disposta a tentar outra vez e agora tinha um baita incentivo: um carro, que ganharia do meu pai se eu finalmente tirasse a carteira.

Um presentão, mas não pude deixar de pensar: “ganho o carro e faço o que com o medo?”.

É que mesmo depois de muitos anos eu ainda associava a ideia de dirigir ao medo, à ansiedade, à preocupação e ao nervosismo.

Queria a carteira, mas não me imaginava dirigindo sozinha.

Sabia teoria e tinha prática, mas aquilo tudo parecia grande demais para mim: caminhão, ônibus, moto, carro, faixa, motorista, trânsito, avenida…

Aí veio a aprovação

Depois de passar por tudo outra vez – exame psicotécnico e psicológico, legislação e umas 40 aulas de direção –  marquei o meu primeiro exame.

Cheguei lá com o mesmo medo de antes e as mesmas manifestações físicas. Mas dessa vez me sentia um pouquinho mais confiante, porque tinha treinado exaustivamente.

Passei de primeira.

“Olha, você cometeu erros, mas vou te dar um voto de confiança. Está aprovada!” – foi o que o examinador me disse.

Nesta hora, até abraço teve! Não me contive e fui abraçá-lo.

Me lembro até hoje da sensação que senti naquele dia, um dos melhores da minha vida. Era uma vitória minha contra mim mesma, e isso significava muito.

Medo de dirigir como tirar o carro da garagem
O medo de dirigir atinge pessoas de todas as idades, mas as mulheres são as que mais sofrem com o problema.

Medo de dirigir? E agora?

Carteira na mão, carro na garagem. Foi assim, rápido.

Em poucos meses estava na concessionária retirando o Celta, meu primeiro carrinho. Mas você acha que saí de lá dirigindo? Nem pensar.

Sequer imaginei essa possibilidade e fui direto para o banco do passageiro.

Pensei: Não é hora de sair dirigindo por aí. O carro não tem seguro.

Realmente faz sentido ter cautela nesta hora, mas eu sabia que, no fundo, no fundo, era medo de sentar naquele banco e ouvir minha voz interior dizer: “agora é com você”!

Agora vou ser mais forte do que minha maior desculpa

Meu pai fez um grande esforço, financeiramente falando, para comprar o carro.

Fez isso para que eu não guardasse a carteira na gaveta e passasse anos sem prática.

E eu queria praticar, mas sabia que, se deixasse, o medo ia me paralisar.

Só que eu já tinha chegado tão longe… Já tinha conseguido a carteira, por que não podia me imaginar dirigindo pra qualquer lugar?

Fiz um acordo comigo mesma de que eu iria aceitar o medo e enfrentá-lo cada dia um pouquinho.

Pequenos passos

Comecei dirigindo sozinha pelo meu bairro, onde fiz as aulas de direção. Conhecia bem as ruas; sabia quais eram movimentadas ou não.

Fui indo, indo, indo e, em pouco tempo, criei coragem para ir dirigindo até o curso de Pós-graduação. Era duas vezes por semana, em outro bairro.

Não me sentia segura e confiante para ir sozinha e pedia para meu então namorado ir junto comigo.

Eu ficava na aula, ele voltava com o carro e depois ia me buscar. Às vezes, ficava lá me esperando.

Em pouco tempo eu já estava indo e voltando da faculdade sozinha. Sentia medo, mas bem menos do que antes. Estava mais fácil do que parecia.

Por outro lado, tinha a consciência de que ainda era cedo demais para dar passos largos. Não quis, por exemplo, ir para o trabalho dirigindo.

A empresa em que eu trabalhava ficava em uma cidade próxima, mas o trajeto seria por uma via expressa bem movimentada.

Pra mim já era um pouquinho demais! Respeitei o meu tempo e continuei indo de ônibus.

Já hoje…

Já perdi as contas de quantas vezes dirigi sozinha naquela mesma via expressa.

A prática ao longo desses sete anos de carteira me fez perder o medo de dirigir.

A terapia (faço desde aquela época) me fez entender o que estava por trás daquele sentimento.

Até hoje, quando estou dirigindo por aí com a maior naturalidade do mundo, essa história me vem à cabeça e me lembra que a gente é sim mais capaz do que imagina!

Mais dicas  

Se você tem medo de dirigir  – também conhecido como amaxofobia – a primeira dica é procurar um psicólogo.

Converse com um profissional sobre o quanto isso te afeta e peça uma orientação dele.

Pode ser que você nem precise de tratamento e/ou acompanhamento profissional e consiga encarar o problema sozinho.

Plataformas como a Vittude podem facilitar a busca por um psicólogo que atenda a requisitos específicos para atender a todos que precisem de acompanhamento. Acesse nosso site e confira você mesmo todas as oportunidades oferecidas!

Nestes casos, a dica é: vá com calma!

Você viu que todo pequeno passo que eu dei foi me dando confiança para dar outro maior?

É assim que eu sugiro que você faça. Comece devagar e encare um obstáculo de cada vez.

Veja as dicas:

– Dirija inicialmente para você. Não queira provar nada para os outros;

– Comece a aproximação com o carro dentro da garagem. Entre, ajuste o banco, sinta a marcha, os freios e os pedais e conheça o espaço interno. Ligue e desligue o veículo. Faça isso diariamente, até se sentir pronto (a) para dar o próximo passo;

– Ainda na garagem, ligue o carro e faça pequenos movimentos para frente e para trás;

– Em uma manhã de domingo, tente sair dirigindo e dar uma voltinha rápida no quarteirão. Escolha uma rua com pouco movimento;

– Da próxima vez, amplie o trajeto. Comece apenas com um ou dois trajetos para evitar a ansiedade. Quando se sentir mais confiante, inicie trajetos maiores;

– Defina metas de 10 lugares onde você gostaria de ir dirigindo. Vá cumprindo uma a uma, no seu tempo;

– Não se assuste com os sintomas de ansiedade que poderão aparecer, como tremedeira, taquicardia e transpiração. Com a prática, a tendência é que eles diminuam;

– Quando se sentir ansioso (a), trabalhe a respiração. Inspire lentamente pelo nariz e expire devagar pela boca;

– Caso se sinta inseguro (a), peça a um amigo ou familiar para ir ao seu lado no banco do carona. Mas chame alguém que vai te ajudar e não atrapalhar.

(Fonte: livro “Vença o Medo de Dirigir”, da psicóloga e especialista em trânsito Neuza Corassa. Editora Gente).

Marcela Machado é jornalista, autora do blog Seja Leve e adepta da terapia há nove anos

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Autor

Tatiana Pimenta

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CEO e Fundadora da Vittude. É apaixonada por psicologia e comportamento humano, sendo grande estudiosa de temas como Psicologia Positiva e os impactos da felicidade na saúde física e mental. Cursou The Science of Happiness pela University of California, Berkeley. É maratonista e praticante de Mindfulness. Encontrou na corrida de rua e na meditação fontes de disciplina, foco, felicidade e produtividade. Você também pode me seguir no Instagram @tatianaacpimenta