Déficit de Atenção: distúrbio ou apenas distração?

Déficit de Atenção é um distúrbio que atinge crianças e adultos, caracterizado primariamente pela falta de concentração em atividades rotineiras e pela impulsividade.

Pode se manisfestar de duas formas: com ou sem hiperatividade. No primeiro caso, chamamos de Distúrbio de Déficit de Atenção (DDA), e no segundo, Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).

Mas, como saber quando uma pessoa é portadora do déficit de atenção ou apenas alguém muito distraído? Como avaliar se uma criança está apenas demonstrando uma agitação natural da idade ou manifestando um transtorno?

Para isso, é preciso conhecer a origem desses distúrbios, suas causas e sintomas. Vamos lá?!

O que é Déficit de Atenção?

Não são raras as vezes em que o portador de déficit de atenção, seja ele criança ou adulto, é visto apenas como uma pessoa distraída, que vive com a cabeça “no mundo da lua”, e não presta atenção à sua volta por mero descuido.

Apesar de o DDA apresentar essa característica da falta de foco e distração, suas causas e, principalmente, suas consequências são bem mais graves.

Os quadros de Distúrbio do Déficit de Atenção são ocasionados por uma disfunção neurológica, que afeta o funcionamento do córtex pré-frontal. Essa é a área do cérebro responsável pela atenção, organização, controle de impulsos e capacidade de expressar sentimentos, entre outras. Tal disfunção se dá, em parte, pela deficiência do neurotransmissor Dopamina.

Em função disso, a pessoa com DDA encontra sérias dificuldades ao buscar de toda maneira, a concentração necessária. Quando o indivíduo tenta excessivamente focar numa tarefa, ao invés de aumentar, a atividade do córtex pré-frontal diminui, piorando o quadro.

Por isso, o diagnóstico deve ser feito de forma precisa, para que o tratamento correto seja iniciado o quanto antes. Esse diagnóstico é clínico, e deve ser obtido em consulta com o neurologista ou psiquiatra. Os exames de imagem não são necessários, a menos que se queira descartar a presença de outras patologias.

Diferença entre DDA e TDAH

A principal diferença entre Distúrbio de Déficit de Atenção e Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade está na última palavra da sigla TDAH. Ambos, na verdade, são transtornos neurobiológicos de origem genética, assim reconhecidos pela Organização Mundial da Saúde – OMS.

O portador de TDAH apresenta desde a infância os sintomas de desatenção, inquietude excessiva e impulsividade. Sintomas estes que o acompanharão por toda a vida. Já a hiperatividade tende a melhorar com o avanço da idade.

Nos casos de DDA, todavia, a inquietude também aparece, assim como as outras características, comuns aos dois casos. Porém, o grau de agitação é menor, e por isso é excluída a hiperatividade.

Alguns profissionais da área utilizam as siglas TDA e TDAH ou DDA e DDAH, mostrando que a principal diferença entre elas está mesmo no H da hiperatividade.

No entanto, observa-se ainda que o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade nasce com o indivíduo, e por isso é sempre mais observado em crianças. Já o DDA pode aparecer apenas na idade adulta.

Principais sintomas de Déficit de Atenção

Os sintomas de déficit de atenção vão muito além da falta de concentração e distração. Pessoas com DDA costumam apresentar com frequência dificuldade de organização (do tempo e do espaço), dificuldade de aprender com os erros, adiamento de tarefas (procrastinação), impulsividade (falar sem pensar e se adiantar nas respostas).

Além desses, alguns comportamentos, quando recorrentes, podem significar a presença do DDA. São eles:

  • dificuldade em ouvir os outros;
  • incapacidade de terminar tarefas e concluir projetos;
  • ausência de objetivos definidos e de planos para o futuro;
  • dificuldade em expressar sentimentos;
  • sensação de tédio e apatia;
  • desmotivação;
  • letargia;
  • sentimento de vazio;
  • dificuldade de ficar parado (desassossego);
  • dificuldade em ficar sentado por longos períodos em que seja necessário;
  • falar excessivamente ou falar pouco;
  • dificuldade em aguardar a vez;
  • intromissão ou interrupção (em conversas alheias, por exemplo).

DDA em crianças e adultos

O déficit de atenção em crianças, geralmente aparece acompanhado da hiperatividade, o que faz com que seja percebido rapidamente, preocupando pais e familiares.

Nos pequenos, o TDAH costuma estar associado à dificuldade de vivência escolar, uma vez que a agitação e desatenção atrapalham a compreensão do conteúdo e interferem no relacionamento com os colegas e professores, e até mesmo com os pais.

Porém, há de se observar com cautela o comportamento da criança, para que a alta carga de energia e as travessuras costumeiras da idade não seja tachadas como hiperatividade, resultando num diagnóstico incorreto e na ingestão desnecessária de medicamentos.

Mas, sobretudo, também é preciso que a criança com TDAH não seja tida apenas como “bagunceira”, “avoada” e “mimada”, negligenciando, assim, o tratamento correto que ela necessita.

Já no caso dos adultos, o Distúrbio do Déficit de Atenção pode se manifestar de forma menos aparente. A hiperatividade não é tão comum na fase adulta, e como citamos anteriormente, quando o TDAH acompanha a pessoa desde a infância, geralmente a hiperatividade se torna amena, e pode até desaparecer com o passar dos anos.

Todavia, os sintomas de distração e os comportamentos já mencionados são extremamente prejudiciais para o indivíduo adulto, que precisa lidar com situações que atrapalham a vida profissional e pessoal, principalmente no que tange à concentração em tarefas, à impulsividade e aos conflitos que a pessoa com DDA costuma buscar.

Tratamento para Déficit de atenção

O déficit de atenção é tratado com o uso de medicamentos com fórmulas que atuam no lugar da dopamina, regulando as atividades do córtex pré-frontal. Dessa maneira se restabelece o foco e a concentração durante o período de ação do medicamento, que costuma variar entre 12 a 24 horas, dependendo do tipo prescrito.

Entretanto, a psicoterapia deve acompanhar o tratamento medicamentoso, formando uma “dupla de ataque” contra os sintomas e comportamentos do transtorno.

Nos casos em que o grau de desatenção e hiperatividade não seja tão elevado, e que não cause tantos prejuízos no cotidiano da pessoa, é possível tratar esse distúrbio através do reconhecimento do problema, com auxílio de terapia cognitivo-comportamental.

Assim, o paciente pode adquirir domínio sobre seus sentimentos e impulsos e a disciplina necessária para gerir os comportamentos prejudiciais à sua rotina.

Remédios para deficit de atenção

As opções de medicamento para DDA e TDAH são bastante variadas. O mais conhecido deles é a Ritalina, amplamente prescito para tratar crianças consideradas hiperativas. A maioria pertence à classe dos estimulantes (anfetaminas), mas existem também os chamados não-estimulantes.

Tais medicamentos possuem potencial de redução da hiperatividade e da impulsividade, melhorando a capacidade de concentração e aprendizado. Além disso, o uso de remédios pode melhorar a coordenação física e motora dos portadores do transtorno.

Respeitadas as doses e recomendações do médico, esses medicamentos são bastante seguros, apresentando poucos efeitos colaterais que, em geral, se apresentam em problemas relacionados ao sono e falta de apetite.

Depois de saber mais sobre o déficit de atenção, que tal aprender um pouco sobre os neurotransmissores? Acesse o artigo e conheça todos os tipos de neurotransmissores e saiba porque eles são importantes para sua saúde!

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Autor

Tatiana Pimenta

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CEO e Fundadora da Vittude. É apaixonada por psicologia e comportamento humano, sendo grande estudiosa de temas como Psicologia Positiva e os impactos da felicidade na saúde física e mental. Cursou The Science of Happiness pela University of California, Berkeley. É maratonista e praticante de Mindfulness. Encontrou na corrida de rua e na meditação fontes de disciplina, foco, felicidade e produtividade. Você também pode me seguir no Instagram @tatianaacpimenta

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Jones Cunha
3 anos atrás

Olá, excelente artigo é de muitíssima importância entender que alguns comportamentos como os citados a cima não frescuras e que podem ser patologias muito sérias que podem desencadear depressão, então o quanto antes buscarmos ajuda melhor será. Muitíssimo obrigado por compartilhar esse conhecimento. Um forte abraço.

Felipe Dias
3 anos atrás

Bom dia Tatiana! Tenho 36 anos e dos treze sintomas que vocês listou, eu convivo com doze. Tenho pesquisado na internet sobre o assunto, até procurei um psiquiatra, que me receitou um remédio antidepressivo, ele até deixou a entender que eu estava atrás da famigerada Ritalina, achei um pouco antiético por não fazer uma anamnese e entender meu caso. Mais uma vez eu comecei algo que não terminei (tratamento), primeiro por entender que o médico não levou a sério meu caso, segundo pela procrastinação que tornou-se minha vida. Já larguei por duas vezes a faculdade e agora com muito esforço… Read more »

guilherme__lima
4 anos atrás

Bom dia, Tatiana. Sou Guilherme Lima, moro em Porto Alegre/RS e tenho 35 anos. Seu artigo é excelente! Parabéns! Permita-me, por gentileza, aproveitar a oportunidade para relatar o que ocorreu (e ainda ocorre) comigo: dos treze principais sintomas de DDA listados nesse artigo eu vivi e ainda vivo com onze! Minha vida mudou no início da adolescência. Tornou-se “bagunçada”. Apesar de estudar em uma boa escola fiz um ensino médio ruim. Eu não tinha perspectivas de futuro. Não tinha planos. Iniciei três cursos superiores e só consegui concluir o terceiro com muito esforço. Tranquei o primeiro após dois semestres e… Read more »

TomFerreiraSBC
4 anos atrás

Também tenho vários problemas parecidos. Mas foi diagnosticado ansiedade.

Camila Rafalski
4 anos atrás

Bom dia Tatiana, gostei muito de sua matéria, e fiquei um pouco surpresa pois tenho vários desses sintomas que citou, estou tentando aprender a meditar, porem ainda não encontrei algo solido de como funciona a meditação, poderia explicar mais como buscou a meditação para sua aliada?

Artigo publicado em Transtornos Mentais e Neurodiversidade