Dispareunia, o termo pode ser um estranho para você. Mas a condição que ele descreve é mais comum do que pode imaginar. Segundo alguns estudos – como o publicado pela revista Menopause, em 2008 – 40% das mulheres sofrem de dispareunia.
Os números são imprecisos, portanto, não nos guiaremos por eles. No entanto, servem como um alerta. Dispareunia é o nome dado ao transtorno, de causas físicas ou psicológicas, caracterizado pela dor genital durante ou após o sexo.
Pode acometer homens e mulheres, embora seja mais comum no segundo grupo. A falta de informação e o pudor quanto ao assunto podem transformar uma atividade, que deveria ser fonte de prazer, em um verdadeiro tormento.
É hora de romper o tabu, não concorda? Neste artigo, vamos esclarecer as principais dúvidas quanto à dispareunia. Afinal, conhecer o problema é a forma mais eficaz de desmistificá-lo. Mas, principalmente, vamos demonstrar que, independente da causa, existe tratamento. Errado, mesmo, é tentar ignorar a dor – ou permitir que ela limite sua qualidade de vida.
Usamos a sensação de dor para definir o indício de dispareunia. Contudo, é importante entender que a dor pode ser relatada de diferentes formas. Ardência e queimação, por exemplo, são modos de interpretar o desconforto.
A intensidade das sensações é igualmente relativa. Pode ser leve, moderada, ou chegar a manifestações agudas, quando a dor é dilacerante.
Outro ponto importante é que, ao falarmos do transtorno, ponderamos casos de incômodos recorrentes – e não episódios únicos, isolados.
Quanto ao foco da dor, mulheres apontam diferentes locais ou situações, tais como:
O distúrbio precisa ser avaliado por médicos, que procederão com os exames necessários para investigar a origem do problema.
A resposta pode ser de fundo emocional, que abordaremos em seguida. Contudo, por vezes, a causa é de ordem física e seu tratamento será compatível com a desordem diagnosticada.
Verifique algumas situações, de caráter orgânico, que podem resultar na dispareunia:
Uma vez constatado que o corpo, sob o ponto de vista físico, está saudável, é hora de averiguar a incidência de fatores psicológicos, que podem inibir a excitação, o relaxamento e a própria lubrificação vaginal.
As circunstâncias emocionais que podem repercutir na atividade sexual são múltiplas, mas existem algumas mais recorrentes. Dentre elas, citamos:
A dispareunia de intróito (vaginismo) é a manifestação mais comum quando a causa da dor tem origens emocionais. Caracteriza-se pela contração da musculatura vaginal, que impede a penetração confortável e prazerosa. Em outras palavras, a tensão causa espasmos involuntários na vagina, fechando-se ao pênis ou qualquer objeto que seja introduzido (inclusive em exames ginecológicos).
Já a dispareunia pós-parto, cujas razões podem ser de ordem física – como a decorrência de procedimentos cirúrgicos (episiotomia) – também pode ter fundo psicológico. Isto porque, depois do parto, dúvidas quanto ao corpo e à própria sexualidade são normais.
Tudo será como antes? Vai doer? O prazer diminuirá? A aparência pós-gestação está atraente? Questionamentos como esses são muito comuns. Somados ao cansaço e mudança de rotina do casal, o momento pós-parto pode, sim, desencadear episódios de dispareunia.
O importante é encontrar naturalidade para lidar com o assunto, conversar com o médico – a fim de obter todas as informações necessárias para afastar medos – e fortalecer a cumplicidade com o parceiro, eliminando inseguranças.
Primeiramente, vale enfatizar que a dor sempre sinaliza que algo não vai bem. Como vimos, ela pode ser o sintoma de alguma doença, que precisa de tratamento oportuno. Ignorar esse aviso pode agravar o quadro e trazer danos irreversíveis.
Todavia, não apenas a saúde física está em risco. Mesmo quando sua origem está nas causas orgânicas, o estado psicológico pode sofrer fortes abalos.
Quando o sexo dói, ele passa a ser rejeitado. Isso empobrece a qualidade de vida e os sentimentos de inadequação, incapacidade e frustração são multiplicados.
Sem dúvidas, impacta também na relação com o parceiro. Com o sexo, busca-se satisfação mútua. E, quando esta não ocorre, o desentendimento avança para outros setores da convivência.
Algumas mulheres, buscando “agradar” seus parceiros, submetem-se ao ato sexual, apesar da dor. A situação, no entanto, tende a ser insustentável – além de ser a escolha equivocada.
Especialmente quando não há abertura para relatar o incômodo, a dor acaba por afastar o casal. O sentimento de culpa pode tomar conta e até inviabilizar relações futuras.
É crucial que o sexo seja percebido como qualquer atividade que, normalmente, possamos praticar. Quando notamos qualquer irregularidade com nosso corpo, o que fazemos? Buscamos ajuda de um profissional da saúde, narramos nossas dificuldades, compartilhamos com quem temos intimidade. O mesmo deve ser feito quando a disfunção está no âmbito sexual. Simples assim!
Dependendo da causa, o tratamento específico será recomendado. Pode envolver fisioterapia pélvica, terapia hormonal, uso de pomadas lubrificantes ou cirurgias, de acordo com o quadro clínico diagnosticado.
Em casos de dispareunia situacional, uma simples adaptação resolve o problema. Posições desagradáveis devem ser evitadas e, com o diálogo, o casal descobre o ritmo que beneficia ambos. O autoconhecimento do corpo e das circunstâncias que são – ou não – excitantes, promovendo relaxamento e lubrificação, também são essenciais.
A orientação para dispareunias ocasionadas por questões psicológicas é a terapia sexual. Ela é conduzida por profissionais especializados, cuja formação em psicologia e sexologia capacita-os para o entendimento profundo de entraves na vida sexual.
Com conhecimento, o sexólogo sabe ouvir, compreender e instruir, colaborando para o entendimento do sexo como parte natural da vida, sobre o qual deveríamos falar sem amarras ou preconceitos.
Dentre os benefícios que a terapia sexual oferece, podemos indicar:
Ou seja, a consulta ao terapeuta sexual é sempre bem-vinda. Mas, em casos de dispareunia, ela representa um recurso especialmente promissor e vantajoso.
Para que as sessões alcancem, ao máximo, seus propósitos, é interessante buscar por um profissional cujo perfil reflita empatia. Uma vez que essa condição é muito particular, cabe ao paciente analisar a compatibilidade entre seu modo de ser e o perfil do sexólogo mais conveniente para promoção de conversas confortáveis.
Não há nenhuma novidade nisso. Pois, quando buscamos um nutricionista, dermatologista, ginecologista… enfim, qualquer especialidade médica, também procuramos por aquele capaz de nos deixar mais à vontade.
Assim como a escolha do profissional, o ambiente de tratamento é igualmente relevante para o progresso e sucesso da terapia. Consultórios que transmitam sensação de aconchego, em endereços oportunos, podem ser excelente soluções. Porém, existe um recurso ainda mais facilitador: a terapia online.
Através de plataformas como a Vittude, é possível agendar e realizar sessões com o sexólogo online de sua escolha, no horário e local mais conveniente. Sigilo e segurança são prioridades nesse modelo de consulta. Toda o sistema da plataforma e a dinâmica das consultas é pensado para garantir privacidade e confidencialidade ao paciente.
As soluções, como você pode concluir, são variadas e se adequam às diferentes necessidades de tratamento. O maior erro em relação à dispareunia é tentar ignorá-la.
Nenhuma mulher deve “acostumar-se” à dor ou guardá-la para si. Percebendo qualquer incômodo, expresse-o a seu parceiro. A sinceridade é importante também nessas horas. O diálogo sempre aproxima e fortalece a relação.
A dispareunia não pode ser resolvida por “conta própria”. Jamais trata-se de aprender a suportar a dor. É imprescindível procurar o médico e eliminar todas as hipóteses de doenças ou problemas outros, que os desconfortos podem sinalizar.
Se descobrir que a dor tem causas psíquicas, vale a mesma recomendação: conte com auxílio profissional. Não há motivo para privar-se do prazer, quando a terapia sexual está acessível para oferecer soluções práticas e transformadoras.
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