Autossabotagem: a inimiga da produtividade e do sucesso

Autossabotagem pode ser definida como sendo uma série de ações involuntárias – destrutivas ou punitivas – que acabamos praticando contra nós mesmos. Ela pode se manifestar tanto na vida pessoal quanto profissional do indivíduo, o que afeta o desenvolvimento das relações e, principalmente, seu crescimento e sucesso na carreira.

E embora seja algo bastante comum, esse comportamento costuma não ser claramente percebido pela maioria das pessoas que se autossabotam.

No entanto, existem sinais que podem ser observados e percebidos facilmente, e que deixam explícita a autossabotagem. Mas antes de falar desses sinais, vamos explicar o que é e como se origina esse comportamento de autopunição inconsciente.

O que é autossabotagem e porque as pessoas se sabotam?

Comportamentos que criam empecilhos e barreiras, nos limitando ou impedindo de chegar a determinado objetivo e de cumprir metas – até mesmo as mais simples, são considerados formas de autossabotagem.

Isso ocorre porque nosso inconsciente age de maneira oposta aos desejos e necessidades reais, que são criadas de forma consciente, por meio de pensamentos negativos que geram atitudes igualmente negativas.

Segundo o psicólogo Stanley Rosner, co-autor do livro O Ciclo da Auto-Sabotagem, “a maioria dos comportamentos autodestrutivos estão fora do domínio da consciência”.

Para Rosner, que também é diretor da Career and Educational Planning Associates (entidade americana que oferece consultoria em planejamento profissional), o sucesso obtido através da independência e da autonomia podem ser apavorantes para alguns de nós.

Mas como explicar esse tipo de sentimento? Porque algumas pessoas, ainda que inconscientemente, acabam agindo contra si?

Estudos da psicologia relacionados ao tema demonstram que a autossabotagem pode ter origem em traumas vividos na infância ou adolescência e, até mesmo, estar relacionada aos traços de personalidade herdados no convívio com as pessoas responsáveis pela nossa criação, sejam eles ou não nossos pais biológicos.

Sabemos que cada pessoa recebe as informações e reage a elas de modo bastante distinto, por isso nem todo mundo sofre influência no campo psicológico. Contudo, indivíduos mais sensíveis se tornam vulneráveis a fatores externos. Isso inclui a comunicação, verbal e não-verbal, com as pessoas mais próximas, principalmente aquelas que são nossas primeiras referências de vida e comportamento.

Ainda que sem querer e sem ter conhecimento sobre as consequências de certos atos, nossos pais, avós, irmãos acabam nos trazendo sentimentos como culpa, abandono, rejeição, fracasso, entre vários outros, que afetam nosso inconsciente e acabam por desencadear a autossabotagem.

Identificando a autossabotagem

A autossabotagem não causa apenas danos no trabalho ou na vida pessoal. Este tipo de comportamento é grave e pode desencadear doenças como ansiedade, depressão, e até problemas físicos como obesidade, diabetes e cardiopatias.

Casos mais extremos de um comportamento autossabotador podem até mesmo fazer com que a pessoa se auto mutile, como forma de punição e impedindo momentos que seriam sinônimo de sucesso e felicidade.

Por isso é fundamental que a pessoa envolvida em algum tipo de crença limitante, que chega ao ponto de influenciar suas decisões e atitudes diante de situações importantes, perceba a gravidade da situação e compreenda que este é um problema que deve ser tratado de forma séria e urgente.

Para isso, é preciso identificar a autossabotagem, e assim, agir de modo a evitar que o problema se agrave e traga ainda mais prejuízo para a vida do autossabotador e das pessoas à sua volta. Portanto devemos estar atentos aos comportamentos negativos recorrentes.

Entre as várias maneiras possíveis de se autossabotar, as mais comuns são:

Além disso, podemos citar outras sensações e sentimentos que caracterizam a autossabotagem. Veja alguns exemplos:

Tentar ser autossuficiente o tempo todo

O autossabotador costuma ter o péssimo hábito de insistir em fazer tudo sozinho e querer dar conta das tarefas, o que acaba sobrecarregando a pessoa e prejudicando seu trabalho.

E para manter um determinado padrão de resultados, o indivíduo se recusa a delegar funções, concentrando todo o trabalho. Logo isso servirá de desculpa para não ter feito tudo dentro do prazo e não ter atingido o resultado esperado.

Medo de errar constante

O medo pode ser nosso maior sabotador, pois nos impede de tomar decisões e ir atrás dos nossos desejos e sonhos até torná-los realidade.

Claro que o medo tem sua função benéfica, pois é devido a ele que evitamos situações de perigo e de riscos reais. Todavia, quando não é bem administrado, o medo em excesso pode ser uma arma poderosa para a autossabotagem, principalmente quando se tratar do medo de errar, que impede que se assuma responsabilidades e tarefas.

Ao deixar de acreditar na própria capacidade, por medo de que não consiga fazer o que lhe foi solicitado,  indivíduo perde oportunidades preciosas de aprendizado e crescimento profissional, o que afeta, inclusive, seu círculo social.

Comparar-se demais aos outros

Ao se comparar demais com os outros, a pessoa passa a desenvolver um sentimento de inferioridade e essa é uma forma bastante eficaz de se sabotar.

Como a vida alheia parece sempre melhor e mais perfeita, tudo que for feito tenderá a ser insuficiente, e esse complexo de inferioridade acabará refletindo na capacidade real do indivíduo de se desenvolver profissionalmente.

Vamos falar de procrastinação?

Como já citamos, a procrastinação é a maior característica da autossabotagem, e por isso vamos falar um pouco mais sobre essa prática.

O cérebro do procrastinador age de forma a desviar sua atenção das tarefas mais importantes, fazendo com que deixe tudo para a última hora. Obviamente, isso atrapalha a produtividade e interfere na vida profissional do indivíduo.

Como consequência desse clássico autossabotador, há um aumento do estresse e da ansiedade pelo fato de ter que fazer mais coisas em menos tempo, e de aumentar as chances de não se atingir os objetivos.

Não é difícil perceber o quanto isso é nocivo, certo? Por isso, ao notar que está procrastinando, é preciso acender o alerta da autossabotagem e tentar reverter esse quadro imediatamente!

Leia o artigo “7 dicas práticas para parar de procrastinar” e veja como é possível mudar esse hábito negativo!

Como deixar de ser seu próprio inimigo?

Existem várias formas de evitar práticas autossabotadoras ou mesmo se livrar da autossabotagem em estágio mais avançado. Para ajudar a resolver esse problema, criamos uma lista de dicas e sugestões que ajudarão no processo de libertação dessas práticas, para que você deixe de agir como seu maior inimigo e passe a se tratar como melhor amigo!

1. Trabalhar a autoestima

Com toda certeza, a autossabotagem está intimamente ligada à baixa autoestima, e por isso é fundamental cuidar desse aspecto, investimento em autoconhecimento e agindo para aumentar seu amor-próprio.

Sabemos que esse assunto pode parecer um tanto quanto clichê, mas mesmo assim não deixa de ser real: você precisa se amar em primeiro lugar! Só assim será possível sentir-se uma pessoa merecedora de sucesso e conquistas, aceitando seu êxito profissional.

2. Fazer terapia

Autossabotador ou não, todo mundo devia fazer terapia, pois é através dela que desenvolvemos a percepção sobre nós mesmo e passamos a atuar como protagonistas da nossa própria história.

Inclusive, a psicoterapia ajudará a desenvolver a autoestima que citamos anteriormente, ao quebrar padrões negativos de comportamento.

Portanto, ao identificar sinais de autossabotagem e perceber os reflexos disso no trabalho, é importante procurar um psicólogo e iniciar um tratamento através da Terapia Cognitivo-comportamental.

Plataformas como a Vittude podem facilitar a busca por um psicólogo que atenda a requisitos específicos para atender a todos que precisem de acompanhamento. Acesse nosso site e confira você mesmo todas as oportunidades oferecidas!

3. Definir metas e traçar estratégias

Ter metas e objetivos claros é importante para superar o comportamento autossabotador, porém também é preciso traçar boas estratégias para superar possíveis obstáculos que venham a surgir.

Uma dica é colocar tudo no papel, considerando sempre o que pode dar errado (de forma realista). Assim será mais fácil visualizar o cenário e ser mais assertivo.

4. Agir com seriedade e responsabilidade

Não importa quais sejam as decisões que você precise tomar, agir com seriedade e empenho diante delas é imprescindível. A vida adulta, principalmente quando falamos de carreira e profissão, precisa ser encarada com responsabilidade e maturidade.

Lembre-se que suas decisões e atitudes quase sempre envolvem outras pessoas que, direta ou indiretamente, podem ser prejudicadas pelo seu comportamento negativo.

Agora que você já sabe como lidar a autossabotagem, que tal assinar nossa newsletter e acompanhar todas as publicações da Vittude?

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Tatiana Pimenta

CEO e Fundadora da Vittude. É apaixonada por psicologia e comportamento humano, sendo grande estudiosa de temas como Psicologia Positiva e os impactos da felicidade na saúde física e mental. Cursou The Science of Happiness pela University of California, Berkeley. É maratonista e praticante de Mindfulness. Encontrou na corrida de rua e na meditação fontes de disciplina, foco, felicidade e produtividade. Você também pode me seguir no Instagram @tatianaacpimenta

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  • No me entorno tem muitas pessoas invejosas. Essa energia negativa é captada por minha mente na forma de cobras, então eu tinha vários pensamentos e sonhos que envolviam cobras. O curioso era uma cobra gigante. Que em terapia descobri que era EU. Durante um tempo eu tinha o pensamento que eu vomitava essa cobra gigante. Cheguei pensar que fosse algo que alguém estava fazendo para mim. Durante muito anos eu lutava nos meus pensamentos por destruir essa cobra... Agora percebi que devido a que essa cobra sou EU, não posso destrui-la, devo transmutá-la... Essa cobra representa autossabotagem. Nenhuma das outras cobras podem me prejudicar de alguma forma significativa, até porque todas elas são muito frustradas e imaturas, apenas estão na condição de cobra porque não conseguem se transmutar e odeiam essa condição, se arrastam porque é o que tem... Estão aí e estarão aí sua existência inteira nessa condição, com o único divertimento de tentar perturbar os outros... Porém, se alguém as ignora, então vão embora tentar perturbar outro... Tentar, porque nem isso conseguem... Já, essa visão de vomitar uma cobra gigante é muito ilustrativa... Que cobra é essa? Uma que foi alimentada com pensamentos negativos, com pensamentos de culpabilidade e com complexos de inferioridade... A começar pelo medo do abandono quando criança, pelo medo de ter que me deparar com situações e responsabilidades que eu não tinha a capacidade emocional, nem física, nem intelectual de processar... Um dos maiores medos que eu tinha quando criança era que meus avós morressem de noite enquanto dormiam e eu tivesse que assumir essa situação... Porque a gente vivia numa zona rural muito afastada, perto de um rio... Mas, além dos medos, eu sim tive que passar por situações de adultos que eu não tinha nas mínimas ferramentas emocionais para superar, por exemplo, passei por abusos sexuais, por uma convivência conflitiva com uma mãe que queria que eu fosse um clone dela e não respeitava minha individualidade. Além disso, minha mãe pretendia que eu fosse sua conselheira e confidente e ficava me contando e chorando para mim por todos os inconvenientes que tinha com meu padrasto. Acredito que essa cobra gigante se alimentou de medos das experiências da minha mãe também... Se juntaram meus medos e meus traumas com os da minha mãe... Por isso é importante não aceitar as contaminações que os outros jogam... A gente até que pode escutar, mas sem se envolver... A questão é que eu era muito criança e minha mãe pretendia que eu me envolvesse emocionalmente e ter em mim um apoio, uma aliada, alguém que estava do seu lado... Qual foi o resultado de minha mãe me envolver nas suas problemáticas emocionais? Que eu tinha medo dos relacionamentos, não queria me casar, não queria ter filhos, queria ficar sozinha etc., Essa cobra nasceu e se alimentou também das conclusões que eu tirava apartir das novelas da TV, dos filmes, das fofocas que escutava dos adultos, dos meus medos e da compulsão alimentar... A compulsão alimentar foi a maior autossabotagem que eu já tive... Mas, o que alimentava a compulsão? O sentimento de culpa por não ser como minha mãe, de não ser e fazer tudo o que as outras pessoas eram e faziam... O sentimento de culpa de ser eu e de não saber quem era... A verdadeira culpa é não saber quem sou e não respeitar EU e ser tão eu mesma como é para ser, ser mais EU a cada momento... Então é assim, uma coisa está conectada com a outra... Tenho que me perguntar: a quem estou alimentando? A autossabotagem? a culpa? A cobra gigante?

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