Quais são os impactos das redes sociais em nossa saúde mental?
16 de outubro de 2020
Tempo de leitura: 9 minutosGraças às redes sociais, nunca estivemos tão conectados.
A vida social cultivada no mundo cibernético difere da vida social do mundo real. Ela é dinâmica, superficial e, por vezes, mentirosa. As fotografias postadas no Instagram e no Facebook geralmente retratam uma realidade diferente – mais alegre, mais satisfatória.
Os internautas já estão demasiadamente apegados às suas vidas virtuais, especialmente os mais jovens. Crianças querem ser youtubers ou instagrammers quando crescerem e jovens passam horas atualizando os seus múltiplos perfis virtuais. A tendência é que esse apego às redes e à internet apenas aumente nos próximos anos.
Essas plataformas podem ser muito bem aproveitadas quando se tem a intenção certa. A influência descontrolada do mundo virtual na realidade de carne e osso, porém, traz inúmeras consequências negativas para a saúde mental.
Redes sociais x Saúde Mental
Um estudo desenvolvido pela Royal Society for Public Health, instituição inglesa voltada para a saúde pública, identificou que as redes sociais provocam tanto efeitos positivos quanto negativos. Os impactos nocivos resultam da má administração da vida online.
Esta, por sua vez, caracteriza-se por uma quantidade excessiva de horas semanais dedicadas às atualizações nas redes, monitoramento à distância da vida de ex-parceiros (falta de controle dos ciúmes) ou de desavenças, necessidade de se autoafirmar através dos perfis virtuais, exposição exagerada da vida pessoal (a qual pode ser perigosa), entre outras.
Já um artigo da The Atlantic afirmou que o uso descontrolado das redes sociais pode estar relacionado ao aumento considerável de depressão e ansiedade no mundo.
A maioria dos adolescentes da nova geração cresceu com acesso à tecnologia. Desde pequenos, já tinham contato com as redes e suas excentricidades.
A sua relação com elas é completamente diferente da dos millennials (geração entre 24 a 39 anos), que pegaram o início da revolução cibernética e do avanço dos smartphones.
Dessa forma, são mais suscetíveis a vivências ruins e aos impactos prejudiciais do excesso de horas dedicadas à socialização virtual.
O mesmo artigo da The Atlantic suspeita que os adolescentes hoje sejam mais emocionalmente vulneráveis devido ao modo de vida e à exposição anormal à internet.
Os mais velhos também são afetados pelo uso contínuo de plataformas/aplicativos como Instagram e Facebook, mas não são tão impressionáveis quanto os jovens.
O uso moderado e consciente das redes sociais não apresenta perigo à saúde mental, mas como dosar a sua utilização quando nossas vidas estão fortemente ligadas a elas?
Impactos do uso das redes sociais
Em meados de 2019, o Instagram, a maior rede social de fotografias do mundo, removeu o número de likes das publicações.
Assim, os usuários deixaram de ver quantos coraçõezinhos uma foto recebeu. Isso aconteceu porque as pessoas davam muito valor à quantidade de curtidas que suas fotografias recebiam e o compartilhamento de fotos facilmente se transformava em uma competição silenciosa pela validação de terceiros.
As fotos da felicidade e das conquistas alheias, as quais geralmente esbanjavam fortuna, estavam afetando a saúde mental dos usuários.
Quem não compartilhava do mesmo estilo de vida afortunado sentia-se mal. Quem não recebia uma quantidade aceitável de curtidas questionava-se sobre o que poderia estar errado com ele. Quem não tinha uma vida tão movimentada se perguntava se estava perdendo os melhores anos de sua existência.
O próprio Instagram reconheceu o problema e tomou uma decisão. Embora a atitude possa ter diminuído um pouco da apreensão cotidiana, diversos impasses emocionais persistem no mundo digital. Vamos vê-los abaixo.
Ansiedade
Nas redes sociais, você pode ter a impressão de que a vida de todo mundo é fantástica, menos a sua. O confronto com a suposta plenitude alheia pode elevar a ansiedade.
Você pode acreditar que está estagnado ou que seus esforços até então foram insuficientes para conquistar a sua vida dos sonhos.
As incessantes notícias negativas e comentários desagradáveis também podem deixá-lo nervoso. O nosso cérebro é incapaz de digerir todas as informações recebidas durante o dia.
Os estímulos ruins, então, se tornam pesos para a mente. Você pode começar a questionar o estado do mundo e da sociedade, ficando ansioso sobre o futuro.
Pressão
A quantidade de informações, pesquisas, artigos, notícias, opiniões e fotos podem mexer com a sua cabeça. A sensação de “preciso ser produtivo” pode passar a permear os seus pensamentos, e pressioná-lo a alcançar os seus objetivos de maneira nada saudável.
Se muitas pessoas já alcançaram o sucesso, por que você ainda não saiu do lugar? Essa cobrança está se tornando cada vez mais comum entre profissionais e estudantes, especialmente os mais jovens. A pressão que você coloca em si mesmo pode levá-lo ao esgotamento.
Sensação de isolamento
Por um lado, o uso das redes pode conectar pessoas das mais variadas origens e personalidades. É mais fácil encontrar indivíduos com interesses idênticos ao seu na internet e construir uma amizade.
No entanto, o excesso de interações virtuais pode aumentar a sensação de solidão, levando-o ao isolamento social.
Você pode se sentir mais amado e aceito em comunidades virtuais e dedicar mais tempo a essas interações. Lembre-se que também é necessário manter bons relacionamentos com as pessoas próximas a você.
Medo de estar perdendo algo nas redes sociais
A expressão em inglês FOMO, ou fear of missing out (medo de perder experiências, em português), é bastante popular por uma razão simples: muitas pessoas a sentem.
Enquanto você observa a vida dos outros decolar através das telas, teme estar perdendo vivências importantes ou não estar aproveitando a fase da vida em que se encontra. Subitamente, a sensação de ainda não ter viajado, festado, amado, trabalhado ou se divertido o suficiente toma conta de você.
Ao notar isso, começa a planejar as próximas aventuras e, muito provavelmente, não terá paz até realizá-las. Essa sensação desagradável, aliada à pressão para viver intensamente, é propícia para o surgimento da depressão.
Busca desenfreada pela perfeição
Da mesma forma que as redes podem colocar uma pressão enorme sobre os seus ombros para se profissionalizar, ganhar dinheiro, realizar sonhos e, basicamente, se tornar a melhor pessoa do mundo, pode coagi-lo a buscar a perfeição.
Essa busca sempre acarreta muito sofrimento para quem decide fazê-la, pois é impossível alcançar o objetivo final.
Sedentarismo ou obsessão com o corpo
Esses dois extremos também podem resultar do mau uso da internet. A tecnologia tende a tornar as pessoas mais estáticas por ser a principal fonte de trabalho e entretenimento, facilmente levando-as ao sedentarismo.
Por outro lado, a busca incessante pelo físico perfeito pode causar distorção da imagem corporal. É comum distúrbios alimentares resultarem da obsessão com a promessa da perda de peso milagrosa.
Hoje, o conteúdo sobre dietas inusitadas é muito popular em diversas plataformas virtuais.
Porém, poucos são os conselhos que consideram o tipo de corpo, metabolismo e histórico de saúde de cada pessoa, bem como o valor nutricional de cada alimento. Para isso, especialistas da área da saúde devem ser consultados.
Raiva
As pessoas tendem a ser ousadas online. Conversas e debates amigáveis à primeira vista podem se tornar agressivos em instantes. O anonimato e a distância encorajam muitos a falar o que não compartilhariam pessoalmente.
Além disso, nas redes encontra-se uma variedade de opiniões e nem todas são agradáveis. Você pode ficar com raiva da forma de expressão de terceiros ou de palavras ofensivas.
Confrontá-los, no entanto, somente criará estresse. Não raro indivíduos acessam a internet para desabafar e não se importam com quem irão ofender.
Depressão
À medida que você prioriza as redes sociais, pode sentir raiva, inadequação, tristeza e frustração frequentemente. No dia a dia, você também pode esbarrar nessas emoções ao interagir com colegas de trabalho, amigos ou parentes. Logo, a sua mente não tem um minuto de descanso da negatividade.
O uso excessivo das redes amplifica emoções de caráter negativo, as quais podem afetar o seu bem-estar emocional e agravar sintomas da depressão, estresse e ansiedade.
Boas práticas do uso das redes sociais
Os perfis que construímos online podem ser usados para fins de entretenimento, informação e descontração, mas não tomar conta da nossa vida. Para evitar os fatores prejudiciais das redes sociais, você deve balancear os momentos dedicados à vida online e a vida real.
Pratique a atenção plena durante as conversas e mantenha o foco somente na pessoa com quem está interagindo, deixando para olhar o celular depois. Em vez de registrar cada momento em dezenas de fotografias e vídeos, tire algumas fotos para guardar a lembrança e aproveite o momento presente.
Quando se sentir sobrecarregado, seja de informações ou de interações, dê um tempo das redes.
Nesse período, priorize atividades que promovam o exercício do corpo e do cérebro e técnicas de relaxamento para renovar os pensamentos.
Por fim, experimente passar o fim de semana inteiro longe do mundo virtual para promover a desintoxicação de estímulos negativos ou intensos. Se você trabalha diretamente com a sua imagem na internet, essa tarefa pode ser mais difícil.
Entretanto, lembre-se de cuidar de você.
Sente que está dependente ou incomodado por causa das redes sociais? Na Vittude você encontra diversos profissionais para ajudá-lo a levar uma vida mais serena e livre de incômodos emocionais oriundos dessas plataformas. Para agendar uma consulta é simples:
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