Bullying e Aceitação – abraçar as diferenças é o que nos une

O bullying é um problema nas escolas e outras instituições por todo o mundo. De acordo com o Centro Nacional de Prevenção do Bullying, um em cada cinco estudantes relata ter sofrido bullying de alguma forma.

O bullying afeta não apenas a vítima, mas também o bullier, conhecido como valentão. Ambas as vítimas de bullying e bullies estão em maior risco de uma série de problemas sociais, acadêmicos e de saúde mental. Além disso, as vítimas de bullying se culpam, que sentem que o bullying é justificado, têm maior probabilidade de enfrentar depressão, desajuste e um ciclo contínuo de ataques morais.

Felizmente, a discussão sobre esses tipos de atitude tem crescido cada vez mais ao redor do mundo. Hoje, já podemos contar com instituições e programas que auxiliam na educação de crianças, adolescentes e adultos contra esses comportamentos. Além disso, temos diversas ferramentas de aceitação pessoal que ajudam cada vítima a compreender que o problema não está nelas, mas na sociedade que nos formou a partir de preconceitos.

O que é bullying?

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O bullying é um padrão distinto de prejudicar e humilhar os outros. Especificamente aqueles que, de alguma forma, são menores, mais fracos, mais jovens ou mais vulneráveis ​​que o valentão. O bullying é uma tentativa deliberada e repetida de causar dano a outros de menor poder. É um estilo comportamental muito durável, em grande parte porque os agressores conseguem o que querem, pelo menos no começo.

Esses valentões são criados pela sociedade, não nascem com ideias preconceituosas. Isso acontece em uma idade precoce. Muitos estudos mostram que os agressores não têm um comportamento pró-social, não são perturbados pela ansiedade e não entendem os sentimentos dos outros. Eles normalmente se vêem bastante positivamente.

O bullying eletrônico, feito por meio de redes sociais e contatos à distância, tornou-se um problema significativo na última década. A onipresença dos dispositivos portáteis e outras plataformas permite que os agressores tenham acesso a suas presas a qualquer momento, e o assédio muitas vezes pode ser realizado anonimamente. E isso não é exclusividade de crianças e adolescentes. Bullies adultos causam sérios problemas nas relações pessoais e no trabalho, por exemplo.

De onde vem o bullying?

Cada vez mais, as crianças estão crescendo sem os tipos de experiências que levam ao desenvolvimento de habilidades sociais. No entanto, é apenas no contato próximo com os colegas que as crianças desenvolvem as habilidades que as tornam propensas a resolver problemas sociais.

Em tudo o que fazemos e em tudo o que dizemos, há muitas camadas de comunicação acontecendo. Nossas ações demonstram mensagens poderosas e são essas mensagens que validam e dão coesão a atitudes sociais e culturais. Mesmo que nossas ações sejam alimentadas pelas melhores intenções, quando as coisas que fazemos demonstram uma aceitabilidade ou não de algo, há sempre uma poderosa mensagem subjacente que está sendo reforçada e afirmada.

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Nos estágios iniciais de crescimento e desenvolvimento, as crianças estão relativamente inconscientes da diferença, a não ser de uma maneira naturalmente curiosa. Nessa idade, a curiosidade ainda não foi manchada por atitudes de preconceito. O destaque é o direcionamento da diferença aparecem mais tarde, à medida que as crianças crescem e abraçam os valores que estão sendo demonstrados a elas. Aprendemos através da experiência e as crianças absorvem mais através da demonstração do que através das mensagens verbais que lhes damos.

Podemos transmitir mensagens verbais aos nossos filhos, podemos dar-lhes bons valores, podemos dizer-lhes que o bullying não é aceitável e que não é bom machucar as pessoas. Mas quando nossas atitudes e nossas ações se adaptam para se encaixar em uma cultura de julgamento e intimidação, então estamos apoiando e conspirando com as mesmas coisas que nos opomos verbalmente. Ao fazê-lo, reforçamos uma sociedade em que a falta de consciência emocional e a falta de empatia é “a norma”.

Aceitação é armadura contra o assédio moral

Se existe uma coisa que uma pessoa que sofre com bullying pode fazer para impedir os valentões é aceitar sua singularidade. Em outras palavras, realmente aceitar quem você é.

Aquela mesma coisa que está fazendo com que as pessoas sejam intimidadas é o que pode parar o bullying. A propriedade das coisas que somos fisicamente e as coisas que somos por dentro, as coisas que os outros não podem ver, é o que impedirá a natureza de um bullier.

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Por que a auto-aceitação funciona? Se as pessoas puderem aprender a aceitar quem são, não importa o que seja, a atitude delas será diferente. Você não poderá fazer, por conta própria, com que outra pessoa deixe para de fazer comentários ofensivos. Entretanto, poderá ter tanta confiança e segurança em quem você é, que não será mais vítima de bullying. Isso pode parecer irreal e um pouco contraditório, mas não é.

Isso não significa que a vítima vai continuar aceitando os maus tratos. Significa que ganhará a confiança necessária para lutar contra esse tipo de comportamento de forma mais incisiva, junto à grupos mais fortes. A luta contra esse tipo de comportamento não termina quando você se defende por conta própria, apenas se fortalece.

Como construir auto-aceitação?

A natureza de um valentão é alguém que assusta e que intimida os outros para se sentir melhor consigo mesmo. Isso pode ser surpreendente, mas o bullier e a vítima podem ser imagens espelhadas um do outro – ambos agindo de um lugar de medo. O valentão procura alguém mais fraco para despejar suas inseguranças e a vítima aceita seu lugar de inferiorização por conta do medo que já possui em si.  

Para vencer esse medo, muitas vezes é preciso uma conversa honesta, discutindo os pontos que os agressores gostam de atingir. Se a pessoa fica intimidada com seu peso, o fato de usar óculos ou talvez um incidente do passado, esses são os pontos sobre os quais será necessário falar.

Discutir tudo abertamente e honestamente ajuda a pessoa a aceitar esse ponto sensível como algo positivo. Praticar linhas como: “Sim, sou baixinho. Sim, eu tenho quatro olhos. Sim, eu sei que passei vergonha em determinada situação. O que há de errado com isso?”

Uma maneira de promover a auto-aceitação nos estudantes é envolvê-los na reflexão sobre suas próprias forças e fraquezas, seus próprios pensamentos, atitudes, caráter. O que torna cada aluno único? Essa auto-reflexão pode ser seguida pelo trabalho para desenvolver seus talentos e dons únicos.

Chegar a um lugar de auto-aceitação provavelmente não acontecerá em apenas uma sessão ou conversa. Na verdade, os adultos muitas vezes lidam com essa questão há anos e alguns ainda estão lutando para aceitar verdadeiramente sua singularidade. Mas saber por onde começar é o primeiro passo para se tornar um indivíduo com uma força interior que os agressores evitam. Algumas atitudes pontuais que ajudam a combater o bullying são:

1. Seja confiante

Os valentões perdem o poder se você não se encolher. No fundo, eles duvidam que merecem o seu respeito. Eles admiram você por falar com autoconfiança. Conquiste-os com seu comportamento forte, firme e cortês sempre que possível.

2. Fique conectado

Os bullies operam fazendo suas vítimas se sentirem sozinhas e impotentes. As vítimas recuperam seu poder quando fazem e mantêm conexões com amigos fiéis e adultos de apoio.

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3. Use uma linguagem simples e sem emoção

Uma resposta assertiva, mas sem emoção, permite que um agressor saiba que a vítima não pretende ser vitimizada. Ele não busca perdão, mas também não percebe a vítima como um desafio.

4. Defina limites

O melhor truque é permanecer educado e profissional enquanto ainda estabelece seus limites com firmeza. Não deixe que o agressor fique sob sua pele, é o que ele quer. Pratique sua resposta para que você esteja preparado na próxima vez que algo acontecer e você possa responder rapidamente sem se emocionar. Mantenha-se simples e direto nas comunicações.

5. Aja de forma rápida e consistente

Quanto mais um bullie tem poder sobre a vítima, mais forte ele fica. Muitas vezes, o bullying começa de forma relativamente branda – xingamentos, provocações ou pequenas agressões físicas. Depois que o valentão testou as águas e confirmou que a vítima não vai contar a um adulto e defender seus direitos, a agressão piora. Por isso, procure pessoas e grupos de apoio o mais rápido possível.

6. Golpeie enquanto o ferro estiver frio

Às vezes tudo que você tem a fazer é esperar um pouco. Em vez de trocar hostilidades, recue para que você não esteja respondendo no calor do momento. Cabeças frias encontram soluções mais facilmente do que as mais quentes. No caso de um bullier usar as mídias sociais para fins negativos, lembre-se de nunca interferir enquanto ele estiver no processo de se destruir. Podemos viver em um mundo totalmente inundado de mídias sociais, mas todas as organizações e pessoas verdadeiramente válidas e profissionais entendem que essa não é a maneira madura de agir em nenhum ambiente. Ainda que seja difícil, a melhor saída é ignorar o comportamento individual e se juntar à luta em movimentos maiores, que buscam pela transformação social como um todo.

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Como as instituições podem ajudar?

As escolas e outras instituições podem tomar medidas para fazer a diferença e diminuir as ocorrências de bullying. Quando os alunos que sofrem bullying têm acesso a adultos ou colegas de apoio, os resultados são positivos. Professores que dedicam tempo para ouvir o aluno que sofreu bullying e acompanham o problema para garantir que o bullying parou, fazem uma diferença positiva.

Além disso, a implementação de um programa de prevenção de bullying na instituição pode reduzir os incidentes de bullying em até 25%. Os programas de prevenção do bullying são especialmente eficazes quando implementados como parte de um esforço maior em toda a escola para melhorar o clima e o comportamento das pessoas.

Por exemplo, a estrutura de Intervenção de Comportamento Positivo e Suporte (PBIS) é uma estrutura de toda a escola para melhorar os comportamentos positivos. O PBIS recomenda que o bullying seja direcionado por meio do ensino a todos os alunos e professores de uma linguagem e estratégia comuns para prevenir o comportamento de bullying. Além disso, estratégias para intervir e responder ao bullying quando isso ocorrer.

Os alunos precisam de um ambiente escolar que apoie a aceitação de outros, o que é um foco de muitos programas anti-bullying e de clima escolar. Quando os alunos têm um senso de autoestima, eles estarão menos propensos a intimidar os outros e menos propensos a sentir os efeitos dos comportamentos de bullying. Assim, ao implementar programas para direcionar o bullying externo, é importante trabalhar simultaneamente para promover a força de combater o bullying e outras atitudes auto-destrutivas dentro de cada pessoa.

Danos psicológicos para vítimas, agressores e testemunhas

Crianças que sofrem bullying podem sofrer com problemas físicos, escolares e mentais negativos. As crianças que sofrem bullying têm maior probabilidade de experimentar:

  • Depressão e ansiedade, sentimentos aumentados de tristeza e solidão, mudanças nos padrões de sono e alimentação e perda de interesse em atividades que costumavam desfrutar. Esses problemas podem persistir até a idade adulta.
  • Queixas de saúde;
  • Diminuição do desempenho acadêmico e piora na participação escolar. Eles são mais propensos a reprovar ou abandonar a escola.

Um número muito pequeno de crianças vítimas de bullying podem desenvolver comportamentos agressivos e tomar medidas extremamente violentas. Em 12 de 15 casos de tiroteios escolares nos anos 90, os atiradores tinham um histórico de sofrer bullying.

Crianças que promovem o bullying

As crianças que intimidam os outros também podem se envolver em comportamentos violentos e de risco na vida adulta. As crianças que intimidam são mais propensas a:

  • Abusar de álcool e outras drogas na adolescência e como adultos;
  • Entrar em brigas, vandalizar propriedades e deixar a escola;
  • Envolver-se em atividade sexual precoce e muitas vezes de risco;
  • Ter convicções criminais e citações de trânsito quando adultos;
  • Ser abusivos em relação a seus parceiros românticos, cônjuges ou filhos quando adultos.

Já as crianças que testemunham o bullying são mais propensas a:

  • Aumentar o uso de tabaco, álcool ou outras drogas;
  • Ter maior potencial para problemas de saúde mental, incluindo depressão, ansiedade, síndrome do pânico, entre outros.

Como um psicólogo pode ajudar?

As vítimas de bullying podem encontrar um ambiente favorável e seguro para lidar com seus sentimentos através da psicoterapia. Ser vítima de bullying pode resultar em emoções difíceis, como raiva, vergonha, ansiedade e isolamento social. A terapia pode ajudar as vítimas de bullying a perceber, compartilhar e processar sentimentos dolorosos. Estes sentimentos, quando deixados desacompanhados, podem afetar negativamente o bem-estar pessoal.

Algumas pessoas que são vítimas de bullying podem internalizar o papel da vítima. Isso pode causar desafios nos relacionamentos e no senso de identidade. Um bom psicólogo pode ajudar uma pessoa a entender melhor como esse papel impacta suas vidas. Além de ensinar habilidades de enfrentamento para avançar, como comunicação assertiva e definição de limites. Algumas vítimas de bullying se beneficiam de grupos de apoio ou terapia de grupo. Neles, as pessoas que sofreram tipos semelhantes de vitimização podem apoiar-se mutuamente na cura.

As pessoas que intimidam os outros também podem se beneficiar da terapia. Entretanto, podem relutar em reconhecer abertamente seu comportamento de intimidação. Na terapia, os agressores podem começar a entender o impacto que seu comportamento prejudicial tem sobre os outros. Além de explorar as razões do por que eles provocam, aprender novas habilidades para comunicar-se positivamente com os outros e abordar experiências pessoais que possam ter contribuído para seu comportamento agressivo. Muitas vezes, os agressores têm ferimentos pessoais não resolvidos. Esses contribuem para o seu comportamento de intimidação. Lidar com essas feridas emocionais ou questões de identidade e sociais com um psicólogo pode ser um passo integral para parar o comportamento de intimidação.

Se você está passando por bullying ou se identificou algum comportamento diferente em seu filho ou pessoas próximas, acione o sinal de alerta. Procure entender o que está acontecendo e recorra à orientação profissional de um psicólogo!

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Autor

Bruna Cosenza

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Escritora, produtora de conteúdo freelancer e LinkedIn Top Voice 2019. Autora de "Sentimentos em comum" e "Lola & Benjamin", escreve para inspirar as pessoas a tornarem seus sonhos reais para que tenham uma vida mais significativa.

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Dark Magic Love Spell
1 ano atrás

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nataniele_rosaa
4 anos atrás

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Artigo publicado em Autocuidado