Melancolia: a tristeza permanente e profunda
26 de março de 2019
Tempo de leitura: 9 minutosMelancolia é uma palavra bastante comum no mundo das artes, um sentimento sempre retratado na música ou na poesia. Talvez por isso, a melancolia possa nos parecer, muitas vezes, como algo distante e irreal.
No entanto, essa tristeza profunda, que difere da depressão, faz parte do mundo real e muitas pessoas passam a vida toda com esse sentimento, sem sequer identificá-lo, quanto mais tratá-lo da forma correta e necessária.
Todavia, a importância do cuidado com a saúde mental tem ganhado cada vez mais destaque, e muitas pessoas estão, finalmente, derrubando mitos em torno das doenças emocionais e despertando a consciência para os tratamentos psicoterapêuticos.
Mas, apesar da abordagem frequente de questões relacionadas à ansiedade, depressão, transtornos compulsivos e déficit de atenção, só para citar os mais comuns, a melancolia ainda é pouco falada, e talvez por isso seja facilmente confundida com outras doenças, ou, até mesmo, menosprezada.
Neste artigo buscaremos desmistificar o que há em torno da melancolia, desde sua origem, e como ela é abordada e tratada pela psicologia, além de apontar os cuidados preventivos e de tratamento desse mal. Siga conosco!
Origem e descoberta da melancolia
Especialistas apontam que os chamados transtornos de humor já são conhecidos há milhares de anos, e as descobertas e estudos acerca desses males, com o passar do tempo e a evolução da ciência, deram origem à denominação de diversas doenças, como a depressão, por exemplo.
Conhecido como “pai da medicina”, Hipócrates, no século IV a.C., denominou o sentimento de tristeza profunda, caracterizado por diversos sintomas como perda do apetite, insônia e desânimo, como melancholia, cujo termo se origina da junção das palavras Melan (negro) e Cholis (bílis), sendo traduzida como “bile negra”.
Assim foram nomeados os quatro humores que constituiriam o corpo humano: bile amarela, bile negra, sangue e fleuma. Contudo, o excesso da bile negra no organismo, segundo Hipócrates, seria o causador da tristeza e da angústia que caracterizam a melancolia.
Por isso, este é um dos termos mais antigos usados na psicologia, e que revela um transtorno do humor que antecede a depressão e a distimia, apresentando algumas peculiaridades e distinções dessas outras duas.
O que dizia Freud sobre a melancolia?
Em seu livro Luto e Melancolia (1917), Freud argumenta que o luto e a melancolia são respostas semelhantes à perda, embora se diferenciem num ponto: ao viver o luto, a pessoa lida com a tristeza de perder um objeto de amor específico, e esse processo ocorre na mente consciente; já na melancolia, a pessoa sofre por uma perda que não consegue compreender ou identificar completamente, o que faz com que esse processo ocorra no seu inconsciente.
Portanto, na medida que o luto é considerado um processo natural e saudável, movido pela perda, a melancolia é considerada patológica, necessitando de abordagem e tratamentos distintos.
Melancolia vs. Tristeza
A melancolia, enquanto emoção, é diferente da tristeza pura e simples e, como um transtorno psicológico, se difere da depressão profunda. Dessa forma, ela tem sua própria natureza singular, caracterizada por uma certa tristeza vaga, uma tristeza inexplicável e tênue, que torna-se desconcertante porque não é possível apontar facilmente uma causa.
Todavia, passar por uma fase melancólica nem sempre é ruim. Em alguns momentos da vida, a introspecção pode contribuir com o aumento da atenção plena, ampliando a consciência sobre o presente. Também pode ajudar um indivíduo a ficar mais intuitivo e empático em relação às outras pessoas. No entanto, a melancolia prolongada pode ter um efeito negativo de grande impacto na saúde mental e física.
O teólogo puritano do século XVII, Richard Baxter, escreveu que “muita tristeza” pode poluir o julgamento de uma pessoa, derrubar o raciocínio lógico e impedir a esperança. E a medicina moderna diz que uma fase de tristeza prolongada pode levar à anedonia, que é a incapacidade de encontrar prazer e, eventualmente, à depressão clínica.
Por conta disso é que a melancolia precisa ser vista com olhares menos românticos e percebida como um problema de saúde mental antes do agravamento do quadro. Veja a seguir quais os principais sintomas.
Tristeza sem fim: os sintomas da melancolia
Como já citamos, o luto, a tristeza e a melancolia tem algo em comum, mas suas raízes são distintas. Os dois primeiros têm seu início marcado por um fato ou situação específicos. Já a melancolia nos parece uma tristeza sem fim, e pior que isso, sem começo.
Mas, embora não seja possível apontar muito bem as causas, os sintomas são facilmente identificados. A melancolia se manifesta como uma apatia generalizada, uma total ausência de ânimo. A inércia e o tédio também são características marcantes de um indivíduo melancólico. Viver na melancolia é como se preencher de um vazio.
O melancólico não se revolta, não se agita externamente, não lida com crises e surtos. Ele apenas se resigna em sua tristeza, sem encontrar um porquê e, tampouco, sem o mínimo desejo de explicar esse sentimento.
Como evitar que a melancolia se aprofunde?
Ao perceber que existe algo de errado com seu estado de humor e que você pode estar se tornando uma pessoa melancólica, seu nível de consciência para o problema lhe permitirá, com um pouco de esforço e iniciativa, tomar atitudes que evitem o agravamento dessa condição.
Para evitar que a melancolia tome conta da sua vida, são necessárias medidas simples, e até bem comuns, das quais muito se tem falado, e que realmente podem beneficiar a saúde física e mental de qualquer pessoa, ainda que com problemas e em condições diferentes.
E quais são essas medidas? Confira a seguir:
Comida saudável
Embora pareça um tanto clichê, tudo começa por uma alimentação saudável, natural e rica em nutrientes essenciais para nosso humor, como vitaminas e minerais. Sabemos que as reações químicas do organismo tem influência direta sobre o nosso emocional, e por isso sempre se deve bater na tecla de que aquilo que comemos e bebemos pode evitar – ou agravar – um problema de saúde mental e emocional.
Corpo em movimento
Outro aspecto bastante importante é quanto à prática de atividades físicas, que todos sabemos ser importante e benéficas, mas que, quase sempre, acabamos ignorando e deixando pra depois, um depois que nunca chega! Se você tem se sentido melancólico, que tal começar já a mexer seu corpo e ver os resultados também na sua mente?
Boas vibrações
Os pensamentos e sentimentos se entrelaçam. E é por isso que se cercar de vibrações positivas é importante para evitar a melancolia. Tente ao máximo se afastar de notícias ruins, de pessoas negativas, tentando elevar seu pensamento para o bem e cultivar a esperança.
Uma boa opção é praticar a meditação. Sabemos que nem sempre é algo fácil, mas vale a tentativa pelo bem da sua saúde mental! Outras terapias alternativas também são bem-vindas, como o Feng Shui, a cromoterapia e a aromaterapia.
Psicoterapia como prevenção
Apesar de ser vista pela maioria das pessoas como um tratamento, a psicoterapia também é uma forma eficaz de prevenção de diversos males, pois estimula o autoconhecimento e descortina muitos aspectos da psique, nos permitindo descobrir as verdadeiras causas dos problemas emocionais.
Se a terapia e o acompanhamento psicológico fossem realizados como uma forma de autocuidado, da mesma forma que cuidamos da nossa beleza externa, ao invés de serem vistos apenas como tratamentos para doenças que já se instalaram, muito sofrimento seria evitado!
Qual o tratamento para a melancolia?
O processo terapêutico, como falamos anteriormente, é, sem dúvidas, uma forma bastante eficaz de prevenir e tratar a melancolia, pois promove o autoconhecimento e o desenvolvimento da capacidade de identificar a origem das questões e os porquês dessa tristeza que é capaz, até mesmo, de ser confundida com um traço da personalidade do indivíduo melancólico.
No entanto, o tratamento também pode passar pelo acompanhamento psiquiátrico e pelo uso de medicamentos, como antidepressivos e inibidores da recaptação de serotonina (IRSNs), por exemplo.
Mas lembre-se: qualquer tratamento deverá ser prescrito por um profissional de saúde, após o diagnóstico correto. Se você suspeita ser portador da melancolia, procure orientação médica e psicológica com profissionais capacitados. O uso de medicamentos pode ser uma ótima opção, mas o ideal é que esse tratamento seja combinado com o acompanhamento psicológico. Pesquisas comprovam que a combinação de ambos é o que gera maior resultado. A psicoterapia garante um cuidado geral e contínuo para o paciente.
Plataformas como a Vittude podem facilitar a busca por um psicólogo que atenda a requisitos específicos para atender a todos que precisem de acompanhamento. Acesse nosso site e confira você mesmo todas as oportunidades oferecidas!
Depois de conhecer um pouco mais sobre a melancolia, que tal assinar nossa newsletter e continuar recebendo os conteúdos da Vittude?
Outros textos que podem te interessar
Fibromialgia: sintomas e sua relação com a depressão
Resiliência: 10 dicas para se tornar uma pessoa mais resiliente